A criação de zonas de ensombramento na cidade e de um espaço verde na Quinta do Alçada, a construção de um esporão “mergulhante” no promontório da Praia do Pedrógão, onde deve também ser feita alimentação artificial de areias, e a elaboração de um programa concelhio de erradicação de espécies invasoras.
Estas são algumas das acções prioritárias propostas pelo Plano Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas de Leiria aprovado, esta terça-feira, em reunião de Câmara.
Leiria torna-se, assim, depois de Cascais, no segundo município do País dispor de um documento desta natureza, que, segundo a equipa do CEDRU – Centro de Estudos e Desenvolvimento Regional e Urbano, que o coordenou, tem como grande objectivo “definir um quadro operacional”, com acções “realizáveis”, que contribua para aumentar a capacidade de adaptação do concelho às alterações climáticas.
E o quadro não é animador. De acordo com o diagnóstico traçado no âmbito Estratégia Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas – que serviu de ponto de partida para o plano agora aprovado -, até ao final do século, as ondas de calor vão quadruplicar no concelho, com a temperatura média a subir entre 1 a 4.º graus centígrados, prevendo- -se também que o nível do mar suba até 82 centímetros e haja uma redução entre quatro a 18 dias de chuva por ano.
Assente “numa visão adaptativa”, o plano propõe 103 linhas de intervenção, onde se incluem as 54 acções prioritárias a concretizar na próxima década. São, por exemplo, defendidas medidas para aumentar a capacidade das infra-estruturas hidráulicas, a criação de uma unidade de bombeiros “em prontidão” na zona de Colmeias e Memória e a elaboração de um estudo hidrológico do concelho.
É também proposta a constituição de um Conselho Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas, que assegure que o plano é executado, e a instalação de um sistema municipal de monitorização dos parâmetros climáticos.
[LER_MAIS] Durante a apresentação do documento, o representante do CEDRU frisou que a sua concretização “não depende apenas do Município, mas requer também a intervenção da Administração Central e a “sensibilização dos actores económicos e da comunidade” em geral.
“Não deve ser um documento muito bonito para ficar na gaveta. Devemos implementá- lo”, reforçou Ana Esperança, vereadora do Ambiente.
Também Álvaro Madureira, vereador do PSD, concordou que se trata de um documento “fundamental para que haja uma linha agregadora de combate e adaptação às alterações climáticas”. Considerou, contudo, que o mesmo devia ser articulado com os concelhos vizinhos e defendeu a inclusão da Mata dos Marrazes na lista de territórios vulneráveis prioritários.