Prestar homenagem à aldeia de Outeiro do Louriçal, terra natal do pai e dos avós paternos, mas também às suas gentes e às suas casas e tradições. É este o objectivo do convite que Mickaël Cordeiro, jovem luso-francês com raízes familiares no concelho de Pombal, fez a Mário André, ilustrador e arquitecto, para pintar sete casas antigas da aldeia do Outeiro do Louriçal.
O resultado vai ser exposto, no início de Agosto, nas ruas da aldeia, mas a intenção é que venha também a ser exibido noutros espaços, como restaurantes, bares e museus da região.
Esta é mais uma iniciativa promovida por Mickaël Cordeiro tendo como pano de fundo as suas raízes. Numa nota de imprensa, o jovem que trabalha como analista de media para grandes marcas internacionais, explica que tudo começou com a criação de grupo privado da aldeia no facebook.
“Senti nalgumas pessoas uma vontade muito forte, que também era a minha, de homenagear a nossa aldeia, as suas gentes, as suas casas, as suas tradições”, conta. Começou por organizar passatempos à volta das estórias contadas pelos mais velhos da aldeia e por recolher fotografias das festas e da vida no campo.
No ano passado, organizou o ‘jogo das ruas’, com a colaboração de Ana Formigo, fotógrafa de Pombal, que captou imagens das ruas, com as pessoas a serem depois desafiadas a descobrir onde é que tinham sido tiradas.
“Este ano, convidei o Mário [André Luz], para pintar sete casas antigas e as pessoas tinham de adivinhar em que rua se situavam”, conta. Naquele comunicado, Michaël Cordeiro refere que a escolha do artista surgiu depois da leitura de um artigo no jornal Público sobre um trabalho de Mário André Luz no Algarve.
“A estética dele seduziu-me. Ele pinta sem embelezar a realidade. Era isso que eu queria para a minha aldeia, alguém que pinte as casas como elas estão, umas a ruir, outras com vidros ou telhas partidas, cores atípicas, e tudo o que há em volta: postes eléctricos, ervas daninhas”, salienta o jovem luso-descendente.
A propósito do presente projecto, Michaël Cordeiro recorda, numa publicação que fez na sua página de facebook, o que, certo dia, lhe disse um amigo francês: “Disse-me: ‘Vocês portugueses, têm todos em vossa casa uma fotografia da vossa casa’. Na altura, sorri porque era verdade, mas também porque o que ele via nessas fotografias não era o que nós, residentes ou com origens nessas aldeias, vemos. Não são apenas casas. São extensões dos nossos corpos e dos nossos antepassados. (…) São caixas de memórias”.