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José Gomes André: “Há grupos armados nos Estados Unidos que podem estar à espera de uma faísca para saírem à rua”

Cláudio Garcia por Cláudio Garcia
Outubro 22, 2020
em Entrevista
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José Gomes André: “Há grupos armados nos Estados Unidos que podem estar à espera de uma faísca para saírem à rua”
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O discurso de Donald Trump entrou bem entre os emigrantes portugueses e lusodescendentes nos últimos anos?
A comunidade portuguesa por vezes confunde-se com a comunidade hispânica, embora não tenha sequer as mesmas raízes. O que me parece é que o discurso anti-imigração de Trump não é particularmente bem recebido, embora também tenha havido dados relativamente surpreendentes, em relação ao apoio de muitos dos imigrantes que já estão nos Estados Unidos. São imigrantes, mas não querem mais imigrantes, porque, no fundo, são competidores pelos empregos. É um erro as pessoas pensarem que Trump não tem apoios junto dos imigrantes já radicados nos Estados Unidos, porque, em boa medida, até tem.

Eventualmente, a ideia de construção do muro na fronteira com o México com o objectivo de impedir a entrada de mais imigrantes ilegais terá tido acolhimento entre alguns imigrantes já a viver e a trabalhar nos Estados Unidos.
Sem dúvida. Sobre isso os estudos são bastante claros. A comunidade imigrante hispânica, de um modo geral, apoiou não só o projecto do muro de Trump como muitas das suas políticas anti-imigração.

O que vai pesar mais na decisão dos eleitores: a economia ou os temas sociais?
Todos os estudos que conhecemos ao longo de décadas revelam que quando perguntam aos eleitores qual é o seu tema de eleição a economia aparece em primeiro lugar. As convulsões dos últimos meses – crise económica, o regresso das lutas sociais – expuseram as feridas da América, que todos os presidentes desejam curar. Era o tema da campanha de Obama mas também era o tema de Trump. E, na verdade, boa parte dos eleitores, sobretudo eleitores voláteis, devem ser muito sensíveis ao facto de Trump não ter promovido uma certa união americana. Quando as figuras principais do Estado transformam a diversidade em guerra civil, mesmo que sem armas, isso cria nos eleitores muita ansiedade, cria instabilidade económica, política e social. E eu penso que esse é o motivo pelo qual Trump está com mais dificuldades nas sondagens, combinado com a questão económica e da pandemia.

Os eleitores estão a rejeitar o clima de tensão.
Sobretudo, estão a pôr em causa até que ponto Trump é efectivamente tão diferente como ele dizia que era. Também ele não é capaz de contrariar uma crise económica quando ela é provocada por efeitos externos, também ele não é capaz de curar as feridas das divisões raciais, sociais e económicas na América, e, portanto, aqueles que votaram em Trump num ambiente de “agora é que vai ser a mudança drástica” se calhar estão com algumas dúvidas. Há alguns eleitores de Trump, bastantes até, desiludidos.

Que grau de ameaça é que os conflitos entre as diferentes comunidades representam para o futuro dos Estados Unidos?
Há factores novos que têm que ver sobretudo com a grande crise económica que aí vem e também com o facto de a comunidade negra ter hoje capacidade de organização e defesa muito superior, que lhe permite ampliar o seu discurso, legítimo, relativamente à sua condição. Há um fenómeno relativamente novo, que é o das organizações de supremacistas brancos, que até aqui se mantinham quase nas caves, passe a expressão, ao qual Trump deu relevância e alimentou. Há, efectivamente, grupos armados nos Estados Unidos que podem, ou não, estar à espera de uma indicação ou de uma faísca para saírem à rua de forma organizada com armas. Essa ameaça é real. Se me disserem que é uma ameaça provável, diria que não. Mas é muito mais provável do que seria antes do surgimento de Trump.

O risco de rejeição dos resultados é real?
Se Trump perder, é absoluto, porque ele já deu a entender que não vai aceitar uma derrota e vai evidentemente falar em fraude e questionar o sistema. Há dois cenários. Um cenário no qual a vitória de Biden é suficientemente expressiva para tornar esse discurso de Trump absurdo. Outro cenário, aparentemente mais provável, é que se a vantagem for curta e estiver relacionada com a questão do voto por correspondência ou por margens que exigem intervenções do tribunal ou decisões políticas a nível estadual, então aí Trump vai lançar toda a sua influência e desrespeito pela verdade para provocar o caos. Vai ter muito que ver com o poder estadual, porque os Estados, na verdade, são quem controla o processo de atribuição dos grandes eleitores.

[LER_MAIS]

As pessoas votam no vencedor do Estado, que determina os grandes eleitores, que são os representantes dos Estados no colégio eleitoral que elege o presidente dos Estados Unidos.
Havendo dúvidas acerca do vencedor, o Estado, por sua vez, quando tiver de decidir em quem é que os seus delegados vão votar, pode ficar numa posição difícil, que é a de esperar por uma decisão, nomeadamente, judicial, mas com a data da reunião do colégio eleitoral a aproximar-se. Foi isto que aconteceu em 2000 com a Flórida, quando o Supremo parou a recontagem na Flórida e disse que o vencedor foi George Bush.

Depois de meses de protestos nas ruas, o que pode acontecer?
Se estivermos a falar de um pedido de recontagem em que as diferenças são de 100 mil ou 150 mil votos, não vai ter impacto. Em diferenças muito curtas, e se esse Estado for decisivo, vai criar-se um caldo muito problemático. Nos três Estados que ficaram mais próximos em 2016 – Wisconsin, Michigan e Pensilvânia – os parlamentos estaduais são controlados pelos republicanos e o governador ou governadora é democrata. E ambos são convocados para decidir a questão. Portanto, três Estados completamente divididos, os tribunais reagindo a estes eventos e zonas onde os conflitos raciais são bastante expressivos. É realmente um barril de pólvora prestes a explodir.

As circunstâncias que permitiram a Trump ser eleito em 2016, com vitórias ao milímetro em alguns Estados, podem repetir-se?
As sondagens, em 2016, eram extraordinariamente próximas dos valores que neste momento temos. O que é que sucedeu em 2016? As sondagens não conseguiram captar, sobretudo nesses Estados decisivos, um apoio escondido a Trump, pessoas que não revelavam a sua preferência, e o factor de pouca mobilização dos democratas, pessoas que até diziam que iriam votar Hillary e depois não se deram ao trabalho. A dúvida é se o fenómeno se pode repetir. Eu diria que é pouco provável porque as empresas de sondagens corrigiram os seus métodos e em segundo lugar porque Biden não é uma figura polarizadora. Não entusiasma mas também não aliena.

Como se explica que o mesmo país que elegeu Barack Obama tenha eleito Donald Trump e lhe dê uma segunda oportunidade para ocupar a Casa Branca?
Penso que tem que ver com a enorme polarização que o país vive, que é uma situação que decorre já desde os anos 90. Parte, também, do facto de a sociedade americana estar quase dividida a meio. Há dois blocos eleitorais fortíssimos. O país que elegeu Obama não precisou de se transformar para votar em Trump. Essa tendência vai manter-se. Independentemente de Biden ganhar, o país continuará dividido.

Mas o partido Democrata não está nesta eleição precisamente a procurar evitar perder um posicionamento moderado?
Em parte a estratégia foi essa, mas não acho que tenha sido ingénua. Ou seja, a escolha de Biden foi claramente uma figura emocionalmente neutra para o eleitorado. Não é particularmente radical em nenhuma matéria relevante e por isso é um pouco aquele candidato que não provoca anticorpos nem rejeição. Mas o partido Democrata está a receber uma influência cada vez mais crescente de um grupo que nós podemos chamar radical apenas no sentido em que é um grupo muito à esquerda dentro do partido Democrata. E isso é razoavelmente inédito associado a uma dinâmica vencedora.

Sem a pandemia, que veio provocar a maior contracção da economia já registada nos Estados Unidos e a maior taxa de desemprego em 80 anos, Trump estaria na mesma posição nas sondagens?
Não. Antes do contexto pandémico, Trump aparecia em muito melhor posição. A conjugação de uma suposta má gestão da pandemia com os dados do desemprego e da contracção económica mostrou uma fragilidade muito grande do presidente e o descontentamento entre o eleitorado é muito maior. Penso que Trump estaria em muito boas condições para conseguir a reeleição sem estes eventos.

Biden é o que o partido Democrata precisa neste momento e o melhor que tem para oferecer aos eleitores?
Houve um efeito eucalipto da família Clinton e da própria figura do Obama. Parece-me que há uma dificuldade de o partido Democrata se renovar e ser capaz de apresentar figuras com projecção nacional, fundamentalmente credíveis. Nesse aspecto, Biden é um bocadinho o que havia para oferecer. Por outro lado, cumpre o critério essencial, que era o da tal figura não polémica. É um democrata convencional, o chamado candidato de segurança. O partido Democrata fez uma opção altamente pragmática e provavelmente a que tinha mais condições de sucesso.

E que futuro se antevê para o partido Republicano no pós-Trump, principalmente, se Trump conseguir a reeleição?
Os republicanos neste momento têm o controlo da maior parte dos parlamentos estaduais, o maior número de governadores, o controlo do senado e até há dois anos tinham o controlo da câmara dos representantes. O partido Republicano é demasiado complexo e alargado para se tornar refém de uma só figura. Agora, Trump tem dado voz a uma secção do partido Republicano que é a mais populista, em detrimento de um republicanismo mais tradicional.

Num cenário pós-Trump, é mais provável que a secção populista se volte a diluir no todo do que ter a capacidade de reconfigurar o partido?
Sim, sem dúvida. Até porque os partidos americanos, pelo sistema eleitoral, exige-se que sejam chapéus de chuva ideológicos, acomodam sensibilidades muito distintas. Portanto, o partido Republicano, face à derrota de Trump, seja agora ou daqui a quatro anos, vai reconstruir-se a partir da prevalência das ideologias que existem no seu interior. Não vai ficar órfão de Trump.

Entre a Marinha Grande e a América
 
Cresceu na Marinha Grande, que deixou para ingressar na Universidade de Lisboa, onde obteve o doutoramento em Filosofia Política com uma dissertação dedicada ao pensamento de James Madison e ao constitucionalismo norteamericano. Escreveu Sistema Político e Eleitoral Norte- Americano: um Roteiro (incluído em O Regresso da América, de Viriato Soromenho- Marques) e Razão e Liberdade – o Pensamento Político de James Madison. Membro e investigador do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, José Gomes André, 39 anos, é professor auxiliar na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde lecciona Filosofia Social e Política, Teorias da Justiça e História das Ideias Políticas Contemporâneas.

 

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