Louriceiras de Santo António, no concelho de Ansião, amanheceu esta quinta-feira entre fumo e cinzas, após horas muito difíceis, com o fogo a ameaçar casas, pessoas e bens.
“Tinha mais de 50 metros de altura”, conta Alice Carrasqueira, que, com a ajuda de familiares e vizinhos, conseguiu defender a habitação, onde as chamas chegaram.
“Tinha ali fardos, tinha ali 25 sacos de farinha, tinha ali betoneiras, tinha ali tanta coisa, nem é bom falar”, aponta. “Um carro, ali adiante, isto é tudo meu. Está tudo ardido, tudo”.
Também várias motas ficaram danificadas. Praticamente sem apoio dos bombeiros, precisaram de recorrer à água de uma pequena piscina para
enfrentarem o incêndio. E Alice Carrasqueira chegou a ser retirada, durante algumas horas, pela GNR, para um ponto mais seguro da aldeia.
Esta manhã, em Louriceiras de Santo António, os moradores faziam contas aos estragos e continuavam com tarefas destinadas a protegerem-se de possíveis reacendimentos.
Logo ao lado, da mesma família, Ermelinda Carrasqueira mostrava um barracão totalmente destruído.
“Tractor, rachador, corta-mato, pneus novos que tinha aqui guardados, máquinas, o que estava aqui ardeu tudo. E os animais”, descreve.
“E sem bombeiros, sem ninguém. Um cunhado meu é que me acudiu, mais um vizinho, com mangueiras, baldes, a apagar com os pés, se não, tinha ido para a casa”, acrescenta.
Faltou electricidade, faltou água. “Eu tinha água no poço, não tinha luz, não podia tirar água”. Salvou-se o cão, apenas. “Tenho uns cinco ou seis terrenos, ardeu-me tudo. Não vou ter uma gotinha de azeite nem lenha para me aquecer no Inverno. É triste”, lamenta.
Também perto, uma serração foi atingida. Esta quinta-feira, o concelho de Ansião continua a ser fustigado pelas chamas.
