Menos de um ano depois de ter sido apresentado, o plano de reabilitação e beneficiação do sistema de drenagem pluvial da cidade de Leiria foi revisto, com o alargamento das áreas a intervir e, em consequência disso, o aumento do investimento previsto, que passa de seis milhões para quase nove milhões de euros (8,3 ME acrescidos de IVA), a executar até 2030.
De acordo com a nova versão do plano, há também obras que vão avançar mais rapidamente. “Não podemos aguardar por intervenções que estão na linha da frente das necessidades”, assume o presidente da câmara, Gonçalo Lopes, recordando que, nos últimos dois anos, houve registo de inundações “onde não era habitual”. Pelo que, foi preciso alargar o plano a outras zonas “críticas” e acelerar o ritmo de execução.
“Temos de fazer intervenções já”, admitiu, durante a reunião de executivo de terça-feira. De acordo com o plano, apresentado pelo vereador Ricardo Gomes, a primeira obra a avançar abrangerá as ruas Dr. António Costa Santos e da Restauração, cujos problemas de drenagem têm provocado inundações na zona da Fonte das Três Bicas. Estimada em cerca de 630 mil euros (mais IVA), a empreitada deverá ser adjudicada nas próximas semanas e tem um prazo de execução de 180 dias.
Seguir-se-á a intervenção nas ruas de São Miguel (junto ao Centro de Emprego) e Emídio Agostinho Marques, com um custo na ordem dos 616 mil euros (mais IVA), que contemplará a criação de duas bacias de retenção nas imediações do Bairro da Integração.
Entre as obras prioritárias, com concurso a lançar “em breve”, está a primeira fase da remodelação da rede pluvial da urbanização de São Romão, onde, em momentos de maior precipitação, se tem registado “o extravasamento dos colectores existentes”, frisou Ricardo Gomes.
Segundo o vereador, estão também consideradas como áreas “críticas” as ruas D. José Alves Correia da Silva e dos Romeiros, na Cruz da Areia, a zona da rotunda D. Dinis e a urbanização do Telheiro, a juntar ao centro histórico, que já estava contemplado no plano inicial, com a reabilitação do caneiro e a construção de coletores em pressão e de uma estação elevatória no Largo Papa Paulo VI. A requalicação no caneiro, que rondará 1 ME, está em fase de projecto, prevendo-se que a obra avance no próximo ano, adianta Ricardo Gomes.
O plano prevê ainda a criação de um dique de protecção, o desvio de caudais e o reforço da rede de águas pluviais na zona do estádio. O documento propõe também a adopção de “boas práticas” no desenvolvimento do espaço público, para “controlo de caudais na origem”, como a criação de baciretenção, a colocação de pavimentos permeáveis e o aproveitamento das águas pluviais nos edifícios.
O município vai também avançar com um sistema de monitorização da precipitação, que contempla a instalação de três aparelhos de medição (udómetros), um no edifício da câmara, outro na loja do cidadão ou no centro cívico e um terceiro no mercado municipal, e com um projecto-piloto, com a instalação de nove medidores de caudal no caneiro.
Oposição pede mais
Apesar de concordarem com o plano, os vereadores da oposição defenderam a necessidade de ir mais além. “Estamos com paliativos. Só vamos diminuir os problemas”, criticou Álvaro Madureira, chamando a atenção para a necessidade de intervir na rede de água e em sistemas separativos para o saneamento e para os pluviais.
Já Daniel Marques, também vereador independente, defendeu a instalação de sensores de monitorização de caudais ao longo do rio, a montante da cidade, e a execução da bacia de retenção prevista no Plano de Pormenor (PP) das Olhalvas.
“Quando avançar o PP, a obra será construída”, assegurou Ricardo Gomes, referindo ainda que existe já uma estação hidrométrica, localizada nas Cortes, para medição de caudal. O vereador responsável pelo plano de drenagem esclareceu também que as intervenções previstas permitirão “separar as águas domésticas e residuais”, o que terá “impacto na qualidade da água do rio Lis”.