Pombal quer ser reconhecido como um pólo de inovação verde, através da criação de um território dinâmico, moderno e atractivo para viver, investir e trabalhar, em estreita colaboração entre o município, as empresas, a academia e a comunidade.
A ideia será materializada através do Centro InovImpact, um projecto colaborativo que será financiado maioritariamente pelas empresas, e que pretende associar o concelho à inovação, neutralidade carbónica e sustentabilidade.
A explicação é avançada por Dino Freitas, 40 anos, coordenador de inovação do Município de Pombal, docente da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Politécnico de Leiria, investigador convidado em Singapura e professor da Universidade Estadual de Campina Grande, no Brasil, que está a trabalhar neste projecto há cerca de três anos. Antes de avançar, fez um estudo para avaliar a viabilidade do projecto e consultou a Agência de Inovação e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro.
“O Inovimpact – Centro de Inovação, Conhecimento e Impacto Sustentável vai ser o agente executor da estratégia de desenvolvimento Pombal 2030, que estabelece que o território tem de ser mais competitivo, mais inovador e mais sustentável”, explica Dino Freitas.
Para alcançar esse desígnio, o município tem como parceiros as empresas, a escola profissional e a escola secundária, o Politécnico de Leiria, a Universidade de Coimbra, e a comunidade.
A função do InovImpact passará, assim, por estabelecer uma ponte entre as indústrias do concelho e os estabelecimentos do ensino superior, que procurarão encontrar soluções para os desafios colocados pelas empresas, com base no seu “conhecimento e tecnologia”. “O objectivo final é ajudá-las a inovar, a criar produtos de maior valor e a tornarem-se mais competitivas e sustentáveis”, sublinha.
O coordenador de inovação do município dá como exemplo de projecto colaborativo o InovImpact fazer a ponte entre uma empresa do sector da cerâmica que quer reduzir a factura energética e as emissões, e investigadores que possam desenvolver e testar um processo de cozedura mais eficiente, ou incorporar resíduos como matéria-prima.
Por outro lado, diz que se um empreendedor tiver uma ideia para um novo biomaterial, a partir de resíduos florestais, o centro de inovação pode ajudar a desenvolver e a testar o protótipo.
As parcerias estendem-se não só ao aproveitamento de sinergias, como também à criação de empresas. “O InovImpact funciona como o
motor de I&D da Incubadora Municipal. Ajudamos a nascer as ideias e as tecnologias (pré-incubação), e a incubadora ajuda as empresas, já
com um produto validado, a crescer e a escalar”, refere. “Criamos um ecossistema completo, desde a ideia até ao mercado”, sintetiza.
Quanto ao conceito de “laboratório vivo”, o investigador esclarece que se aplica quando o centro utiliza o próprio concelho como um “laboratório à escala real, para testar, validar e demonstrar novas tecnologias e soluções em ambiente real, acelerando a sua adopção pelo mercado”.
Dino Freitas não tem dúvidas de que o InovImpact permitirá, assim, às empresas inovar com menos risco, ao testar ideias e tecnologias de forma colaborativa, partilhando custos e conhecimento, mas também aceder a financiamento, pois, ao abrir as portas ao conhecimento das instituições do ensino superior, “aumenta drasticamente a capacidade de captar fundos nacionais e europeus para a inovação”.
O impacto do centro de inovação será observado ainda no desenvolvimento de “produtos do futuro”, que respondam às exigências dos mercados, reduzam a pegada de carbono, e sejam feitos com materiais reciclados ou mais eficientes.
A participação da Escola Profissional e Artística de Pombal ou do Politécnico de Leiria permitirá também encontrar “talento qualificado”, ao garantir formação que dê resposta às necessidades da indústria.
A dimensão deste projecto leva o investigador a assegurar que os impactos se sentirão ainda nos cidadãos e na região, através da criação de emprego de qualidade. “O objectivo é criar postos de trabalho mais qualificados e mais bem remunerados, em áreas tecnológicas e de futuro, ajudando a fixar os jovens em Pombal”, concretiza.
Além disso, acredita que ao ajudar as indústrias a serem mais limpas e ao desenvolver soluções para a mobilidade ou para o edificado, o InovImpact estará a contribuir para melhorar o ambiente e a qualidade de vida de todos.
O capital social deste “laboratório vivo” é de 100 mil euros. A participação das empresas e instituições de ensino superior será de 75%, e do município de 25%.
O coordenador de inovação está confiante que o ambiente colaborativo permitirá às indústrias partilhar custos de inovação e desenvolvimento,
através do “efeito de comunidade”. Ao trabalharem em rede, poderão, assim, ter acesso a equipamentos de parceiros.
A formação especializada e a realização de eventos também poderão ser formas de obter receitas.