Cresceram nas equipas mistas da formação com o sonho de conquistar títulos pelo emblema do coração. Acabaram por ir estudar para fora e voaram para os grandes clubes, mas guardaram a ambição de festejar pelo clube de casa. E agora voltaram. Cinco anos após ter terminado, a histórica equipa feminina sénior do Hóquei Clube de Turquel está de volta com a garra das atletas da formação e as saudades das jogadoras que estavam fora.
Rute e Rita Lopes, de 28 anos, são irmãos gémeas da terra que tiveram formação no clube, passaram pelo Benfica e agora regressam do Sporting para lutar pelo brasão que faz vibrar com a ‘Aldeia do Hóquei’, no concelho de Alcobaça.
De regresso está também Cláudia Vicente, de 23 anos, que nos últimos anos representou o clube leonino e já conta com 33 jogos ao serviço da Selecção Nacional.
À experiência destas junta-se a vontade de jogar de atletas que têm estado mais afastadas dos campos e ainda a ambição de crescer das mais novas que estão nos últimos escalões da formação.
“Jogar em Turquel com uma equipa feminina é o que eu sempre quis, é um sonho tornado realidade”, confidencia Leonor Colho, de 16 anos.
Sempre treinou com os rapazes e na última época estreou-se em equipas femininas com a selecção distrital e as encarnadas. Feliz por poder continuar no clube que a tem visto crescer, garante que o futuro só pode ser risonho.
“Está a correr muito bem, gostamos muito umas das outras, o ambiente no balneário é excelente, a nossa paixão é jogar e isso traduz-se tudo dentro de campo”, atira.
A felicidade, garante o treinador, é transversal à equipa técnica, dirigentes e até adeptos.
“É um motivo de satisfação e orgulho enorme para todos nós, os adeptos têm muito carinho pela equipa e ficamos felizes com o regresso das meninas”, afirma quem viu nascer a secção feminina há cerca de 25 anos, à boleia do fim da patinagem artística do clube.
Com cerca de quatro décadas dedicadas ao emblema, primeiro como atleta e depois como treinador, Nelson Lourenço admite que “o plantel é curto e com muita diferença de idades e experiência”, não esconde que é preciso “gerir muito bem as jogadoras”, mas entusiasma-se ao falar do que move as gentes e os atletas de Turquel.
“A nossa maior força, acima de tudo, é adorar o clube, sermos apaixonados por hóquei e termos ambição. Pouca gente acredita quando olha para as nossas equipas, mas, por norma, temos conseguido superar porque a qualidade técnica e a personalidade dos atletas, aliado ao que sentem pelo clube e pela modalidade, faz com que se esforcem”, conta-nos, sem descurar o “orgulho” que sente por ver “um clube tão pequenino, onde muitas vezes os melhores atletas são recrutados pelos grandes, a conseguir estar nos nacionais e em fases finais”.
Para o presidente do Hóquei Clube de Turquel, as conquistas da nova equipa também vão além do palmarés.
“O nosso objectivo é dar continuidade ao projecto da formação, mostrar-lhes que podem chegar lá, continuar o seu trabalho e ter uma equipa competitiva. Vamos lutar por tudo o que pudermos mas não estamos obcecados com os títulos porque não é o principal”, confidencia Paulo Bertólo, assumidamente feliz com esta aposta.
A duas jornadas da série de campeão
A disputar a zona sul do Campeonato Nacional Feminino de hóquei em patins, o Hóquei Clube de Turquel conta para já com seis vitórias, uma derrota e um empate em oito jornadas.
Com o maior registo de golos da série, a única equipa do distrito em competição está a guerrear pela vitória directamente com Benfica, Sporting, Massamá, Campo de Ourique e Odivelas.
A fase de campeão está apenas à distância de duas jornadas, que se realizam hoje e domingo, contra Campo de Ourique e Massamá, respectivamente.
“São sempre jogos difíceis: o primeiro é um adversário que tem qualidade mas tem feito um campeonato aquém das suas expectativas; o outro está na luta directa connosco e vamos a casa deles, portanto é um mata-mata”, afirma o treinador.
“A um pequeno passo” de estar na disputa pelo título de campeão, Nelson Lourenço recusa festejar antes do tempo e admite que pretende “melhorar e conseguir outras capacidades para discutir a fase final”.