PUBLICIDADE
  • A minha conta
  • Loja
  • Arquivo
  • Iniciar sessão
Carrinho / 0,00 €

Nenhum produto no carrinho.

Jornal de Leiria
PUBLICIDADE
ASSINATURA
  • Abertura
  • Entrevista
  • Sociedade
  • Saúde
  • Economia
  • Desporto
  • Viver
  • Opinião
  • Podcasts
  • Autárquicas 2025
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Abertura
  • Entrevista
  • Sociedade
  • Saúde
  • Economia
  • Desporto
  • Viver
  • Opinião
  • Podcasts
  • Autárquicas 2025
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Jornal de Leiria
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Home Entrevista

Jorge Edgar Brites: “As crianças estão desejosas de voltar à escola”

Elisabete Cruz por Elisabete Cruz
Março 25, 2021
em Entrevista
0
Jorge Edgar Brites: “As crianças estão desejosas de voltar à escola”
0
PARTILHAS
0
VISUALIZAÇÕES
Share on FacebookShare on Twitter

Um ano de Covid-19. Qual foi o impacto da pandemia no ensino dos alunos?
O verdadeiro impacto nas aprendizagens vamos vê-lo nos próximos anos, mas acredito que não é assim tão significativo. Neste segundo confinamento já tínhamos um know how acrescido na forma como lidar com o ensino não presencial. Em casos pontuais até poderá ocorrer maior sucesso. Tenho reporte de alunos que no ensino não presencial têm um comportamento mais colaborante e participativo do que na turma. Há alunos mais inibidos que no contexto do grupo têm dificuldade em expressar a sua opinião. Em casa, num ambiente mais protegido, conseguem expressá-la.

Perderam-se aprendizagens no primeiro confinamento?
Naquele primeiro confinamento, as coisas foram feitas de uma forma muito abrupta e não podemos esquecer, sobretudo este agrupamento que é um TEIP [Territórios Educativos de Intervenção Prioritária], que há famílias com condições sócio-económicas muito frágeis e nem todos os alunos estiveram logo aptos a acompanhar. O agrupamento e os professores foram incansáveis para aqueles alunos que não tinham computador: imprimíamos todas as fichas que os encarregados de educação vinham buscar, mas não têm o professor em permanência. Houve uma necessidade grande de reforçar as aprendizagens e os conteúdos que tinham ficado menos bem sedimentados.

Como foi este arranque do 1.º ciclo?
Confirma-se que as crianças estavam desejosas de voltar à escola. Há relatos muito engraçados do primeiro dia, com excelentes comportamentos, porque há vontade de ver os amigos. No dia a seguir, os conflitos naturais que sempre existiram, e vão continuar a existir, retomam. É interessante perceber que o afastamento gera a necessidade de proximidade, mas em proximidade começam as situações de conflito.

E mesmo esses conflitos fazem falta ao crescimento.
Fazem muita falta. Crescemos a medir-nos uns com os outros. Estar em casa protegidos não nos expõe tanto. Quando estamos em presença a partilhar o mesmo espaço físico, a disputar uma brincadeira, ajuda-nos a posicionar. Há uma necessidade enorme das crianças estarem nas escolas precisamente porque têm maior consciência de si próprias quando estão em grupo. Não nos podemos esquecer de que somos seres sociais.

As crianças do 1.º ciclo registam um maior atraso das aprendizagens?
É verdade que para o princípio da escolaridade é um desafio extraordinário não ter o professor ali ao pé. É natural que, mesmo com o acompanhamento dos pais – e ele foi excelente -, não seja a mesma coisa. Nesta retoma, uma das colegas disse-me que nos primeiros dias os miúdos chegaram mais inseguros, sobretudo os mais novos, porque estão muito dependentes do pai, da mãe, da tia… que lhes vai segredando quando o professor está online. Mas se há uma coisa fantástica nisto é a capacidade extraordinária de adaptação das crianças. Elas adaptam- -se com muito maior facilidade do que nós pensamos. Nós, professores e pais, somos muito ansiosos, pensamos que isto vai ser uma coisa extraordinariamente penalizadora para eles. Não é e até acho que estas situações, embora indesejadas, os preparam extraordinariamente para a vida. A vida é feita de imprevistos e eles estão muito capacitados. É extraordinário ver o nível de autonomia das nossas crianças, em ligar um equipamento, aceder a uma videoconferência e a partilhar um conteúdo. Isto era inimaginável há um ou dois anos. O mesmo se passa com os professores. Marcar uma reunião online era um desafio só para alguns. Hoje é perfeitamente natural. Há sempre um lado positivo no meio desta situação dramática. Capacitou-nos e deu-nos possibilidade de experimentar novas metodologias.

Qual tem sido o maior desafio para os directores das escolas?
A gestão da ansiedade. Temos de lidar com o medo das famílias e dos professores. Tenho uma média de idades bastante avançada nos meus professores, o que torna justificável um maior receio. Há o medo de estar em presença, de vir para a sala de aula e os pais com medo de trazer as crianças. Escolas de risco zero não existem. Gerir essas expectativas é muito difícil. Se temos professores mais descontraídos, [LER_MAIS]temos outros que vivem com muita ansiedade com medo de que aconteça alguma coisa. Se isso não for bem gerido tem impactos nas aprendizagens e no próprio desempenho profissional. Sabemos que o trabalho do professor é sobretudo de proximidade. Há que acompanhar o aluno, pegar no caderno e dizer como se escreve… Até recuperar essa confiança vai levar bastante tempo e vamos ter de estar num patamar muito maior ao nível da saúde pública.

Quantos infectados tiveram?
Tivemos muitos casos suspeitos, mas confirmados estamos a falar de uma dúzia deles no universo de dois mil alunos e de cerca de 200 professores. O grande sucesso ficou a dever-se a um trabalho articulado, porque as autoridades de saúde foram completamente disponíveis. Para um director isso é muito tranquilizador.

A vacinação dos professores irá dar-lhes maior tranquilidade?
Sim. Já fizemos a primeira fase da testagem aos professores, educadores e assistentes operacionais afectos ao 1.º ciclo e pré-escolar e não tivemos nenhum caso positivo para Covid-19. Depois seguir-se-á a testagem do restante pessoal que está afecto às AEC [actividades de enriquecimento curricular], CAF [complemento de apoio à família] e 2.º e 3.º ciclos. A vacinação vai dar uma grande tranquilidade aos professores e também às famílias. Mais do que aprender conteúdos, a escola é também um local de formar pessoas e de socialização.

De que forma os jovens estão a ser afectados?
Além de director sou pai de dois rapazes e o meu entendimento é de que o prejuízo é menor do que aquele que imaginamos. Os nossos jovens têm formas de socialização diferentes. São nativos digitais. Embora o contacto presencial seja extraordinariamente necessário e importante, eles têm mecanismos diferentes de comunicação e de sociabilidade. Continuam a falar uns com os outros, a arranjar namoradas online e a partilhar coisas. Se fosse há mais de 20 anos, se tivessem de ficar confinados em casa iriam ficar isolados. Agora não. Esta geração está muito mais apta. E a escola tem esta coisa fabulosa de todos os anos ter alunos novos. Fico fascinado com esta forma de todos os anos ser confrontado com a nova visão do mundo e das coisas. São pequenos nadas que vão tornando sempre as gerações diferentes.

Discorda, portanto, com alguns que dizem que esta geração é pior do que as anteriores?
Os miúdos hoje têm um conhecimento extraordinário do mundo e das coisas muito superior à minha geração. Há o domínio de um conjunto de ferramentas muito mais profundo. As novas gerações são extraordinárias do ponto de vista do conhecimento e do relacionamento. São capazes de fazer ilações, porque também têm acesso à informação de uma forma mais democrática. O grande papel da escola tem de ser ajudá-los a gerir o excesso de informação e a seleccionar o que é importante. Esse é talvez o grande desafio da escola nos próximos tempos: ajudar os alunos a disciplinar a forma como procuram a informação, como se organizam e a desenvolver o sentido crítico. Mais do que aquela escola que despeja conteúdos. O paradigma tem de se alterar. Os próprios professores têm feito esse percurso, mas não é fácil. Somos o que somos por causa do que fomos.

“O grande papel da escola tem de ser ajudá-los a gerir o excesso de informação e a seleccionar o que é importante daquilo que é acessório”

A escola tem mesmo de se adaptar aos novos tempos?
Sem dúvida. A escola é a organização que mais flexibilidade e capacidade de adaptação tem de ter. Uma escola que não faz isso não é uma boa escola. Hoje em dia os alunos exigem esta abertura, esta democraticidade e respeito. Uma escola tem de ser respeitadora, democrática e de valorizar, acima de tudo, as pessoas. Esta é uma escola velhinha, tem quase 50 anos, mete água, há uma série de fragilidades que nos complicam o dia-a-dia, mas o mais importante são as pessoas. Posso ter uma escola perfeita, extraordinária, mas se não tiver bons profissionais não há hipótese. A escola tem de ser muito humanista.

A escola é também um local de identificação de problemas. Como os geriram à distância?
Numa situação de supostos maus-tratos ou carência alimentar, contamos com o papel extraordinário e a sensibilidade dos directores de turma, professores titulares e educadores responsáveis pelos grupos, porque eles conhecem melhor que ninguém a realidade da criança e da família. Quando a família pede ajuda ao professor temos mecanismos automáticos. Temos muitas famílias indocumentadas, emigrantes que se fixam na zona dos Marrazes e que depois por via legal ainda não têm atribuição do escalão porque não estão registados na Segurança Social. Aí o director atribui automaticamente o escalão. Quando há situações de suposição de maus-tratos, os professores têm formas de abordagem muito próprias. Um professor experimentado consegue perceber muito mais do que as palavras que a criança está a dizer. Sempre que há dúvida activamos os mecanismos todos. Temos famílias que simplesmente desligam o computador e desaparecem. Activamos a Escola Segura, que vai a casa delas, mas já não estão lá. Preocupanos saber o que aconteceu.

A escola não é um local de contágio, mas é o reflexo da sociedade. O pós-Natal também foi um problema?
Sim, houve casos suspeitos. O importante é o trabalho que todos temos de fazer no País: criar esta consciência cívica de termos de nos proteger para protegermos os outros. Da parte de algumas famílias ainda há esta pouca preocupação e em alguns casos até há algum negacionismo. Vejo com sucesso a implementação da utilização da máscara na escola. Estava muito apreensivo, pois pensei que ia ser um desafio que não íamos conseguir vencer e conseguimos. Não podemos baixar a guarda e temo que depois da Páscoa voltemos a ter o reporte de mais situações, porque nem sempre aprendemos.

O centro escolar parece estar desbloqueado. Que benefícios trará essa infra-estrutura ao agrupamento?
Os grandes benefícios têm a ver com a gestão de espaços, de recursos humanos e dos materiais. Ao nível do ensino das ciências e da prática laboratorial é onde vai ser extraordinário. O gosto pela ciência desenvolve-se criando condições para isso. Nas escolas do 1.º ciclo temos experiências muito boas, mas são levadas por um professor de escola em escola. Se tiver um laboratório tenho as condições para fazer mais coisas. Nesse aspecto, centralizar é rentabilizar e melhorar. Vai ter um impacto grande quer no desempenho do agrupamento quer na qualidade do próprio sucesso educativo.

O que ainda faz falta ao agrupamento?
Fazem falta laboratórios devidamente equipados e mobiliário. Recentemente comprámos mesas e cadeiras para equipar dez salas, mas faz falta mais mobiliário ergonómico e confortável para outras 15. Não podemos esquecer que esta escola começou por ser 2.º ciclo e tenho alunos que não conseguem colocar as pernas debaixo das mesas. Isto é um pré-fabricado feito provisoriamente há 50 anos e há ainda mobiliário original. De Inverno é muito frio e de Verão muito quente. O último telhado que tínhamos de amianto foi retirado no sábado, mas precisamos de uma requalificação de fundo. A transferência de competências para o município traz-nos acopladas algumas expectativas.

Percurso
O professor que restaura carros
Natural de Angola, Jorge Edgar Brites, 54 anos, é director do Agrupamento de Escolas de Marrazes há quatro anos. Formou-se em Português, Latim e Grego, na Universidade Católica, tem uma especialização em Gestão Escolar e um mestrado em Multimédia. Professor há 22 anos nos Marrazes, mora nesta freguesia desde que chegou de Angola com os seus pais, em 1974. “Se há escola onde um profissional de educação se pode sentir bastante útil é nesta”, assume. Pai de dois rapazes, a mulher é também docente na escola que dirige.
“A escola é o prolongamento da nossa casa.” O director revela a paixão que tem em restaurar carros antigos, um hobby que o tranquiliza. “Gosto de motores e de máquinas. Nem sempre tenho tempo, mas é uma boa terapia para muitos aborrecimentos.”
Etiquetas: agrupamento escola marrazesalunoscovid-19entrevistajorge edgar britesprofessoressociedade
Previous Post

Nova etapa

Próxima publicação

Miguel e Xavier querem “curar” a terra em Pedrógão Grande e pedem ajuda

Próxima publicação
Miguel e Xavier querem “curar” a terra em Pedrógão Grande e pedem ajuda

Miguel e Xavier querem “curar” a terra em Pedrógão Grande e pedem ajuda

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

  • Empresa
  • Ficha Técnica
  • Contactos
  • Espaço do Leitor
  • Cartas ao director
  • Sugestões
  • Loja
  • Política de Privacidade
  • Termos & Condições
  • Livro de Reclamações

© 2025 Jornal de Leiria - by WORKMIND.

Bem-vindo de volta!

Aceder à sua conta abaixo

Esqueceu-se da palavra-passe?

Recuperar a sua palavra-passe

Introduza o seu nome de utilizador ou endereço de e-mail para redefinir a sua palavra-passe.

Iniciar sessão
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Opinião
  • Sociedade
  • Viver
  • Economia
  • Desporto
  • Autárquicas 2025
  • Saúde
  • Abertura
  • Entrevista

© 2025 Jornal de Leiria - by WORKMIND.