Se, por estes dias, Ricardo Biel é a prova que de Espanha também chegam boas notícias, por outro lado, confirma-se que o bom filho a casa torna.
O projecto Lazyman, que o compositor, guitarrista e cantor de 41 anos fundou e lidera, apresenta-se este fim-de-semana no espaço O Nariz, em Leiria, precisamente a sala onde tudo começou, o cenário do primeiro concerto, há oito anos.
Em 2013, aquando do lançamento do primeiro registo de estúdio como Lazyman, Ricardo Biel já andava por Espanha, a trabalhar como produtor executivo em televisão, nos canais Fox e National Geographic para a Península Ibérica.
A viver em Madrid desde 2008, veio a Leiria, de onde é originário, gravar o disco de estreia, com o título 05 AM e a colaboração de João Santos (The Allstar Project) e Filipe Rocha (Sean Riley & The Slowriders, Cabrita, The Legendary Tigerman).
O segundo álbum, 05 Feet to the Left, apareceu em 2017. E é uma espécie de best of, com canções extraídas de um e de outro, que vai suportar o alinhamento dos concertos no espaço O Nariz, a 13 e 14 de Novembro, sábado e domingo, ambos às 18 horas e já com lotação esgotada.
Ricardo Biel, ou Kiko, como é conhecido pelos mais próximos, fala num “renascer das cinzas”. Depois de vários anos sem tocar ao vivo, com o regresso a Portugal, em Fevereiro do ano passado, redescobriu a vontade de juntar amigos e retomar ensaios, para voltar a levar a palco a mistura de indie folk, pop e rock que se agrupa sob o nome Lazyman e que estava na gaveta à espera de oportunidade.
Com ele estão o baterista Hugo Pires, que fez parte da primeira banda de Ricardo Biel, ainda na adolescência, os Belly Buttons. E que agora de novo o acompanha em Lazyman, com Belmiro Fonte (baixo), Ruben Santos (guitarra e mandolina), Mário Monteiro (guitarra) e Tiago Bastos (teclados e melódica). Este fim-de-semana, n’O Nariz, Ricardo Ribeiro vai estar ao leme da projecção de vídeo.
Em Leiria, depois de alguns meses em Lisboa e uma temporada na Ericeira, Ricardo Biel e Alexandra Franco Silva criaram o próprio negócio e dirigem a BrandTwisters, que se dedica ao desenvolvimento de estratégias de comunicação e marketing, criação e implementação de campanhas, gestão digital e produção de conteúdos.
Deixar Madrid para trás, cidade onde Kiko fundou o colectivo Ego & The Centrics, mais alinhado com as sonoridades rock, antes de começar a registar caseiramente (e por amor à arte) os primeiros temas de Lazyman num formato cantautor, cidade onde actuou em espaços como a discoteca Teatro Barceló, o Café Berlim, o Teatro Alfil, o bar El Intruso e o club Moby Dick, o Teatro del Arte ou o Teatro Karpas, não tem como motivo a pandemia, ao contrário de outros retornos à casa de partida. Deve-se, sim, a uma decisão de vida, alheia ao coronavírus.
“Saudades e perceber que o futuro não passava por lá, no longo prazo”, resume Ricardo Biel.
As próximas canções de Lazyman, que acredita que se revelarão “com naturalidade” na nova banda, vão, com toda a certeza, espelhar a mudança. Sem preguiça, no tempo certo.