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Home Entrevista

José Alho: “Quando ambiente e ordenamento significarem economia, daremos um passo significativo

admin por admin
Março 27, 2025
em Entrevista
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José Alho: “Quando ambiente e ordenamento significarem economia, daremos um passo significativo
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É um dos fundadores do Núcleo do Ribatejo e Estremadura da Quercus esteve entre os voluntários que lutaram contra o despejo directo de efluentes das celuloses nas praias da região. Passados estes anos, questão ambiental está menos ou mais presente no quotidiano?
Esse exemplo das celuloses é muito interessante e ao qual se juntaram outros como a erradicação das mais de 300 lixeiras que havia em 1994,ou a proliferação das plantações de eucaliptos. Fizemos um caminho muito interessante com essas iniciativas, despertámos consciências e fizemos um trabalho sério, na educação ambiental. Nas escolas, as crianças assistiam às nossas modestas sessões de educação ambiental, como as oficinas para produzir papel reciclado a partir de papel velho, ou o Projecto Lampreia, de Ourém, que levava os miúdos à descoberta destes animais e a fazer recenseamentos dessa população, que anos depois foi classificada como espécie única no mundo. Isto contribuiu para a formação de uma consciência ambiental mais sólida nos cidadãos que, ao fazerem-se adultos, tiveram outros meios para expor as suas inquietações e denúncias. Hoje, não passa pela cabeça de um decisor político ou interventor no domínio público não considerara sustentabilidade e o futuro do planeta nos seus discursos e acção política concreta. Valorizo muito o trabalho feito pelos autarcas, que, por vezes, não é publicitado suficientemente. Mudaram o rosto dos territórios! Se virmos os índices da distribuição domiciliária da água, da recolha e tratamento de resíduos, percebemos o percurso feito. Foram esforços que mostram ser exemplos da governação multi-nível, entre a escala local e o apoio das políticas públicas definidas pela administração central e suportadas por fundos europeus. O que não significa que esteja tudo correcto. Este primado do ambiente teve sempre uma boa relação com a Economia. Contrariamente ao que se afirmava, sobre serem lados opostos, resultou em dividendos anuais e emprego para muitos trabalhadores. É um caminho que nos deve orgulhar e que deve colocar em cima dos decisores do presente e do futuro uma enorme responsabilidade de ser coerente e dar continuidade ao trabalho feito. Infelizmente, não consigo deixar de ficar céptico com eventos actuais, como o desligamento dos EUA… 

Trump saiu, pela segunda vez, do Acordo de Paris, mas já se dizia que o documento estava morto, devido à velocidade com quem as suas metas forma ultrapassadas. 
Tivemos a felicidade de ter um acordo em Paris, mesmo não sendo perfeito. Conseguiu colocar-se os Estados em acordo num documento sobre o ambiente e o importante foi a criação de concertação e de convergência mundial, que é apenas o início de um caminho que tem de ser adaptado às respostas que se consegue dar às novas exigências e à avaliação do que correu mal e que tem de ser melhorado. Não me choca que as metas possam ser prorrogadas, se isso significar que se garante o seu cumprimento. Não devemos ficar fechados em certos contextos, apenas porque foram escritos num determinado momento. Devemos ter flexibilidade nas metas intermédias, mas sem cedências nas fundamentais. Temos de perceber que há muitos interesses em confronto, neste mundo desigual. Será justo que países que não contribuíram para os danos ambientais, tenham agora também de internalizar o esforço para resolver o problema que outros causaram ao enriquecer à custa da poluição e esgotamento de recursos? O Acordo de Paris teve outra vantagem que foi assumir perante o mundo inteiro, que as alterações climáticas existem e não são ficção. 

Como foi passar de um lado para o outro da barricada, na Câmara de Ourém, à frente do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC) ou, agora na CCDR LVT?
Sou um privilegiado. Tive e tenho a oportunidade de servir o meu País, desempenhando funções e cargos que me permitem prosseguir muitas das minhas inquietações ambientais. Estive na primeira linha do activismo ambiental, no final dos anos 80 e início dos 90, quando ainda éramos poucos, nas intervenções em público, acusados de sermos “profetas da desgraça”, pois alertávamos para situações que não diziam nada a boa parte das pessoas. Era injusto. Nas organizações onde participei sempre tivemos a preocupação de fazer passar a mensagem de forma simples e descomprometida e apresentávamos soluções. Conseguimos que a percepção sobre os ambientalistas deixasse de ser “lunáticos divorciados da realidade”, mas de cidadãos com ideias, leituras do que se passava e soluções, baseadas em evidência técnica e científica, para contornar os problemas. Quando tive a oportunidade de começar a trabalhar na Administração Pública, passei a ter outros recursos à minha disposição. Tive de, com eficiência, usar os meios colocados à minha disposição, para fazer a diferença. Ou seja, por passar a integrar a Administração, não passei a ter todas as condições para fazer tudo. Isso seria uma utopia! Penso que o José Alho ambientalista não faria muitas críticas ao José Alho decisor, baseado naquilo que me vai chegando do feedback dos meus interlocutores. 

Estamos a chegar à Primavera e ao tempo mais quente que, com ele, traz incêndios. Alguma vez conseguiremos ordenar o território e criar dispositivos no terreno que impeçam o que vimos em Setembro do ano passado, quando o próprio coberto vegetal frustrou o combate às chamas? 
Quero acreditar que sim. Nos anos 90, Portugal tinha lixeiras a céu aberto que queimavam diariamente o lixo como forma de eliminar resíduos e hoje temos moderníssimos sistemas multimunicipais de recolha e tratamento, que criam emprego e mais-valias para o desenvolvimento regional. Sempre acreditei que, quando as questões do ambiente e do ordenamento do território significarem também economia, daremos um passo significativo para acabar com o problema. A gestão do território não é apenas da espécie A, B ou C, ou do eucalipto, mas, fundamentalmente, do modelo de desenvolvimento que criámos e que fez com que os territórios com menos condições de vida começassem a ser abandonados. As populações tomaram a opção dolorosa de sair dos seus territórios de proveniência, e foram para as grandes cidades para terem possibilidade de sobrevivência económica. Na margem sul do Tejo, há muita gente proveniente do Alentejo que se deslocou para onde havia emprego e condições para constituir família. Temos um País que parece uma malha urbana de Setúbal a Braga, tanta é a população concentrada no litoral. Penso que os fogos têm origem não no povoamento florestal, mas no abandono dos territórios. Se conseguirmos inverter esta tendência e garantir que o interior gera novas economias onde a população se possa manter, constituir família e criar densidade populacional estaremos a arranjar uma solução. É uma acção mais inteligente e eficaz do que lançar, todos os anos, milhões de euros em água e meios de combate no fogo. Há dez ou 15 anos, a perspectiva era a do combate aos incêndios, hoje, há um investimento cada vez mais significativo na prevenção, com sapadores florestais, áreas integradas de gestão de paisagem e muitas autarquias do interior a apostar na fixação de populações… As empresas, as indústrias, as actividades turísticas e outras em sintonia com a conservação dos recursos naturais também podem significar a fixação de população no território. Imaginemos um roteiro turístico para o qual temos de garantir respostas da hotelaria e da alimentação. Se não houver pessoas, estas actividades não são possíveis. É uma pescadinha de rabo na boca. É preciso garantir boas estradas, fácil acesso à internet e outros recursos. São respostas que, muitas vezes, são garantidas pelas comunidades intermunicipais. Se tivermos sucesso em mudar este paradigma, teremos também um alívio nas grandes cidades que se encontram sobrelotadas. 

Em que áreas Portugal está mais vulnerável aos impactos das alterações climáticas?
Não sou um especialista nesse domínio, mas sou uma pessoa informada e atenta que, por razões profissionais tem de acompanhar com bastante atenção o tema. Temos uma forte vulnerabilidade às alterações climáticas, decorrente da nossa natureza enquanto território que, grosso modo, está inserido no Mediterrâneo, onde o período de maior temperatura coincide com a maior escassez de água. Se as previsões forem o cenário do futuro, por mais ligeiras que sejam as subidas de temperatura média, as ondas de calor serão um problema fundamental para a existência do nosso País, afectando ecossistemas, potenciando a alteração do coberto vegetal, substituindo umas espécies por outras. Teremos uma vulnerabilidade significativa aos incêndios. Se analisarmos retroactivamente, veremos que os Verões mais dramáticos têm acontecido com mais frequência, ao mesmo tempo que os grandes fogos fogem à escala temporal tradicional. O grande incêndio em Leiria foi a meados de Outubro, fora da época crítica e, a maioria dos fogos no PNSAC acontecem em finais de Setembro. Temos outra vulnerabilidade a ter em conta que se tem acentuado que é o facto de chover muito em curtos espaços de tempo, provocando torrentes e cheias. Durante décadas, ocupámos o território não tendo em conta estes cenários. As áreas de impermeabilização são enormes e quando temos convergências entre escorrências torrenciais de chuva, em zonas ribeirinhas, com marés-altas acontecem cheias enormes. 

A temperatura aumentará?
Temos  outro domínio que é o da imprevisibilidade dos cenários, que nos são apresentados como sendo lineares e não o são. Recordo-me de o professor Filipe Duarte Santos, o nosso grande especialista em alterações climáticas chamar a atenção para uma particularidade que temos no nosso território: estamos na mesma latitude que Nova Iorque e em Dezembro conseguimos tomar café numa esplanada. Os norte-americanos não o podem devido à neve e ao gelo. Deveríamos ter as mesmas condições térmicas, mas isso não acontece devido à corrente marinha quente do Golfo do México que vem até cá e liberta calor na nossa costa. Dizem que, devido ao degelo e diminuição da quantidade de sal na água do Atlântico que haverá uma interrupção da corrente e da libertação de calor. Para nós, isso reflectir-se-ia não em aquecimento, mas em arrefecimento significativo. Tudo isto afectará a agricultura, o turismo ou as infra-estruturas. Pelos dados que se conhecem, poderemos ser das regiões que sofrerão mais com as consequências das alterações climáticas. 

Perfil
Cidadão e servidor público

José Manuel Alho (63 anos) nasceu na véspera de Natal do ano de 1961, na localidade da Atouguia, no concelho de Ourém. Licenciado em Biologia pela Universidade de Coimbra manteve um percurso dividido entre o ensino – secundário, 2.º e 3.º ciclos e politécnicos de Tomar e de Leiria -, a administração e as políticas públicas de Ambiente. Foi director do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, da Reserva Natural do Paul do Boquilobo e director regional das Florestas de Lisboa e Vale do Tejo. Eleito municipal pelo PS, na Câmara de Ourém, chegou a ser vereador tanto na oposição como no Executivo, onde ocupou o cargo de vice-presidente entre 2009 e 2013. “Houve sempre algo que uniu o meu percurso: o activismo ambiental. Fui dos fundadores do Núcleo do Ribatejo e Estremadura da Quercus, mas ainda antes disso, fui associado da Liga para a Protecção da Natureza, que é a mais antiga associação de protecção da natureza ibérica e onde fui presidente da Direcção nacional e agora sou presidente da Mesa da Assembleia Geral.” A sua vida, garante, é um exercício de coerência entre ser cidadão e “servidor público”. 

Etiquetas: ambienteentrevistajosé alho
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