Chegam empunhando, orgulhosamente, a bandeira da Guatemala. A servir-lhes de cicerone está uma voluntária do Santuário de Fátima que encontraram junto à Basílica da Santíssima Trindade e que os guiou até à Aldeia Jovem. Fredy Contreras, José Pablo e Marco Túlio integram um grupo de 52 jovens oriundos da Guatemala, que estiveram entre os 137 peregrinos que, esta segunda-feira, estrearam aquele espaço de pernoita, criado pelo Santuário para acolher os participantes na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que aproveitam a ocasião para visitar a Cova da Iria, onde o Papa Francisco estará no dia 5 de Agosto.
“Não podíamos vir a Portugal sem visitar Fátima”, afirma Fredy, de 32 anos, que participa, pela quinta vez, numa JMJ. Antes, esteve em Sidney (Austrália), Madrid (Espanha), Cracóvia (Polónia) e no Panamá. Lisboa será a última, assume o estudante, que se posiciona à entrada do recinto da Aldeia Jovem a orientar o grupo para a zona de inscrição.
O objectivo é conseguirem concluir o processo a tempo de assistirem à missa em espanhol, que começará dentro de uma hora na Capelinha das Aparições. Na curta visita à Cova da Iria – a partida para Évora, onde se encontra alojado, estava marcada para a manhã seguinte – o grupo da Guatemala tencionava ainda assistir à procissão das velas. “É o que mais desejo. Vemos na televisão e é sempre emocionante”, partilha José Pablo, de 25 anos, contando que chegaram a Portugal no passado dia 20 e que partirão após o encerramento da JMJ.
“Poder estar com jovens de países e culturas tão diferentes em comunhão com o Papa Francisco será inesquecível”, antevê Fredy Contreras, maestro e estudante universitário, que espera que esta experiência lhe traga também alguma “luz” sobre o seu futuro.
O mesmo desejo é partilhado por Sidonie Triboulet, jovem francesa que o JORNAL DE LEIRIA encontrou já instalada numa das tendas da Aldeia Jovem. Está acompanhada por 18 colegas e por um padre. Foram dos primeiros a chegar ao espaço, que lhes serviu para passar a noite, enquanto se preparavam para mais uma etapa do caminho português de Santiago Compostela.
“Está a ser incrível”, diz Sidonie, que visita Fátima pela primeira vez. “É um lugar de fé e, para os crentes, um local super-importante”, justifica, revelando que esta é também a sua estreia numa JMJ. “O que espero? Que sirva para me iluminar sobre as minhas escolhas de futuro, para que faça boas opções”, confessa a estudante, que acredita que o convívio com gente de diferentes latitudes e culturas trará enriquecimento. Será, espera, uma experiência de “auto-conhecimento”, mas também de fé e, claro, de “festa”.
Dos 100 metros à maratona
Composta por 18 tendas, 17 das quais cedidas e montadas pelo Exército, a área de acantonamento da Aldeia Jovem tem capacidade para de 500 jovens em permanência. O serviço é gratuito e funciona sem pré-reserva.
“A inscrição faz-se na hora, por ordem de chegada, e de forma individual” e, “por princípio, será apenas por uma noite, para que possamos chegar ao maior número de pessoas”, explica André Pereira, director do Departamento de Acolhimento e Pastoral do Santuário.
A Aldeia Jovem dispõe também de área para refeições, que funcionará à base de máquinas de vending e que estará aberta 24 horas por dia. A algumas centenas de metros, junto à Avenida João XXIII, haverá uma área com 25 mil metros quadrados para acampamento.
Tudo pensado para “reforçar” o acolhimento e alojamento aos jovens peregrinos, com uma resposta que estará no terreno até ao dia 15 de Agosto, contando com a ajuda de voluntários que apoiam na gestão do espaço e na admissão dos utilizadores. “Estamos habituados a fazer corridas de 100 metros [as grandes peregrinações]. Agora, temos uma maratona pela frente”, antevê André Pereira.