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Home Entrevista

José Carlos Lima: “Os miúdos estão no desporto para ser formados e não para resolver as frustrações dos pais”

Inês Gonçalves Mendes por Inês Gonçalves Mendes
Junho 5, 2025
em Entrevista
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José Carlos Lima: “Os miúdos estão no desporto para ser formados e não para resolver as frustrações dos pais”
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Os casos de violência e de falta de ética no desporto estão a aumentar?

Todos os anos, a Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto emite um relatório sobre a violência no desporto. Esses relatórios têm-nos dado uma evolução mais negativa, isto é, o número de actos de violência tem aumentado. Mas tem aumentado onde? Na questão dos artefactos pirotécnicos, que se utilizam muito na 1.ª e 2.ª Liga. Se formos para a violência nos escalões de formação, no desporto amador, isso não se verifica. É óbvio que preocupa, mas acho que a percepção das pessoas pega muito nestes casos da 1.ª e 2.ª Liga, depois amplifica e parece que está em todo lado. Dou um exemplo: a Associação de Futebol do Porto, a maior associação de futebol [do País], tem cerca de 1.200 jogos por fim-de-semana. E os actos de violência correspondem a 5% desses jogos. A grande maioria dos jogos desenrola-se de uma forma tranquila. A questão da percepção é interessante porque somos muito fixados naquilo que é negativo. Vende mais e choca-nos mais e depois amplificamos e parece que toda a gente faz actos de violência, e todos os jogos são violentos, e não é bem assim. Estou a fazer uma tese de doutoramento sobre a percepção da bandeira da ética, na Universidade Autónoma de Barcelona, e é curioso que as entidades que certificam esta bandeira dizem que sentem que as pessoas estão mais atentas à questão da ética e dos valores. Que há comportamentos menos negativos, que as pessoas aderem às iniciativas e a dinamização de acções de sensibilização ajudam à pacificação.

A percepção acaba por indicar algo que, afinal, não é a realidade.

Sim, e a violência está muito ligada à questão da emoção e da falta de racionalidade. O desporto tem muito disso. A actividade desportiva e de competição leva um bocadinho a essa dimensão de valorizar muito a competitividade, o embate, a luta e pouco da razão, de uma certa racionalidade perante um fenómeno. E o desporto tem essa vertente da emoção, que tem muito peso. O desporto expressa o lado mais animalesco e irracional do ser humano.

E onde existe a maior falta de ética no desporto? Entre atletas, dirigentes, bancadas ou até nos comentadores desportivos?

Penso que é um pouco em todo lado. Porque estamos a falar de uma actividade humana e todos os agentes desportivos são humanos, quer atletas, jornalistas, dirigentes…, como humanos, têm coisas boas e coisas más. É uma dimensão transversal aos agentes desportivos, porque realmente o desporto é uma actividade humana e, nesse sentido, erramos todos. Penso que ninguém pode dizer “estou livre de” ou “não participei em”. O desporto, como uma actividade humana, tem as coisas boas e as coisas más do ser humano. Tem a ética, os valores, a solidariedade, o fair-play, a inclusão, alegria, esta diversão que depois tentamos levar para a nossa vida. Também, infelizmente, tem as coisas más, a corrupção, a violência, a má educação. Não é que o desporto seja violento, o desporto em si não é violento. O ser humano é que depois traz essa carga de violência e má educação para o desporto.

A cultura da ‘campeonite’ também provoca maior atrito entre atletas na festa desportiva?

A vertente da luta, do combate, de querer vencer faz parte do ADN do desporto. Só que, muitas vezes, valorizamos em demasia essa área. Isso depois desvirtua a função do desporto, porque o desporto também tem a função de nos tornar melhores pessoas. Se desvirtuamos esta missão, o desporto perde a sua função e deixa de ser desporto.

A solução passa por aplicar punições mais severas ou por tentar sensibilizar o público?

Devemos ir mais por aí, pela prevenção, educação e sensibilização. Mas admito, e também a história das sociedades diz isso, que o ser humano precisa de ter regulamentos e leis para o são convívio comunitário. Se não tem essas regras, é uma bandalheira total e voltamos a uma dimensão muito primitiva do ser humano, onde é cada um por si a tentar safar-se e, se calhar, a magoar o outro. Ainda temos essa dimensão primitiva, domesticada pela cultura e pela educação. Diria que é preciso um misto de duas coisas: a prevenção e a educação e também a regra e os regulamentos para punir aquilo que não está correcto. Às vezes confunde-se a ética com a lei. A lei existe porque a ética não é cumprida. Se as sociedades cumprissem os valores éticos, os princípios universais do respeito pelo outro, não eram necessários os juízes, a polícia e a lei. A lei vem tentar ajudar a cumprir os princípios da ética. E, portanto, a lei deriva da ética e não ao contrário. A ética está acima da lei porque, por cima de um regulamento ou de uma lei, estão os princípios que os orientam.

Há muitos casos onde os clubes são multados devido ao comportamento dos adeptos. Até que ponto os clubes têm de pagar pelos erros dos adeptos?

O legislador entendeu que, por princípio, o adepto não iria prejudicar o seu clube. O adepto que ama o seu clube não o vai prejudicar. A realidade não é assim. Há clubes que pagam milhares de euros pela falta de educação dos seus adeptos. Coloca-se, de forma legítima, a pergunta “quem deve ser penalizado?” Penso que devíamos ir mais ao bolso dos adeptos. Mas, muitas vezes, prejudica-se o clube em detrimento dos adeptos. Por exemplo, devido aos artefactos pirotécnicos, ou também às asneiras que os adeptos dizem, tudo é registado. É óbvio que depois é muito difícil penalizarmos um adepto e, portanto, prejudica-se o clube. Um dia mais tarde, seria bom o legislador repensar as penas. Ou vamos ao bolso em força e a pessoa fica chateada e pensa duas vezes antes de fazer, ou realmente aplicam-se sanções mais duras para serem exemplo. Há países que combatem os actos de violência de forma pedagógica, com as chamadas actividades restaurativas. Se um atleta, um adepto, um clube ou um grupo de adeptos faz alguma coisa mal, em vez de penalizarmos com sanções pecuniárias ou disciplinares, termos atitudes pedagógicas. Imagine-se que há adeptos que são racistas, essa tal pena restaurativa podia ser pegar nesses adeptos e ir a uma comunidade africana fazer um serviço público. Há clubes lá fora que fazem isso em relação ao anti-semitismo e já levaram adeptos a campos de concentração. Penso que teríamos que evoluir um pouco mais para ter penas mais educativas.

Como se convencem os jovens que não vale tudo para atingir resultados?
Temos um projecto que começou, precisamente, em Leiria, no Politécnico, que se chama Da Formação à Competição. Estamos a envolver associações de futebol e federações de várias modalidades há três anos. O que visa este projecto? É, nos escalões de formação, até aos 12, 13 anos, não haver competição. O que pretendemos? Pode haver competição e o desporto, como disse, tem esse carácter competitivo, mas que não seja o valor principal, não seja o fim, mas um meio para atingir o fim. São escalões de formação e a formação deve estar primeiro. Estamos a testar, por exemplo, um torneio onde cada equipa contribui para outra equipa com um elemento, que se chama equipa amizade. Portanto, essa equipa é constituída pelas equipas todas para descomprimir um bocadinho a competição. Estamos a testar também modelos de classificação. Para a classificação deve contar o comportamento dos atletas e dos pais. Em cada jogo há 10 pontos em disputa. Cinco pontos para o resultado: quem ganha tem 5 pontos, quem empata tem dois e quem perde, ganha um ponto. Mas os outros 5 pontos são para o comportamento dos pais e dos miúdos. Para perceberem que, na classificação, o seu comportamento também vai contar.

É nas bancadas onde a falta de ética tem mais incidência, entre adultos. No entanto, as acções de sensibilização focam-se, sobretudo, em crianças e jovens. Como se sensibilizam também os adultos?
Não é fácil. O Plano Nacional de Ética no Desporto realiza muitas acções de sensibilização e formação. Os clubes pedem-nos e nós disponibilizamos os formadores. Os pais, muitas vezes, não participam. Isso é um problema. Estamos a tentar incentivar os clubes para que, no início da época, quando os miúdos são inscritos ou quando há o primeiro contacto com o treinador, haja ali uma reunião onde o clube possa explicar as regras, o que podem fazer, o que não podem fazer, para passar essa mensagem de que os miúdos estão no desporto para ser formados e não para resolver as frustrações dos pais. Também sou franco, não há muita formação para pais porque, muitas vezes, não aparecem. Mas está a haver cada vez mais esta preocupação dos clubes, ao início da época, em chamar os pais. Quando estamos num recinto desportivo, estamos num espaço público e, se tenho uma formação, também devo chamar a atenção de quem está ao meu lado, que não deve ter aquela atitude. Também tem de haver um acto de cidadania de quem está a assistir e a grande maioria de pessoas portam-se bem e são pacíficas.

Quer-se um País mais activo, mas o investimento no desporto não reflecte essa vontade. Num País onde a política e a economia dominam o discurso, como se chama a atenção para a importância do desporto?
Em relação ao Plano Nacional de Ética no Desporto, temos um orçamento bastante pequeno. Mas, conseguimos fazer muitas coisas e os clubes conseguem fazer muitas coisas sem dinheiro. Para a promoção de valores éticos, não são necessários muitos recursos. Em relação à importância do desporto na sociedade e na dimensão política, acho que é valorizado, e vemos, por exemplo, no número de horas que a comunicação social dedica ao desporto. Tem algum peso a nível da sociedade. Ainda esta semana [semana passada], o IPDJ lançou um programa de promoção da actividade física e estamos, sem dúvida, na cauda da Europa em relação ao índice de actividade física. Estamos muito mal vistos e é necessário inverter esta questão. Sem dúvida que são necessários recursos para instalações, para programas desportivos, entre outros, mas, na essência, para praticarmos desporto, basta umas sapatilhas e correr ou andar no parque. Agora, não nego que é necessário um reforço a nível das estruturas.

No distrito de Leiria, temos assistido a cada vez mais atribuições do cartão branco. Esta iniciativa está a cumprir com o seu objectivo?Sim, e não só na região de Leiria. Temos o clipping da imprensa nacional e regional e quase todos os dias aparecem casos de fair-play e do cartão branco. A imprensa começa também a valorizar o que há de bom e essa já é uma vitória deste cartão. Depois, o árbitro ganhou outra dimensão, mais pedagógica e é uma figura mais positiva. Não é só aquele que pune, mas aquele que valoriza o gesto positivo. Depois, há a parte fundamental de indicar à criança que aquele gesto é o gesto a seguir. Fizemos vários estudos sobre a importância deste cartão e os resultados são muito positivos: valoriza o fair-play e diminui os gestos mais disciplinares. Temos cerca de 80 entidades que aderiram ao cartão e são mais de cinco mil cartões mostrados até o momento. O cartão branco é um projecto que está a crescer para a área pedagógica. Temos escolas onde as senhoras de apoio têm o cartão no recreio e exibem o cartão a gestos de cidadania, de ajuda ou de colaboração que os alunos têm dentro da escola. No fim, a escola atribui um prémio a quem recebeu mais cartões brancos. O Município da Covilhã também já projectou o cartão para outra dimensão. Criou uma plataforma e entregou cartões à polícia, à GNR, à Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, à Universidade, ao Ministério da Justiça. Essas entidades também podem reconhecer a cidadania, depois carregam esses gestos nessa plataforma e contribuem para uma eleição do cidadão que quer promover. Muitas vezes diz-se que o mal vende muito bem. Acredito que o bem também vende e este cartão é a prova disso.

Etiquetas: desportoéticafutebolIPDJJosé Carlos LimaMarinha Grande
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