PUBLICIDADE
  • A minha conta
  • Loja
  • Arquivo
  • Iniciar sessão
Carrinho / 0,00 €

Nenhum produto no carrinho.

Jornal de Leiria
PUBLICIDADE
ASSINATURA
  • Abertura
  • Entrevista
  • Sociedade
  • Saúde
  • Economia
  • Desporto
  • Viver
  • Opinião
  • Podcasts
  • Autárquicas 2025
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Abertura
  • Entrevista
  • Sociedade
  • Saúde
  • Economia
  • Desporto
  • Viver
  • Opinião
  • Podcasts
  • Autárquicas 2025
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Jornal de Leiria
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Home Entrevista

José Manuel Mendonça: “Para sermos mais ricos e mais desenvolvidos temos de exportar produtos sofisticados”

Raquel de Sousa Silva por Raquel de Sousa Silva
Dezembro 18, 2021
em Entrevista
0
José Manuel Mendonça: “Para sermos mais ricos e mais desenvolvidos temos de exportar produtos sofisticados”
0
PARTILHAS
0
VISUALIZAÇÕES
Share on FacebookShare on Twitter

Quais são as megatendências e políticas públicas para a ciência e a inovação na indústria?
As megatendências aplicam-se aos grandes desafios da sociedade e à forma como a tecnologia lhes tenta responder. São, hoje em dia, a transição digital, a transição ecológica, a energia e a água, as grandes metrópoles urbanas. Há um conjunto de megatendências no mundo e a resposta a elas tem de ser feita através da tecnologia, da ciência, do conhecimento e da política pública. Em Portugal, a política pública de resposta a estas megatendências segue as grandes orientações europeias. A Europa decidiu, nomeadamente, que a transição ecológica e ambiental é um dos grandes desafios, tal como a transição digital. No primeiro caso, porque a Europa lidera as questões ambientais, mas na parte digital está atrasada, nomeadamente em relação aos Estados Unidos e a alguns países asiáticos.

Quais as consequências destas tendências na indústria?
Os produtos e serviços de base tecnológica baseados noutros produtos e sistemas que a indústria portuguesa desenvolve ou exporta têm de acompanhar estas tendências, nomeadamente em tudo o que diz respeito à economia circular, racionalização da energia e dos consumos de materiais, utilização de materiais reciclados. Por outro lado, os processos de fabrico e os produtos cada vez mais embebem tecnologias digitais. A indústria tem de seguir, e se possível antecipar, estas transformações. Um aspecto muito importante são os incentivos. Tanto a nível europeu como em Portugal, os incentivos de política pública têm dois níveis: o pau e a cenoura. O pau é a regulamentação, as exigências, as multas, as penalizações; a cenoura são os incentivos para modernização, para produzir menos CO2, para melhorar equipamentos produtivos.

Qual desses dois níveis tem sido mais usado em Portugal?
Têm sido ambos usados. Não temos grande razão de queixa de falta de incentivos financeiros e outros. Podemos queixar-nos é que esses incentivos financeiros estão rodeados de um colete burocrático e administrativo que faz com que muitas vezes as empresas sejam desencorajadas a utilizá-los, porque têm uma trabalheira enorme e os incentivos podem não cumprir o objectivo que tinham de partilhar o risco, porque as respostas demoram muito tempo, os projectos levam anos a serem avaliados e entretanto a inovação fugiu, as oportunidades goraram-se. Não é preciso mais, mas sim melhor apoio financeiro e melhores procedimentos por parte da máquina do Estado. As empresas poderiam utilizar mais frequentemengte e com mais eficácia estes incentivos de política pública se não estivessem rodeados de uma roupagem burocrática às vezes paranóica.

[LER_MAIS] A ciência e a tecnologia têm sido suficientemente colocadas nas prioridades das agendas políticas?
Só começámos a preocupar-nos com ciência, tecnologia e inovação no fim dos anos 80, com a entrada na União Europeia. Antes não tínhamos nada: nem comunidade científica, nem laboratórios, nem investigação. Só a partir dos anos 80, com os fundos estruturais e acesso aos grandes programas europeus é que o tema passou a estar em cima da mesa. Mariano Gago foi o primeiro ministro que conseguiu pôr a ciência na agenda política, e mediática, e influenciar um primeiro ministro e os outros ministros de que a ciência era importante. A partir daí nunca mais a ciência, tecnologia e inovação deixaram de fazer parte da política pública, com programas, incentivos e apoios financeiros. Infelizmente, a burocracia de hoje é superior àquela que havia há dez ou 20 anos, também porque, inevitavelmente, há sempre abusos. Abusos pontuais redundam numa imagem de que é preciso fiscalizar e controlar. É um disparate, porque a utilização dos fundos estruturais para a ciência, tecnologia e inovação nunca teve problemas de mau uso. Pode ter havido noutros sectores, mas nesta área os problemas que houve são irrelevantes. O resultado desta política de décadas é que hoje, comparando com os países europeus e com os países da OCDE, Portugal está bastante bem a nível de número de investigadores, publicações científicas e até no que respeita à inovação empresarial melhorou muito.

Mas ainda há muito a fazer…
Qual é o nosso ponto fraco? Apesar de tudo, ainda não somos capazes de transformar em valor económico todo o potencial científico e de conhecimento que temos. Estamos muito melhor, e isso viu-se na capacidade que a indústria portuguesa teve de reagir à crise financeira. Em dez anos, passámos de exportações de 27% do PIB para 44%. Isto porque começámos a ter capacidade exportadora em sectores mais sofisticados, a aumentar o valor do que exportámos, em resultado da incorporação da tecnologia e da inovação nas empresas. A balança tecnológica, que é a diferença entre a tecnologia que importamos e a que exportamos, que sempre tinha sido negativa, em 400, 500 e 600 milhões de euros, passou a partir de 2016 a ser positiva. E em 2019 era de 600 ou 700 milhões de euros positivos. Passámos de importadores a exportadores líquidos de tecnologia. Claro que é porque temos cá multinacionais, mas também porque as empresas portuguesas, nomeadamente as do sector dos moldes, tiveram grandes aumentos de incorporação de investigação.

O que falta fazer para transformar em valor económico o potencial científico e de conhecimento?
Os especialistas dizem que Portugal devia ter um volume de exportações superior a 50% do PIB. As economias mais pequenas, que querem ter qualidade, têm de exportar muito. Por outro lado, as nossas exportações ainda são muito de produtos pouco complexos, pouco sofisticados. Os maiores sectores exportadores são o turismo e os transportes. É dos livros que para sermos mais ricos e mais desenvolvidos temos de exportar produtos sofisticados. Os automóveis são produtos sofisticados; os moldes estão numa zona média alta de sofisticação. Mas o turismo não é sofisticado. Servir cervejas ao balcão não é sofisticado. Vemos ter de crescer nos sectores com maior complexidade de produtos e serviços e para isso precisamos de ciência, tecnologia e inovação.

Os fundos europeus deram um grande contributo para o avanço da ciência e da tecnologia em Portugal. O que se espera do PRR e do Portugal 2030?
Espera-se que nos ajudem a continuar nesta via, indo ao encontro das referidas megatendências. Se formos à revelia, vamos dar-nos mal. Vamos ter de exportar mais, mas respeitando as megatendências: produtos resultantes de processos de produção circulares, com cada vez maior digitalização, porque ela traz “inteligência” para os processos. O trabalhador de chão de fábrica não é o de há 15 ou 20 anos. Deixa de ser o trabalhador com aptidão manual que trabalha com as mãos ou máquinas simples para passar a ser alguém que tem de ter grande capacidade intelectual para operar máquinas e robots complicados. Os grandes clientes europeus da indústria portuguesa só vão comprar em Portugal se cumprirmos as regras.

A tecnologia pode fazer muito para ajudar as empresas a serem mais competitivas e inovadoras…
A ciência e a tecnologia não são a panaceia universal. E às vezes as pessoas têm expectativas irrealistas da ciência. Por vezes chega a um patamar em que aquilo que é verdade hoje pode ser mentira daqui a um mês. É preciso estar sempre alerta. E as empresas têm de fazer aquilo a que se chama vigilância tecnológica, têm de procurar as soluções de futuro, de ver o que faz a concorrência. A tecnologia e a ciência têm muito para dar e todos os anos há avanços, pelo que há que ser capaz de as converter em inovação nos produtos, processos e serviços. Não chega ter conhecimento, ter patentes, comprar máquinas, é preciso ser capaz de rentabilizar esse investimento, ter produtos inovadores e colocá-los no mercado com sucesso.

Os investigadores têm a preocupação de que os seus projectos tenham relevância e aplicação social e económica?
Há dois tipos de investigadores: os que fazem o seu trabalho em busca de novo conhecimento e publicam artigos científicos, mas não estão muito preocupados com a sua aplicação. Até porque muitas vezes a investigação aplicada é menos sofisticada e menos reconhecida na comunidade científica do que a investigação fundamental. Também porque é mais difícil publicar um artigo científico com o caso de uma fábrica e dados reais do que uma coisa laboratorial e teórica. Por isso, há muitos investigadores que olhando para a sua carreira de uma forma egoísta querem é situar-se numa investigação mais fundamental e menos dirigida. Depois há os investigadores – que muitas vezes estão em institutos – que têm vontade de que a ciência que desenvolvem tenha impacto, social e económico. Portanto, escolhem problemas reais para atacar com as ferramentas científicas. E tentam desenvolver a sua investigação de forma a conseguir soluções para esses problemas. Temos em Portugal, sobretudo nas áreas de engenharia, muita investigação junto das empresas. Temos de ter mais e melhores investigadores a querer resolver problemas reais.

Tem aumentado o recurso, por parte das empresas, às universidades, politécnicos e institutos de investigação para resolver problemas?
Sim. E tem de aumentar mais. Diria que neste momento nenhuma empresa portuguesa que se preze se dá ao luxo de não ter numa área ou noutra projectos com universidades. As empresas não conseguem internalizar todas as competências, isso seria um investimento brutal.

O Inesc tem parcerias com centenas de empresas. Há entre elas algumas do distrito de Leiria?
Há. Colaboramos com o Centimfe e trabalhamos com muitas empresas industriais, de moldes e metalomecânica, sobretudo na área da automação, da informática industrial e da digitalização.

Saem do instituto muitos investigadores que vão para empresas nacionais, mas também lá para fora. É uma dinâmica desejável?
Todos os anos saem do Inesc entre 200 e 250 pessoas. Temos investigadores universitários que são professores, temos doutorados, contratados e que não são professores, que fazem investigação e projectos, e alunos de doutoramento e de mestrado, e outros que não querem que a investigação seja a sua vida, mas estão a adquirir competências para depois irem para as empresas. No total somos praticamente mil. Saem todos os anos alunos que terminam os doutoramentos ou os mestrados; e saem seniores, que gostaríamos que não saíssem. Vão para empresas nacionais e internacionais. Mas às vezes voltam. Temos pessoas que foram para a Toyota ou para a McLaren e regressaram ao Inesc. Essa dinâmica é boa e tem uma vantagem: a idade média dos investigadores é sempre baixa.

São recorrentes as queixas de que é difícil ser investigador em Portugal, muitos vivem de bolsas e não têm vínculos estáveis. Tem havido algumas melhorias?
Tem havido grandes melhorias e há que reconhecer que uma das bandeiras do actual governo é o emprego científico. Saiu legislação que dificulta a contratação sucessiva de uma pessoa com bolsa. Pode tê-la enquanto está em formação, enquanto faz mestrado ou doutoramento, depois de o acabar pode ter bolsa uns meses, mas depois tem de ter um contrato. Tem havido financiamento para esses contratos. As instituições têm de arranjar para esses contratos um modelo de financiamento que não dependa só do Estado. Têm de arranjar projectos para pagar o contrato. É que um contrato custa o dobro de uma bolsa, devido aos impostos e contribuições para a Segurança Social. E há legislação laboral que faz com que rapidamente um contato venha a ser um posto de trabalho permanente. E as universidades e instituições têm medo: como é que vão pagar? Por isso têm de assegurar determinada dimensão de projectos, têm de ir buscar financiamentos à Europa, às empresas, para poderem fazer contratos. É o que nós fazemos. Temos actualmente cerca de 220 contratados, dos quais entre 120 e 130 antes tinham bolsa. Têm de gerar valor e fazer coisas úteis para as empresas, ou não conseguimos arranjar projectos para lhe pagar. Quando se substituem bolsas por contratos, há um funcionamento mais empresarial.

Carreira
Presidente do Conselho Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação

José Manuel Mendonça licenciou-se em Engenharia Electrotécnica na Universidade do Porto e obteve o Ph.D em Engenharia Electrotécnica no Imperial College of Science and Technology, no Reino Unido. É presidente do Conselho de Administração do Inesc Tec desde 2005. Professor catedrático no Departamento de Engenharia e Gestão Industrial da Facultade de Engenharia da Universidade do Porto, é também presidente do Conselho Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação e delegado nacional no Fórum Europeu para a Transição Digital. É ainda representante de Portugal no ERA Forum for Transition e director nacional do Programa UT Austin Portugal, fellow do IC2 Institute da Universidade do Texas, em Austin, assim como membro do High Level Group da Plataforma Tecnológica Europeia Manufuture. Durante a última década, foi presidente do Conselho de Administração do CoLab Forestwise, vice-presidente da Agência de Inovação, administrador executivo da Fundação Ilídio Pinho e administrador não executivo de três empresas de base tecnológica: Tech M5, Fiversensing e Kinematix. Foi ainda director científico da rede UTEN, no Programa UT Austin Portugal, delegado nacional ao Comité de Programa em diferentes programas europeus de investigação, como o Innovation and SME’s (FP5) ,Growth (FP5), NMP (FP6) e ICT (FP7) e foi ainda coordenador e avaliador de diversos projectos europeus no âmbito do Programa Esprit (FP4 e FP5).

 

 

 

 

 

Etiquetas: entrevistainesc tecjose manuel mendonça
Previous Post

Fábrica das Tradições já abriu na Marinha Grande

Próxima publicação

Pedro Sequeira: “Dificilmente um jovem não encontra uma modalidade que lhe dê prazer”

Próxima publicação
Pedro Sequeira: “Dificilmente um jovem não encontra uma modalidade que lhe dê prazer”

Pedro Sequeira: “Dificilmente um jovem não encontra uma modalidade que lhe dê prazer”

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

  • Empresa
  • Ficha Técnica
  • Contactos
  • Espaço do Leitor
  • Cartas ao director
  • Sugestões
  • Loja
  • Política de Privacidade
  • Termos & Condições
  • Livro de Reclamações

© 2025 Jornal de Leiria - by WORKMIND.

Bem-vindo de volta!

Aceder à sua conta abaixo

Esqueceu-se da palavra-passe?

Recuperar a sua palavra-passe

Introduza o seu nome de utilizador ou endereço de e-mail para redefinir a sua palavra-passe.

Iniciar sessão
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Opinião
  • Sociedade
  • Viver
  • Economia
  • Desporto
  • Autárquicas 2025
  • Saúde
  • Abertura
  • Entrevista

© 2025 Jornal de Leiria - by WORKMIND.