Há dois pensamentos que caracterizam os pólos de pensamento criativo. São a inovação incremental e a inovação fracturante.
O pensamento incremental envolve normalmente a evolução de um conceito anterior por via do incremento de uma funcionalidade ou característica nova.
Por exemplo, a Gillete com cinco lâminas é uma inovação face à de quatro lâminas, mesmo que sejam basicamente o mesmo produto.
Este tipo de estratégia de inovação surge sobretudo como forma de potenciar vendas, criando um momento de comunicação novo. São normalmente a aposta segura de quem não arrisca, mas que também não gera nem procura marca pela diferença.
Por outro lado, o pensamento fracturante implica um corte com o dogma vigente. Havendo naturalmente uma avaliação graduada, são estes movimentos que impelem a mudança profunda. No campo da invenção pode dar-se o exemplo do Iphone, da Apple.
São produtos muitas vezes revolucionários, que criam as suas próprias regras impondo a sua identidade.
Apesar disso sofrem do facto de, não havendo referencial à data destas invenções, produtos, o seu sucesso tornar-se difícil de prever, sendo resultado da visão e responsabilidade dos autores a força motriz para que sejam lançados/implementados.
Porém, estes dois casos servem sobretudo como exemplo dos dois extremos, uma vez que é no meio que se encontra a virtude.
Seja porque a inovação incremental [LER_MAIS] não consegue acompanhar as mudanças socioeconómicas cada vez mais rápidas em curso, seja porque a inovação fracturante falha muitas vezes ao lançar propostas que estão desfasadas daquilo que é o contexto presente para onde estas se destinam, as estratégias de inovação que procuram as características positivas dos dois pólos são as que mais sucessos terão.
Por um lado, garantem que indo do ponto A ao B através de incrementos substanciais não ocorre um desfasamento cultural, por outro, que, aplicando uma visão de futuro, a originalidade e identidade não se perdem na urgência de querer agradar.
*Creative Director
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