Uma alteração de “última hora” colocou Telmo Faria de fora da lista da Aliança Democrática (AD) pelo distrito nas eleições legislativas de 18 de Maio, com o ainda deputado a recusar ir atrás do presidente da distrital do PSD, Hugo Oliveira. “Não por uma questão de lugares, mas de coerência política”, afirma o antigo presidente da Câmara de Óbidos, que, há um ano, foi o cabeça-de-lista, sendo agora substituído por Margarida Balseiro Lopes, ministra da Juventude e da Modernização de Portugal.
Telmo Faria conta que, quando o abordaram para voltar a integrar a lista, lhe transmitiram que, desta vez, a opção do presidente do partido passava por colocar ministros do actual Governo como cabeças-de-lista, para “através do acto eleitoral, validar a actividade governativa”, argumento que compreendeu.
“O que me foi dito é que, como não se queria mexer muito nas lista, para dar estabilidade e continuidade ao processo, todos baixariam um lugar, para permitir a entrada dos ministros escolhidos. Convidaram-se para ser número dois e eu aceitei”, relata o ainda deputado, revelando que o convite para essa posição lhe foi reforçado na véspera da aprovação das listas pelo Conselho Nacional do PSD, que teve lugar esta quarta-feira.
Telmo Faria confessa, por isso, que ficou surpreendido pela posição de “última hora” do presidente da distrital de que “não se sentia confortável por ir atrás” dele na lista. “Houve uma tentativa de me despromoverem, que não aceitei”, afirma o antigo presidente da câmara de Óbidos, lembrando que, nas últimas legislativas, Hugo Oliveira integrou a lista como número dois, ou seja, abaixo de Telmo Faria.
“É uma incoerência política, com a qual eu não lidaria bem e que teria dificudade em explicar aos eleitores. Por isso, apesar da muita insistência para que continuasse na lista [em lugar elegível], preferi não aceitar a despromoção”, alega o antigo autarca, frisando, contudo, que “não se trata de uma questão de lugares”.
Telmo Faria garante que “até podia ir em terceiro ou quarto”, desde que à sua frente “fossem referências políticas no território e junto das nossas populações”. “Não consigo reconhecer ao dr. Hugo Oliveira essa capacidade de ser referência”, assume, lamentando que os órgãos nacionais do partido tenham cedido a “pressões” para dar prioridade ao “líder do aparelho” no distrito em detrimento de “alguém que, há um ano, encabeçou uma lista que alcançou um grande em Leiria”.
O ainda deputado lamenta também que o presidente da distrital do PSD “não tenha querido comunicar enquanto era tempo” e que só no dia seguinte à aprovação da listas se tenha disponibilizado a “esclarecer equívocos”. “Merecia um pouco mais de consideração”, diz Telmo Faria, que lamenta interromper o trabalho que estava a fazer na Assembleia da República, nomeadamente, na Comissão de Assuntos Europeus, à qual presidia.
Confrontado com as declarações de Telmo Faria, o presidente da distrital do PSD começa por “agradecer o empenho e o trabalho” efectuado pelo deputado. Frisando que “a escolha de pessoas traz sempre dificuldades acrescidas em resultado das circunstâncias”, Hugo Oliveira diz que “a distrital fez tudo o que estava ao seu alcance para dignificar as suas escolhas tendo por base o superior interesse dos vários concelhos do distrito”.
O presidente da distrial revela ainda que Telmo Faria “transmitiu em Assembleia distrital no último sábado”, que “estaria disponível para servir o partido em qualquer lugar ou até não fazendo parte da lista”.