Filipe Albuquerque, Ricardo Porém ou João Ferreira. Este são só alguns dos nomes que Pedro Mendes Alves consegue enumerar daqueles que já conquistaram diversos títulos nacionais e internacionais em provas de automobilismo e que, em comum, têm no início da carreira a passagem pelo Kartódromo Internacional de Leiria.
O presidente do Núcleo de Desportos Motorizados de Leiria (NDML) admite que já não consegue contar todos os pilotos de renome que se formaram no asfalto localizado na freguesia de Milagres, lacuna que “é gratificante”.
O Kartódromo Internacional de Leiria foi inaugurado há 30 anos e mantém-se mais vivo do que nunca, com actividade ininterrupta durante todo o ano, desde particulares que querem ter a experiência de conduzir um kart, a empresas que dinamizam actividades de team building, até pilotos profissionais que se deslocam a Leiria para participar em diversas etapas do Campeonato de Portugal de Karting.
O sonho de construir um kartódromo começou há mais de 30 anos, quando um grupo de amigos criou o NDML, ainda em 1982. O propósito inicial era “ver filmes” de provas desportivas já que, na altura, “poucas imagens havia” das competições que decorriam pelo mundo fora.
Pedro Mendes Alves era um dos jovens aficionados pelo desporto automóvel que, todas as quartas-feiras, ansiava por ver o conteúdo que as cassetes apresentavam, e ainda se lembra como o núcleo cresceu.
“Fomos organizando provas de perícia, na altura conseguimos ter o alvará de organizador”, conta o presidente do NDML, ao recordar que a actividade do grupo sofreu um interregno nos anos 80.
Em 1986, o Passeio Rota do Sol veio ajudar a revitalizar o NDML e, pouco tempo depois, surgiu o projecto do kartódromo.
“Em 91/92 lançámos o projecto da construção do kartódromo. Houve várias tentativas de fazer um kartódromo aqui na zona, por diversas entidades, mas nunca se andou para a frente. Na altura, lançámos este projecto do kartódromo e do Rallye Verde Pino, que é uma das nossas bandeiras, e que teve um enorme êxito na altura”, afirmou o dirigente.
A Junta de Freguesia dos Milagres cedeu o terreno e, após dois anos de empreitada, o espaço foi inaugurado a 31 de Janeiro de 1994.
Desde logo, o traçado daquele circuito foi considerado “uma referência a nível nacional”. “Qualquer afinação de carro que façam, se ele andar aqui bem, praticamente anda bem em todas as pistas. Não quer dizer que depois não se façam ajustes, mas se o carro anda bem aqui, nos outros [circuitos] também funciona bem”, relata Pedro Mendes Alves.
Há 30 anos, o recinto do Kartódromo era muito diferente. Nasceu com uma “pistazinha” e as restantes infra-estruturas foram construídas ao longo do tempo, como as boxes, a torre de controlo, a cobertura ou o edifício principal.
A actualização da pista tem sido uma das principais preocupações da direcção, que já desenvolveu diversas obras para adaptar o traçado às condições de segurança exigidas. A última intervenção aconteceu no início do ano e o NDML despendeu cerca de 30 mil euros para dotar de mais condições uma curva que “era muito rápida” e, por isso, susceptível a acidentes.
No total, a pista asfaltada tem 1.006 metros na sua maior extensão e oito metros de largura, com sete circuitos diferentes.
Direcção quer alargar recinto
A ocupar uma área aproximada de cinco hectares, Pedro Mendes Alves assume que uma das prendas que o Kartódromo gostaria de receber neste aniversário era ver o seu perímetro alargado, que possibilitaria uma utilização de lazer.
“Temos um projecto há 20 e tal anos de expansão. Só que não há dinheiro para investir. Era urgente para a nossa região, já para utilizar carros, não só para corridas propriamente”, explicou o responsável, aoadiantar que este alargamento daria a possibilidade à comunidade de “testarem e divertirem-se com os seus carros”, num ambiente seguro e adaptado.
Pedro Mendes Alves assegura que a direcção ainda não perdeu a esperança de concretizar este projecto e, até lá, vai continuar a investir na manutenção do espaço, como tem feito até ao momento.
Trabalho “gracioso” é essencial
Se as provas organizadas pelo NDML correm bem, é graças ao “trabalho gracioso” dos voluntários, que permite ao clube ser “uma referência” no País. “Temos uma máquina já oleada. Temos, às vezes, mais dificuldades em reunir as pessoas necessárias. Para uma prova funcionar, temos aqui por dia 70 colaboradores, e uns têm de ser mais especializados que outros”, comentou.
A colaboração de sócios e amigos do clube permite também, entre outras coisas, que o NDML, através do kartódromo, mantenha actividades sociais em parceria com associações da região. “É como eu digo: enquanto estamos aqui, estamos a trabalhar para a comunidade”, sublinhou Pedro Mendes Alves.