Em Alcobaça, um casal de octogenários decidiu regressar a Portugal após longas décadas de trabalho nos Estados Unidos. Depois de procurar, optou por fazer do Solar de Cister a sua casa. E não é caso único, explica Sónia Fernandes, membro da equipa técnica desta residência para idosos, onde outros casais emigrantes, regressados do Reino Unido e de França, decidiram voltar ao País, mas directamente para uma casa que sintam como sua, onde podem partilhar o seu quarto ou suite, e usufruir de um programa vasto de animação sem deixar de conviver com outras pessoas.
Têm cada vez menos aparência e também têm cada vez menos rotinas associadas a um lar de idosos. Nos últimos anos, têm vindo a proliferar na região de Leiria as residências e as quintas destinadas a idosos, cujo leque de serviços e de valências os aproxima mais de um hotel, de uma herdade turística ou de uma segunda habitação.
Liberdade de horários, serviços como cabeleireiro e esteticista, hortas, ou capelas tornam estes equipamentos em espaços aprazíveis, onde cada utente pode preencher o dia com actividades diversificadas. No caso do Solar de Cister, a residência distingue-se pela sua proposta de animação, que é intensa e variada. Da agenda fazem parte sessões de teatro, de cinema, ginástica, aulas de música ou a horta biológica, exemplifica Sónia Fernandes.
E quase todos os dias se assinala uma efeméride, seja o Dia da Rádio, da Fotografia ou do Beijo, expõe a técnica. Quem prefere permanecer mais tranquilo tem ao dispor salas sossegadas, com televisão. Mas quem prefere confraternizar pode optar por salas de convívio ou pelas zonas ajardinadas, onde se promovem passeios e jogos tradicionais, acrescenta Sónia Fernandes.
Alimentar animais e passear na quinta
Já na Quinta dos Avós, privilegia -se o contacto com a natureza e com os animais. Tendo como preocupação principal oferecer a melhor qualidade de vida aos seus utentes, este lar de apoio a idosos, do Coimbrão, Leiria, alia à qualidade das instalações uma vasta área exterior, com jardins e cavalariças.
Ana Morgado, que há 16 anos decidiu trocar o emprego numa cimenteira para abraçar este projecto, explica que a mais-valia da sua Quinta dos Avós é mesmo a área exterior, uma mancha verde de cerca de 10 mil metros quadrados, onde “há jardins, cabritos, patos, perus, o burro, os cisnes, os gansos e até um papagaio”.
Existem alguns idosos que não dispensam alimentar os animais desta quinta. E quando está bom tempo, o espaço exterior e os bichos são atractivos especiais em torno dos quais se juntam as famílias em visita. O som do animais e os cheiros do chá e ervas aromáticas convidam a visitas longas que animam os idosos.
Quanto aos horários de visita são outro ponto a salientar neste lar. Ana Morgado, sócia-gerente, salienta que é permitida grande flexibilidade no horário das visitas e que até as refeições podem ser tomadas na companhia da família. “Há casos em que o familiar pretende dar a refeição ao utente e há casos onde a própria família chega para comer também, na companhia do idoso”, expõe a responsável.
No interior da Quinta, privilegia- se o espaço, e por isso a capacidade máxima de ocupação do equipamento é apenas de 30 utentes, explica Ana Morgado. Além das actividades de animação regular, a Quinta dos Avós conta com ginásio e fisioterapia, salão de cabeleireiro e capela, nota ainda a sócia-gerente.
Arquitectado para não parecer um lar
Marcos Sanches, sócio da Residência Fátima Sénior, também explica ao JORNAL DE LEIRIA que aquele espaço foi concebido para reunir uma “oferta inovadora e diferenciada”. A começar pela própria concepção física do espaço. Inaugurada em Agosto, a Residência Fátima Sénior “é um espaço de aspecto moderno, que em nada se parece com um lar”, salienta Marcos Sanches, lembrando que, para esse efeito foi solicitado o apoio de uma designer.
O espaço conta com uma equipa multidisciplinar, passando por uma animadora social e enfermeiros disponíveis a tempo inteiro, também pela presença regular de uma médica; conta ainda com uma clínica integrada, onde se prestam consultas de várias especialidades, análises clínicas e exames complementares de diagnóstico.
Mas, a essa segurança e tranquilidade garantidas pelos serviços e pela equipa, o Residência Fátima Sénior associa valências menos convencionais, como o cabeleiro, a esteticista, várias salas de convívio, capela e três mil metros quadrados de área verde, com circuito sensorial (umpercurso pedonal com passagem por várias estações de água e repuxos e flores) e zona de horta.
[LER_MAIS] Os utentes autónomos, que assim desejem, podem usufruir de liberdade de horários, refere ainda o sócio deste equipamento, onde há quem saia durante a tarde e só regresse ao final do dia para jantar e dormir.
Na Primus Vitae, de Fátima, um dos factores de diferenciação, sublinha Ana Reis, directora técnica, é o trabalho desenvolvido pela residência sénior no sentido de manter vivas as raízes dos utentes, apesar da institucionalização. Os passeios regulares são um desses exemplos, nota a directora técnica.
Com frequência são promovidos passeios à praia, à igreja ou à capela da terra natal dos utentes, iniciativas onde são envolvidos outros idosos. A participação em piqueniques e em arreais populares são outras acções exteriores sempre muito apreciadas, frisa Ana Reis. Além disso, toda a animação preparada para a residência é desenvolvida em função das preferências dos utentes, o que tanto passa por aulas de ginástica como de culinária, refere a directora técnica.
Condomínio residencial, a alternativa ao lar
As residências assistidas Montepio Rainha D. Leonor, de Caldas da Rainha, são uma alternativa para quem precisa de cuidados mas prefere manter- se em casa a viver numa instituição. No total são 90 as fracções de apartamentos T0 e T1, construidos em propriedade horizontal, que os idosos podem comprar ou arrendar, e onde podem receber inúmeros serviços ao domicílio.
José Netas, administrador do Montepio Rainha D. Leonor, explica que a compra dos apartamentos é uma possibilidade exclusiva dos sócios do Montepio. Para os restantes interessados existe a possibilidade de arrendamento, com tarifa própria para o dia ou para o mês. E o condomínio tem tido grande procura, sobretudo por parte de idosos do distrito de Leiria.
Entre os serviços ao domicílio, contam-se: refeições, tratamento de roupa, limpeza da habitação, vigilância, enfermagem permanente, acompanhamento clínico e gestão medicamentosa, apoio na higiene pessoal e acompanhamento em idas ao exterior, entre outros cuidados, enumera José Netas.
Novo modelo habitacional nasceu nos países nórdicos
Chama-se cohousing e é um modelo habitacional pensado para quem quer envelhecer rodeado de amigos. Parece ser a aposta ideal para pessoas que rejeitam a ideia de viver sozinhas, mas que também não querem viver institucionalizadas num lar de idosos De acordo com o site Envelhecer, o cohousing é um modelo habitacional que, tendo surgido em países do Norte de Europa, tem vindo a ganhar adeptos, desde a década de 80, noutros países. De acordo com o site, o cohousing funciona como uma opção alternativa à compra ou ao arrendamento de vivenda, e procura ser uma via mais económica, mais ecológica e mais social. A maioria dos projectos são dinamizados por grupos de amigos com afinidades e preocupações comuns, que desejam envelhecer activamente na companhia dos seus amigos, tomando parte de todas e de cada uma das decisões que lhes dizem respeito. Quais são as vantagens? “Viver com amigos numa relação baseada na ajuda mútua; escolher livremente viver ali e participar na definição de como se vive; poder ter um local onde todos podem dedicar-se aos seus gostos e desenvolver as suas competências na companhia de pessoas com afinidades, formando grupos muito abertos e participativos”, descreve o site Envelhecer.