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Há uns anos, no auge das canções de intervenção, Sérgio Godinho cantava assim: “Só há liberdade a sério quando houver a paz, o pão, habitação, saúde, educação”. Daí até aos nossos dias, muito mu-dou, muito melhorou, mas muito continua ainda por fazer para atingir a tal liberdade de que falava o cantautor.
A paz é o que se tem visto, agora com o som das armas a rebentar mais perto de nós, fruto da inva-são da Ucrânia por parte da Rússia, mas com outros conflitos latentes como o da Síria, da República Centro-Africana, do Sudão ou do Iémen.
O pão, um dos alimentos mais antigos e mais consumidos no mundo, possui características únicas do ponto de vista alimentar e nutricional, deveria continuar facilmente acessível, mas, como tantos outros bens essenciais, tem sofrido constantes aumentos de preço, arriscando a tornar-se num pro-duto quase de luxo.
Na saúde, os avanços científicos têm conseguido prolongar o tempo médio de esperança de vida, mas todos os dias somos confrontados com problemas no sistema nacional, ou porque faltam médi-cos, ou porque não há condições para manter em funcionamento as urgências, ou porque cada vez há mais pessoas sem médico de família atribuído.
A educação, pelo menos neste último ano lectivo, terá vivido um dos seus períodos mais conturba-dos, com greves e mais greves, protestos e mais protestos, e com milhares de alunos a perderem até a possibilidade de realizarem os exames, de acordo com o que estava calendarizado.
Finalmente, a habitação. Sabe-se que os mercados se regem pela bitola da oferta e da procura, mas o que estamos a viver no País e na região chega a atingir picos de imoralidade. As acções de despejo estão a aumentar consideravelmente, não apenas porque alguns inquilinos estão a sentir dificuldades em cumprir com o pagamento das rendas, mas porque alguns senhorios parecem embriagados com os sintomas da especulação e pretendem libertar os seus imóveis para os voltar a arrendar pelo do-bro ou o triplo do preço.
