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Home Opinião

Irresistível Inoculação

António Ginja, arqueólogo e historiador da arte por António Ginja, arqueólogo e historiador da arte
Fevereiro 9, 2021
em Opinião
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Era tão adoçado quanto majestoso, o navio. O enorme casco todo revestido a caramelo, resplandecendo sob a intensa luz do sol. As velas de algodão doce
inchadas à suave brisa da tarde. A âncora de chocolate maciço, o mastro de alcaçuz lustroso, a bandeira de gelatina e de mel, adejando gentilmente no alto.

Navegava naquelas águas paradas havia uma eternidade, à deriva sobre o gigantesco oceano a que chamam Desespero, indo de nenhures para lado algum. Não sabia de onde vinha ou para onde se dirigir. Não tinha origem nem destino.

Transportava toda a criançada do mundo, alegre canalha que ria e brincava, gozando despreocupadamente os dias da sua inocência. Flutuavam em segurança sobre
aquelas sinistras águas, livres de qualquer inquietação, livres para todos os sonhos.

Um dia o mais traquinas provou uma escotilha de geleia e viu que era doce.

Guardou o segredo, mas lá foi satisfazendo a sua gula. A proa sabia-lhe a gelado de baunilha, o convés a natas batidas com calda de morango. O navio era tão docinho, tão irresistível.

Ricardo Graça 

Contou aos amigos. Primeiro a um, depois a outro. Formou-se uma quadrilha de pequenos glutões, sorvendo às escondidas as açucaradas partes do navio, incapazes de resistir à tentação de tirar para si o que a todos pertencia. Era apenas um pedacinho para cada um, uma parte tão pequenina… Que mal poderia haver?

Quiseram provar a quilha. Era toda de massapão, tão aromático que lhes deu água na boca. Distribuíram entre si um pedaço pequenino. Era tão bom! Derretia-se na boca com uma explosão de doçura e de alegria. Não resistiram a comer um pouquinho mais, e depois, só mais um bocadinho. Mais um pedaço, o último, pequenino, quase nada.

Quando deram por ela, tinham aberto um rombo no casco. O navio meteu água. Era fria, suja e malcheirosa. Fugiram dali a sete pés, mas a água inundou o porão em menos de nada. O navio adornou. A criançada, em pânico, atirou-se ao mar. Não sabiam nadar naquelas águas do Desespero. Afogavam-se. Agarraram-se aflitas ao navio que se afundava. Estavam perdidas. O navio desapareceu, submergindo em último a popa onde se lia o nome Esperança. Era o fim.

Quando alguns não resistem a devorar o que é de todos, é o desespero que a todos afoga a esperança.

Etiquetas: António GinjaViver
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