“Nunca confundir etnografia com folclore”, comenta Adélio Amaro, director das Jornadas Internacionais que este ano, em Leiria, decorrem em simultâneo com o 28.º Congresso de Antropologia Ibero-Americana, de 16 a 18 de Novembro.
Estão anunciados 104 oradores de instituições portuguesas e internacionais, como, por exemplo, a Universidade Nova de Lisboa, o ISCTE, a Universidad de Salamanca ou a Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro.
Distribuídas por 27 mesas ao longo de três dias, as comunicações sobrevoam uma grande latitude de temas, que incluem a fusão entre a inteligência artificial e a educação, o perfil da população portuguesa nos Estados Unidos, o uso ancestral das folhas de coca no Perú, o turismo dos rituais de chá ayahuasca, o ocultismo e a ciência indígena, o livro como reencontro de culturas, as paisagens sonoras do Vale do Guadiana, a influência hebraica ou os desafios dos direitos humanos nas sociedades contemporâneas.
“A colheita de informação de um determinado povoado é possível através da antropologia. É a isso que se chama etnografia, como método utilizado pela antropologia”, assinala Adélio Amaro, para quem “nunca foi tão importante, como agora, fazer o trabalho de campo e o estudo dos grupos sociais que nos rodeiam ou onde estamos inseridos”.
A organização – a cargo do Município de Leiria com a Universidad de Salamanca (Espanha), o Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina (Brasil) e o Agromuseu Municipal Dona Julinha – anuncia que as inscrições esgotaram com 270 participantes nas terceiras Jornadas Internacionais de Etnografia em Leiria e no 28.º Congresso de Antropologia Ibero-Americana, que se realizam no Teatro Miguel Franco e no Centro de Diálogo Intercultural de Leiria – Igreja da Misericórdia.
“Leiria passou a ser um ponto global de encontro entre curiosos e estudiosos pela temática da etnografia”, realça Adélio Amaro. “Com as Jornadas Internacionais e este Congresso, Leiria passou a ser a capital da etnografia. Nunca foi feito algo com esta dimensão. Nunca a etnografia teve tanto relevo. Isso porque a autarquia acreditou que era possível marcar pela diferença”.
De acordo com o director do evento, e também consultor da Câmara de Leiria para a cultura popular, além de presidente do CEPAE – Centro de Património da Estremadura, “Leiria tem sido uma região de destaque na área da etnografia” e “cada vez existe mais procura e desejo de conhecer as comunidades leirienses”, tanto “pelos estudos que têm sido divulgados e publicados”, como “pelo trabalho aplicado no terreno”.
“A Câmara Municipal de Leiria quando apostou nas Jornadas entendeu dar-lhes uma dimensão internacional. Foi uma escolha acertada. Permite partilhar conhecimento e formas de trabalho com cultores da etnografia de outros países”, aponta Adélio Amaro.
De hoje até sábado, especialistas provenientes de universidades e politécnicos, centros de investigação, museus, monumentos, organismos da administração pública e associações privadas juntam-se para continuar a desenvolver o estudo etnográfico e antropológico através da troca de informação e de experiências.
Os oradores são oriundos de 12 países, além de Portugal, número que sobe para 16 países, contando com os participantes.
A conferência de abertura, esta quinta-feira, aborda o tema “O Instituto Politécnico de Leiria: da formação de professores à construção de uma identidade regional”, enquanto na sessão de encerramento será apresentado o próximo Congresso Internacional de Antropologia Ibero-Americana.
Pelo meio, na sexta-feira, Ricardo Rivero Ortega, reitor da Universidad de Salamanca, recebe o Prémio Excelência em Gestão Académica Ibero-Americana, numa cerimónia agendada para as 18:30 horas, no Teatro Miguel Franco.