Que significado atribui à sua vitória?
É uma vitória por uma margem pequena, um voto apenas, mas não deixa de ser uma grande vitória. Demonstra o descontentamento dos militantes do PSD em Leiria, que manifestaram que não se reviam na estratégia da concelhia. Mais de 60% dos militantes não votaram na continuidade, ou seja, na lista A, que seguia as linhas programáticas do presidente cessante e mantinha muitos dos elementos da sua equipa. Com esta votação, os militantes manifestaram que desejam e procuram um novo rumo para o PSD.
E que rumo é esse?
O PSD de Leiria precisa de se credibilizar interna e externamente. Os militantes afastaram-se do partido, porque não se reviam nas estratégias nem na acção política adoptada, mas também porque não eram chamados a participar. Há um trabalho muito duro a fazer na reabilitação e reorganização interna do partido. Precisamos de chamar, de novo, os militantes à vida do PSD de Leiria e de os envolver nas decisões e na estratégia a seguir. Externamente, temos de afirmar o PSD como um partido de poder autárquico em Leiria, voltando a conquistar a confiança dos eleitores. Para isso, precisamos de ser credíveis.
Acredita que há condições para o PSD voltar a ser poder em Leiria nas próximas autárquicas?
É isso que me move. Caso contrário, não tinha aceite o desafio. Se não cometermos os erros do passado, temos todas as condições para voltarmos a governar a câmara e a maioria das juntas. Reconquistar a liderança da câmara não é uma tarefa impossível para o PSD. A gestão da maioria socialista está muito centrada no imediato, no show off e na propaganda. Faltam projectos estruturantes para o futuro. Mais tarde ou mais cedo as pessoas vão perceber isso. Por muito bonito que seja trazer multidões a Leiria, por boas imagens que isso dê, não se traduz em mais-valias para a generalidade das pessoas. O foco deve ser o trabalho em prol da melhoria da qualidade de vida da população, resolvendo problemas estruturais na educação, nos transportes, no ambiente e nas áreas de localização empresarial, por exemplo. Falou de erros do passado cometidos pelo PSD.
A que falhas se estava a referir?
Principalmente o de não passarmos uma imagem de credibilidade e de não conseguirmos conquistar a confiança do eleitorado, apontando propostas e projectos concretizáveis. Também não se trabalhou bem nas freguesias. Não conseguimos mostrar que seríamos uma excelente alternativa à governação socialista. É esse o caminho a fazer. Acredito que daqui a quatro anos, o PSD vai ganhar a Câmara de Leiria.
Apresentou-se a votos com o objectivo de “unir o PSD de Leiria pela convergência das diferentes sensibilidades”. Como pensa fazer isso?
A candidatura surgiu com esse propósito. Não excluímos ninguém, nem houve ruptura com o passado. Não esquecemos os erros do passado, mas queremos aprender com eles, chamando todos ao processo. A garantia que dou é que ninguém será excluído porque integrou outras listas ou porque manifestou divergências. Contamos com todos.
Se a vitória tivesse sido mais robusta, esse trabalho de convergência seria mais fácil?
Não necessariamente. O partido conseguiu demonstrar maturidade democrática. Houve três listas, cada uma com o seu projecto, submetido a sufrágio. Não critico quem avançou com listas alternativas. Tinham toda a legitimidade para o fazer. O facto de ter havido essa disputa mais acérrima, não diminui o valor da vitória. Pelo contrário.
Mas o surgimento de três listas não pode passar a imagem de divisão no partido?
Não vamos escamotear a realidade.Ainda há um longo caminho a percorrer. A minha disposição e o trabalho que me proponho fazer é o de tentar minimizar divergências que subsistam, chamando toda a gente a participar, sendo certo que todos são livres de seguir o seu caminho.
O facto de a equipa que o acompanha não estar presente nos órgãos autárquicos será uma dificuldade?
Os elementos da vereação e da Assembleia Municipal foram eleitos para servir a população. Esse é também o nosso propósito. Se nos focarmos em objectivos colectivos, conseguiremos trabalhar de forma alinhada e coerente com esse objectivo.
Nestas eleições legislativas o PS venceu, pela primeira vez, no distrito, mas no concelho de Leiria ganhou o PSD. Que leitura faz desse resultado?
O concelho continua a ter uma matriz social-democrata. As pessoas continuam a votar PSD, mas não se revêem na estratégia e na acção política do partido no concelho. Não tenho ambições políticas. Assumi este cargo para tentar que o PSD volte a ser o que já foi no concelho. O futuro passa por construir um PSD forte, que seja alternativa credível e confiável à actual governação socialista na câmara e da maioria das juntas.