Um inquérito que Associação Portuguesa dos Industriais de Mármores, Granitos e Ramos Afins (Assimagra) realizou junto dos associados aponta para quebras superiores a 40% da facturação em três meses, num sector que registou 1,2 mil milhões de euros de volume de negócios no ano passado.
Segundo o barómetro, a que responderam 118 das 250 associadas da Assimagra, 40% dos empresários inquiridos indica nas suas perspectivas de negócio para os próximos três meses um quebra de 40%. “Já a seis meses, metade das empresas perspectiva que esta redução se situe entre os 20% a 40%”, aponta Miguel Goulão, citado pela Lusa.
O vice-presidente executivo adianta que a Assimagra irá em breve realizar um novo inquérito e acredita que “a expectativa vai-se degradando ao longo do tempo”.
Segundo a associação, as empresas esperavam algum impacto na tesouraria, sendo que “30% dos associados admite mesmo um decréscimo na liquidez superior a 40%, nos próximos três a seis meses”, em relação a 31 de Janeiro.
De acordo com o vice-presidente da associação, “as empresas estão a recorrer à linha de crédito” de apoio lançada pelo Governo, mas o dinheiro está a demorar a chegar às suas contas.
O responsável da Assimagra aponta o dedo às sociedades de garantia mútua que “não estavam preparadas para a quantidade de processos”, salientando que “a banca até foi rápida” na aprovação das linhas.
“Quem formata estas medidas devia ter estes constrangimentos em mente, não há milagres”, critica, adiantando que aconteceu uma situação semelhante na aprovação do lay-off a que algumas empresas recorreram.
[LER_MAIS]O sector está também preocupado com a revisão dos seguros de crédito, que Miguel Goulão diz estar a acontecer por parte da Cosec – Companhia de Seguro de Créditos, que “resolveu rever todos os seguros de crédito das nossas empresas, pondo em causa aquilo que é a estabilidade de exportação que as empresas têm com os diversos mercados”.
“Por um lado, o Governo está a puxar pela economia, mas pelo outro os instrumentos ao nosso dispor estão a dificultar”, lamenta. Ainda assim, a Assimagra quer apostar em campanhas junto de arquitectos e outros responsáveis na Europa e EUA para mostrar que a capacidade de resposta do sector “não ficou abalada”.
E espera conseguir manter a mão-de-obra até ao fim do ano, ainda que em 2021 haja algumas incógnitas, tendo em conta a possível reavaliação de projectos como hotéis e resorts, que recorrem à pedra ornamental nacional.
O sector conta com perto de 2.100 empresas e emprega directamente 16 mil pessoas, com um impacto indireto em 40 mil postos de trabalho, de acordo com Miguel Goulão.