“Dizem que os jovens não têm ideias, mas têm e esta foi brutal”. As palavras são de Nelson Silva, residente em Tomar, e referem-se ao baloiço do Talegre, criado por iniciativa de um grupo de jovens de Ourém e que, nas últimas semanas, tem levado centenas de pessoas à serra de Alburitel.
João Gonçalves, Francisco Sousa e Ricardo Bento, os mentores, contam que a ideia surgiu “entre petiscos”. Queriam criar algo que pudesse “valorizar um local emblemático da freguesia”, situado no alto da serra e onde existe um marco geodésico, que a população baptizou por Talegre.
“É um espaço que as pessoas da terra apreciam muito. Queríamos que outros pudessem também tirar prazer deste local”, recorda João Gonçalves. A opção pelo baloiço surgiu após uma visita à serra da Lousã, onde existe um semelhante, o de Trevim.
Idealizado o projecto, era necessário o aval da Junta de Freguesia para avançar com a sua concretização. A reunião no local aconteceu no dia 1 de Maio e no dia seguinte os troncos que sustentam o baloiço “já estavam no ar”.
Duas semanas depois, era inaugurada esta primeira fase dos trabalhos, que incluiu a limpeza do espaço e a colocação de bancos em madeira, feitos pelos jovens com ajuda de outros populares. Houve ainda empresas que cederam materiais, o mesmo acontecendo com a Junta.
Com a ajuda das redes sociais, o baloiço tornou-se, em poucas semanas, um ponto de atracção à serra de Alburitel. “Já aqui encontrámos pessoas de Lisboa, do Algarve e do Norte do País. Não estávamos à espera deste impacto”, assume João Gonçalves, contando que o local até já foi palco de um pedido de casamento.
[LER_MAIS]“O casal tinha viagem marcada para os Açores, onde o rapaz ia fazer o pedido, mas devido à pandemia não puderam ir. O pedido acabou acontecer no baloiço e este vai ser o tema do casamento”, revela.
Quem já sente também o impacto positivo da nova atracção turística de Alburirel é Nelson Silva, que o JORNAL DE LEIRIA encontrou na última sexta-feira junto ao baloiço com a filha Maria, e a esposa, que têm uma casa de petiscos na freguesia.
“Notamos mais movimento, sobretudo ao fimde- semana. As pessoas vêem as notícias e as imagens nas redes sociais e querem vir ver como é”, conta Nelson Silva. Foi isso que aconteceu com Francisco Fazenda e Ana Câmara, um casal de namorados residentes em Torres Novas que aproveitou o dia de folga para conhecer o baloiço do Talegre.
“Tem um óptimo enquadramento. A vista é muito agradável. Foi uma boa ideia, que pode ajudar a dinamizar um pouco a freguesia. Se não fosse o baloiço, não viríamos aqui”, diz o jovem.
Confessando-se “surpreendidos” com o impacto da sua iniciativa, João, Francisco e Ricardo já têm outras ideias para valorizar o local. O próximo passo será o melhoramento do circuito de manutenção e dos trilhos já existentes na serra. Está também prevista a colocação de um mapa com a identificação desses percursos. Ideias que, tal como aconteceu com o baloiço, foram prontamente aceites pela junta de Freguesia.
“Recebemos a iniciativa com muito gosto e orgulho. Este é um espaço que faz parte da memória colectiva da população, que importa preservar e valorizar”, assume Engrácia Carriço, presidente da Junta, também ela apanhada de surpresa com o impacto do projecto, que inicialmente foi encarado “quase como uma brincadeira’ para a freguesia, que tem menos de 1200 habitantes.