Quase 820 milhões de euros é o valor do investimento que a Madoqua Synthetic Fuels se propõe a fazer nas fábricas de cimentos da Secil na Maceira (Leiria) e em Pataias (Alcobaça) para a produção de hidrogénio e metanol verdes, criando 245 postos de trabalho directos e 750 indirectos até ao final de 2028.
A intenção de investimento foi revelada na última reunião de Câmara de Leiria, realizada na semana passada, onde o executivo deliberou “nada ter a opor” que o projecto seja reconhecido como de Potencial Interesse Nacional (PIN).
De acordo com a informação constante da deliberação, o projecto, denominado por MDQ Synfuels, envolve a parceria da Secil e preconiza a “descarbonização a 100% da indústria cimenteira”.
Em cima da mesa, está a produção de hidrogénio verde, “a partir da eletrólise da água, e de e-Metanol renovável (designado também de e-MeOH), através do processo de hidrogenação directa do dióxido de carbono (CO2) ou através da redução parcial de CO2”.
Segundo informação disponibilizada pelo promotor, explanada na deliberação camarária, essa produção implicará a utilização de água residual tratada, “proveniente da ETAR do Coimbrão, bem como a incorporação de dióxido de carbono “proveniente dos gases de combustão das fábricas de cimento da Secil na Maceira e em Pataias”.
“O projecto visa, assim, a implementação da primeira instalação de e-MeOH renovável em grande escala na Europa, focada na descarbonização do processo da indústria de cimento”, pode ler-se naquela informação, que explica que o metanol “pode servir como transportador de energia à base de hidrogénio, como combustível e como matéria-prima para as indústrias química e petroquímica”.
De acordo com os dados disponíveis, a captura e armazenamento de CO2 será feita na cimenteira da Maceira, enquanto na fábrica de Pataias funcionará a produção e armazenamento de hidrogénio e de metanol. Este, será transportado “através de uma ligação ferroviária dedicada, para exportação ou consumo interno, através do porto de Aveiro ou de Sines”.
Apesar de o processo estar ainda numa fase “muito embrionária”, o vereador Ricardo Santos acredita que será um projecto “muito importante, não para Leiria ou para o concelho, mas para o País”. Por seu lado, Álvaro Madureira, da bancada da oposição, diz ter “dúvidas” em relação a algumas das soluções apresentadas, como o recurso a água tratada da ETAR do Coimbrão, devido aos impactos da transporte dessa água.