Na última década, os concelhos de Alvaiázere, Ansião, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande e Porto de Mós foram aqueles que, no distrito, mais poder de compra ganharam. Estão agora mais próximos dos municípios do litoral, mas continuam na cauda do distrito, onde Leiria se mantém como o concelho com maior índice de poder de compra, de acordo com o estudo do INE (Instituto Nacional de Estatística) elaborado com base em dados de 2017, divulgado esta semana.
A capital de distrito repete, assim, a posição de liderança na região que já ocupava nos estudos anteriores, referentes a 2015 e 2013. Marinha Grande e Caldas da Rainha continuam a ocupar os segundo e terceiro lugares no distrito. No pólo oposto, mantêm- -se Alvaiázere e Figueiró dos Vinhos.
Comparando os dados referentes a 2017, divulgados esta terça-feira pelo INE, com os de 2007, verifica-se que o indicador per capita (IpC) do poder de compra sobe nos cinco concelhos do interior, com aumentos a variar entre os 5,7 e os 11 pontos – registados em Castanheira de Pera e Ansião, respectivamente -, ou seja, acima da generalidade das subidas verificadas nos outros municípios da região onde houve melhorias.
Para a antiga coordenadora da Unidade de Missão de Valorização do Interior, Helena Freitas, esta aproximação entre litoral e interior pode ser justificada pela “maior resiliência à crise” dos territórios de baixa densidade, onde, nesses períodos, o poder de compra e “a máquina exportadora existente” assentam mais nos produtos endógenos. Por outro lado, “há perda” noutros concelhos, o que contribui para “encurtar” a distância.
De facto, a comparação entre 2007 e 2017 revela uma descida do índice de poder de compra em cinco municípios da região: Caldas da Rainha, Marinha Grande, Nazaré, Óbidos e Peniche (ver infografia). Por seu lado, além dos concelhos do norte do distrito, houve uma evolução positiva em Alcobaça, Batalha, Bombarral, Leiria, Pombal, Ourém e Porto de Mós. Este último foi, aliás, aquele que registou a maior subida, com o IpC a crescer 12,3 pontos numa década.
Os números
16
é o número de vaiáveis tidas em conta no cálculo índice de poder de compra per capita
Olhando para os dados do último estudo sobre o poder de compra concelhio, agora divulgado e referente a 2017, estes indicam que Leiria é o único concelho da região (distrito e concelho de Ourém) que regista um indicador (103,43) acima da média nacional (100), encontrando-se, assim, no grupo de 32 dos 308 municípios portugueses que estão nessa situação. No entanto, olhando para os dados das 18 capitais de distrito, Leiria surge apenas na 11.ª posição, atrás de municípios como Aveiro, Coimbra, Braga, Évora e Beja. No topo, surgem, sem surpresa, Lisboa e Porto, com a capital portuguesa a apresentar um valor que mais do duplica a média nacional, com um IpC de 219.
A comparação dos dados do estudo mais recente com o anterior revelam que, entre 2015 e 2017, houve uma quebra ligeira no poder de compra na maioria dos concelhos da região. Ansião, Alcobaça, Batalha, Bombarral, Leiria e Ourém foram as excepções, com aumentos, também eles ligeiros.
A nível nacional, o último estudo do INE destaca o facto de as duas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto concentrarem, em 2017, mais de metade (51,6%) do poder de compra manifestado no território nacional e de, entre os 308 municípios portugueses, haver 149 (48% do número total) que, nesse ano, tinham valores de IpC inferiores a 75.
O estudo sobre o poder de compra concelhio é calculado a partir de 16 variáveis, avaliando indicadores como o vencimento salarial, contratos imobiliários, número de automóveis, valor das operações de pagamento e de levantamento através de multibanco e crédito concedido para habitação. São ainda tidos em consideração impostos como o IMI, IMT ou IRS.