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Jorge Carvalho da Silva: “Faz parte da cultura portuguesa arriscar e, depois, desenrascar”

admin por admin
Maio 8, 2025
em Entrevista
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Jorge Carvalho da Silva: “Faz parte da cultura portuguesa arriscar e, depois, desenrascar”
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Tivemos sorte em o apagão de segunda-feira da semana passada ter acontecido na Primavera e num dia de sol?
O apagão foi um desligar da rede que aconteceu às 11:33 horas da manhã. Ser num dia menos chuvoso ou mais chuvoso, é irrelevante, porque as pessoas fariam o mesmo, em função daquilo que foi o acontecimento, isto é telefonaram umas para as outras a tentar perceber se tinham electricidade e aperceberam-se pelas redes sociais que fora um apagão geral. Foi assim que muitos ficaram a saber da situação. O problema não é a questão de ser um dia de Inverno ou de Verão. Se o apagão ocorresse por volta das 18 horas e percorresse a noite toda, a situação seria bem mais difícil. Com um apagão ao final de tarde, entrávamos, noite adentro sem luz e sei que houve pequenos supermercados onde os proprietários estavam a preparar-se para passar a noite lá dentro, com medo de serem assaltados. Se estivesse um dia daqueles de Inverno a chover e com vento, seria muito complicado dar conta de ocorrências de mau tempo.

Critica-se a lentidão de reacção no fornecimento de informação à população sobre o que se estava a passar. Qual é a sua avaliação?
É fulcral que, quem decide, tenha de saber que as antenas de telemóvel em cima dos prédios, que são urbanas e de retransmissão, têm uma autonomia de duas horas. Após esse período, começam, lentamente a decair. Já as antenas periurbanas, que, fora das cidades cobrem zonas de deslocação de grande dimensão, no caso de serem 5G, têm seis horas de autonomia, e 12, para cobertura GSM – chamadas móveis e SMS. Mas, na semana passada, em função da falta de electricidade e de não se ter muita informação através de um canal 100% credível, houve muitas chamadas para os filhos, para os primos ou para o tio ou neto e isto levou a um excesso de comunicações para se tentar perceber o que se passava. Em resultado, acelerou-se o desgaste da autonomia das antenas retransmissoras, porque o volume de chamadas foi muito maior do que o normal. Começámos a sentir a quebra efectiva nas comunicações pelas 17:30 ou 18 horas. Eu, que só tenho um número para ligar de volta, quando me ligavam, desligava a chamada e mandava SMS. Fiz uma gestão mais criteriosa do tempo e do espaço, para poder ter equipamento capaz de fazer uma videochamada, numa intervenção televisiva, como aconteceu ainda durante a tarde e outras intervenções radiofónicas. Num jornal, deveria haver um telemóvel de reserva de cada uma das operadoras, porque, caso haja um crash numa operadora devido a um apagão ou ataque informático, como aconteceu há uns anos, não se fica bloqueado. Isto é uma recomendação de segurança. Disto isto, a nível técnico e de comunicação, quando acontece um incidente, entre a primeira meia hora e uma hora devemos fazer uma comunicação inicial. Neste caso, essa comunicação inicial, foi feita, por volta das 13 horas pelo Governo, após a primeira reunião com a Protecção Civil, mas esqueceram-se de que a comunicação estava a ser feita para as televisões, mas também para as rádios. No primeiro caso, o destinatário tinha a televisão desligada sem electricidade, e, no segundo, o comentário não foi à hora certa. Diz a boa regra que as comunicações de Protecção Civil e briefings para informação, devem ser sempre à hora certa. Por exemplo, às 13 horas, no horário do noticiário, poder-se-ia ter explicado que se estava a reunir a informação e as medidas que se estavam a tomar. Às 14 horas, voltavam a dar outro ponto de situação. Depois às 15 e assim, sucessivamente. Isto vale, seja para um apagão, para incêndio ou para a queda de um helicóptero no rio Douro, seja para o que quer que seja. A comunicação é à hora certa! Se chegou informação nova em cima do briefing, não está validada, não está corroborada, não será falada. Divulgar-se-á no briefing seguinte. E a mensagem deve ser curta e rápida, para poder passar.

O que faltou?
Faltou pensar que, nos primeiros momentos, havia necessidade de mandar um SMS pela rede de avisos ProCiv, tal como se se faz com as chuvas, os ventos e as marés. Nesse primeiro momento, ainda as baterias das redes estavam todas operacionais e chegariam a mais população. Conseguiríamos ter atingido 80 a 85% da população, se tivesse sido enviado um SMS a dizer “estamos a atravessar um apagão que é ibérico” e elencar duas ou três medidas, como “evite deslocações”, “dirija-se para casa”, “vamos resolver o mais breve possível”, “isto não é uma situação de longo prazo, é uma situação de curto prazo”. Mesmo que fosse para 24 horas, seria de curto prazo. Deste modo, as coisas seriam muito mais calmas, muito mais tranquilas, não haveria correrias aos supermercados, não haveria correrias às bombas de gasolina, não haveria histeria. Se a comunicação, na rádio, tivesse sido à hora certa, teria sido muito mais certeira. Por que se fez uma conferência de imprensa a meio da hora, às 13 e não sei quanto, às 17 e às 19:30?… No apagão, houve muita desinformação porque as pessoas não sabiam o que se passava e esta lacuna de comunicação não foi percebida por quem decide. E não é culpa do primeiro-ministro, é culpa da cúpula da Protecção Civil que tem de pensar que, se o primeiro-ministro está a fazer uma comunicação para a televisão, as rádios têm de ter a mesma informação.

E a SMS que, aparentemente, saiu às 17 horas e muitas pessoas não receberam?
Se saiu às cinco da tarde, deveria ter chegado às cinco da tarde. Aquilo foi para um número restritíssimo de números. Não foi para a rede nacional. Porque, na rede nacional, um aviso ProCiv é para todos os cidadãos. Temos de saber o que possa ter acontecido. Não estou a pôr nada em causa, mas é estranho.

E se, em vez de um apagão, tivesse havido um forte tremor de terra? Quais as consequências, quando o SIRESP também não terá funcionado como esperado e o INEM ficou bloqueado?
Os portugueses são audazes e pessoas de sorte. Não temos o hábito de, na condução, olhar à distância e, vendo um buraco abrandar, porque se pode lá cair e estragar alguma coisa. O nosso comportamento mais comum é: “está ali um buraco, vou fazer uma guinadela à última hora e ter a sorte de não me espetar”. Faz parte da cultura portuguesa arriscar e, depois, desenrascar. Achamos que somos muito bons nisso. Só que, cada vez mais, temos de planear e este planeamento tem de nascer das bases. Temos uma cultura de estudo científico na Protecção Civil há muito pouco tempo. Foi em 2006, que começaram as primeiras licenciaturas em protecção civil, como a minha. Fui convidado para ir para Madrid fazer mestrado e doutoramento na área de segurança e Protecção Civil. Aprendi com os espanhóis que já tinham enfrentado os ataques da ETA e os atentados em Atocha, e tinham muito mais cultura de segurança e de Protecção Civil do que nós. A minha conclusão é que temos de trazer este conhecimento e implementá-lo. Não é fácil, porque os nossos presidentes de câmara não estão muito despertos para isso. Muitos autarcas, têm um gabinete de protecção civil porque é obrigatório por lei e, se calhar, até têm lá um amigo qualquer nomeado como o coordenador, pois não há a obrigatoriedade de serem pessoas com qualificação. Segurança e Protecção Civil não é só bombeiros. É pensar antes, para que, se ocorrer uma situação, sabermos quais os métodos e procedimentos que temos de adoptar para evitar problemas. É por isso que estou sempre a dizer que sou técnico superior de planeamento, não sou bombeiro. Detecto os problemas e penso em como arranjar medidas para o mitigar ou para que deixe de ser uma questão. Temos de apostar mais na formação de base, se calhar, criar uma cadeira cívica, onde se fale destas coisas. É importante que os estudantes percebam que a Protecção Civil existe para ajudar as outras pessoas, para resolver e evitar que haja problemas. Deveríamos caminhar para estar mais próximos de um Sorbonne francês ou de uma Protecção Civil espanhola. Temos um sistema de Protecção Civil robusto e que tem vinte e poucos anos de existência, criado após a restruturação motivada pelos grandes incêndios de 2003/2004. Ainda há dificuldades de interligação, porque temos mais de 20 corpos de bombeiros sapadores, que pertencem ao Estado, e mais 435 corpos de bombeiros voluntários. Há bombeiros profissionais que são assalariados, que recebem ordenado e trabalham o turno todo e depois, existe, em cima disso, quem presta voluntariado. Temos de, a pouco e pouco, caminhar para a total profissionalização dos bombeiros, para que sejam o braço robusto da Protecção Civil e do Sistema Integrado de Operações de Protecção e Socorro. Neste momento, a Protecção Civil é mais organizada ou robusta consoante a sensibilidade do autarca e é disso que nos temos de libertar. Falta legislar e fazer as portarias que a lei já emana. Estamos no bom caminho, mas estamos a meio entre o zero e a perfeição.

E junto da população?
As escolas são obrigadas aos simulacros, mas há apenas um por ano. Uma escola pediu-me para organizar um simulacro, mas queriam saber qual o dia e a hora para se “organizarem”. Respondi-lhes que as catástrofes não têm hora marcada. Tive de avisar qual queria o dia, mas não avisei a hora. Claro que, nesse dia, os meus bombeiros estiveram desde as oito da manhã preparados, no quartel, à espera de serem chamados. O simulacro foi às três da tarde. Disseram-me que poderia ter marcado para as dez horas. Mas a emergência é isto mesmo. Temos de actuar quando ela acontece. Temos de saber lidar com o mundo real. Ainda falta muito até que, quando se ouve a sirene de incêndio, os alunos saiam em fila, sem sobressaltos, turma por turma. Se houver uma cheia, vão para um ponto alto, se houver um incêndio, para o ponto de encontro mais afastado das chamas. É um trabalho a continuar a fazer, mas estamos a evoluir no bom sentido.

Perfil
Especialista em emergências

Nasceu no Sítio da Nazaré, com vista para a onda gigante, a 20 de Novembro de 1975, e viveu em Alcobaça até aos 17 anos, tendo rumado para Faro para a universidade, onde estudou Física e Química.

“Sou uma pessoa que tem uma preocupação geral com as situações que se podem deparar à população. Fui convidado, por Isabel Soares, a então presidente de câmara de Silves, para organizar a gestão da recuperação do após-incêndio no município, em 2004, após os grandes incêndios que, em 2003, afectaram o concelho”, conta Jorge Carvalho da Silva.

 
Com o trabalho em modo de cruzeiro, em 2006, apareceram as primeiras licenciaturas em Protecção Civil em Portugal e agarrou a oportunidade com ambas as mãos.
 
“Acabei em 2010, a trabalhar em Silves e a estudar em Lisboa, a ir e vir às aulas, duas, ou três vezes por semana. Fiz 275 mil quilómetros em quatro anos.”
 
Acabou por ser convidado, em 2010, para fazer mestrado e doutoramento integrado em Madrid, na Universidade Europeia de Madrid. Nessa data, entrou também em funções no Município de Faro.
 
Hoje é adjunto do presidente da câmara. Jorge Carvalho da Silva é o vice-presidente da Asprocivil – Associação Portuguesa de Tecnologia e Segurança e Protecção Civil e elemento do Sindicato Nacional da Protecção Civil.
Etiquetas: apagãoentrevistafaroJorge Carvalho da SilvaNazaréproteção civilprotecção civilsegurançatremor de terra
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