Debater temas da actualidade, abordar as preocupações dos mais jovens e o funcionamento do sistema político para desconstruir ideias e abrir a política aos jovens foi o mote do projecto Levar a Política à Escola, que terminou recentemente.
Jovens representantes dos partidos com assento na Assembleia Municipal de Leiria percorreram as escolas secundárias e profissionais do concelho, onde a riqueza do debate e a aprendizagem se fizeram como se estivessem num grupo de amigos a discutir diferentes posições, com respeito e elevação.
“Podemos comportar-nos como adversários políticos e não como inimigos políticos”, admite Frederico de Moura Portugal. O elemento da Comissão Coordenadora Concelhia e Distrital do Bloco de Esquerda considera que esta iniciativa contribuiu para o “crescimento e espírito crítico” dos jovens, onde todos aprenderam. “A política formal não é a única forma de participação activa na sociedade”, esclarece.
Também o secretário-geral da Juventude Social Democrata de Leiria entende que o projecto foi um “ganho para todos”, revelando que temas como habitação, salários, economia, imigração e saúde foram os mais discutidos, o que mostra que nem todos os jovens estão alheados, como por vezes se quer fazer crer.
Francisco Pedro exemplifica com a vontade de os jovens estarem informados. “Há alunos que mostraram interesse e conectavam-se nos debates, fazendo perguntas e rebatendo algumas respostas”, constata o social-democrata.
Este jovem defende que estas iniciativas tenham continuidade e acredita que esta foi uma oportunidade para aproximar os alunos aos partidos. “O facto de sermos jovens como eles e de já termos estudado nas suas escolas coloca-nos quase ao seu lado e mostra que é possível fazer algo. Só a discussão dos assuntos já valeu a pena”, frisa Francisco Pedro.
Política não é um monstro
Frederico de Moura Portugal acrescenta que a “política não é um monstro” e esta iniciativa permitiu passar essa mensagem. “Tudo o que ajude a desconstruir o que é a vida política é bom. Não é com dois debates que se desconstrói, mas é um processo que tem de ser feito”, reforça, ao defender que o projecto deve continuar para que “os jovens não fiquem na sua bolha”.
“A diversidade de políticos presentes permitiu o contraditório e o esclarecimento de ideias. Foi um debate ideológico elevado e aguerrido”, afirma o jovem do BE.
Francisco Pedro acrescenta que os encontros foram “bastante saudáveis, com pequenas picardias” entre os partidos. Dar voz aos alunos foi um dos objectivos deste projecto assim como contribuir para a literacia política, assume Anabela Graça.
A vereadora da Educação na Câmara de Leiria afirma que Levar a Política à Escola permitiu aos “representantes partidários apresentarem as suas estruturas, os seus valores, a sua actividade, e simplificar um pouco a política e a relevância da sua participação activa”.
“Este projecto desperta a consciência democrática dos jovens, a sua participação cívica e vai dotá-los de competências necessárias para o exercício informado da cidadania. É uma comunicação de jovens para jovens, com ideias e perspectivas diferentes, mas é importante posicionarem-se e construir pontes.”