Voa, nome do primeiro álbum, de 2016. É o destino de todo o artista?
Gostava muito que fosse sim a resposta, mas acho que não é o destino de todo o artista. É o destino de todo o artista que se move e se entrega o bastante para o vôo acontecer, isso sim eu creio.
De volta a Portugal, no meio de uma digressão pela Europa. Como é que a Labaq chega a Leiria e à Omnichord Records?
O caso com a Omni foi de amor e se desenrolou de 2016 para cá, quando eu estava vindo a Portugal para uma digressão e fiquei encantada com o trabalho dos First Breath After Coma. Escrevi para eles, me colocaram em contacto com o Hugo Ferreira, conheci o trabalho da Surma em seguida, nos encontramos e para mim foi como achar casa mesmo naquelas pessoas. Ano seguinte, dois dos FBAC saíram em tour comigo para alguns concertos e acho que todos esses detalhes foram selando. Muitíssimo honrada em ser a única artista que não é de Leiria dentro da Omnichord, é mesmo especial e sou grata a eles por abrirem-se tanto a mim.
São as portas que a internet abre?
As famosas portas que a internet abre! Ela foi a ferramenta que permitiu esse primeiro contacto, sim.
Com que objectivos veio para Leiria pela primeira vez?
Primeiríssima vez de todas? Foi para jantar com FBAC, Surma e Hugo.
Vai estar por cá, em Leiria, também desta vez?
Estive já em Leiria para ver todos, devo voltar em Outubro, talvez haja ainda um concerto, talvez seja só a ver essa malta e respirar um pouco o ar tranquilo de Leiria, tão bem vindo no meio da correria que vira os dias, às vezes.
O que mais agrada na música e nos músicos da Omnichord?
O facto de que fazem com todo o amor e entrega possível, todos eles. Também o facto de que estão todos lá para somarem-se uns aos outros e não para competir ou nada que traga esse sentido. É tudo pela música, pela qualidade e por ser fiel ao que vai te fazer mais feliz. Isso é raro demais.
Com quem mais se identifica?
É difícil dizer, todos têm cenas em seus trabalhos que eu gosto muito e me identifico! Se tivesse mesmo que escolher, acredito que seria a Surma, pela cena de também estar sozinha em palco e tudo isso. Mas o Rui Gaspar, como produtor ou músico, também me inspira bastante.
Estar sozinha em palco, no estúdio, no momento da composição e da apresentação ao vivo, significa uma dose acrescida de exposição?
Eu acho que estar envolvido em qualquer forma de expressão artística é estar a expor-se de alguma forma – ou você está fazendo isso errado, me parece. Arte pede essa entrega, a entrega só vem quando você se desnuda ali para aquilo acontecer, medos, crenças, alegrias, tristezas, amores, ódios, tudo está ali, mesmo que você filtre para ir para o palco depois. É uma exposição enorme sim, mas ao mesmo tempo se pode escolher o que expor, então não me desespero muito e lido bem pois sei ter o controlo dessa cena, o que quero mostrar e o que não quero.
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E no processo, entre as músicas e as letras, o que ouvimos é o que Labaq é no íntimo?
Sem dúvida. Não saberia não ser sincera quando se trata de música.
Obrigatórios numa playlist, por estes dias?
Ando a ouvir muito Beck, Sevdaliza e Sylvan Esso, são os favoritos do momento.
E próximo álbum?
Vem já para o ano, primeiro trimestre já teremos esse segundo álbum.
O Brasil deu a bossanova ao mundo, o que é que a nova geração de músicos brasileiros, com natureza mais indie, traz para a indústria da música fora do Brasil?
Acho que, sobretudo, experimentação. Curiosidade, vontade de encontrar nossos próprios sons, sabe? Quando se é brasileira e artista e sai de seu país pra fazer música, a primeira pergunta é se tocas samba, bossa, mpb e essas cenas mais tradicionais e todos que andamos traçando uma carreira fora do Brasil, sinto que estamos tentando mesmo mostrar que o Brasil não tem só essas cenas para mostrar, sabe?
A meio de uma digressão na Europa, tem datas marcadas em Portugal entre 6 e 20 de Outubro, em Braga, Torres Vedras, Fundão e Lisboa. Está também em aberto o cenário de voltar a Leiria para um espectáculo ao vivo. Larissa Baq, 30 anos, cresceu em Franca, no interior de São Paulo, Brasil. Ela explica: "O apelido foi uma cena super boba que não vou contar mas imaginem aí uma história bem boba e que pegou e não saiu nunca mais, por mais que eu quisesse, ha ha! Hoje já é na boa, adoro usar Labaq e sou cómoda com esse nome, claro". Aprendeu guitarra acústica por volta dos 12 anos de idade e um ano depois já tocava guitarra eléctrica em bandas de escola, debaixo da influência de Nirvana e Pink Floyd. Também estudou bateria e percussão, trompete em seguida, envolveu-se no meio do jazz e regressou à guitarra para tocar as suas próprias músicas e ter a autonomia de definir o caminho. Voa, primeiro álbum a solo, é uma edição de 2016. Em Portugal, Labaq é representada pela Omnichord Records, editora com sede em Leiria.