A redução das emissões de gases com efeitos de estufa e a preparação e resposta aos efeitos das alterações climáticas são os principais objectivos do Plano Municipal de Acção Climática (PMAC) do Município de Leiria.
A proposta, apresentada na última reunião de câmara, preconiza a adopção de quase uma centena de medidas, a executar até 2050. Algumas, estavam já previstas no Plano Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas, aprovado em 2017, e que é agora revisitado, com um foco centrado na acção.
A meta é chegar a 2050 com uma redução de 90% das emissões de gases com efeito de estufa, a obter de forma faseada (menos 55% até 2030 e entre 65 a 74%, até 2040).
Ao nível da mitigação o documento define 28 objectivos e 56 medidas, distribuídas pelos sectores industrial, agrícola, resíduos, transportes, residencial e serviços, que apontam para o o aumento da produção fotovoltaica, a redução dos consumos energéticos, a electrificação de frotas, o aumento das taxas de recolha e tratamento de biorresíduos.
Já no domínio da adaptação às alterações climáticas, elaborado a partir da identificação e priorização das vulnerabilidades e riscos climáticos e da sua projecção até ao final do século para o território concelhio, estão previstas 39 medidas.
A criação de um espaço verde na Quinta do Alçada, a elaboração de um programa de sensibilização da população em zonas de risco climático mais elevado, a criação de mecanismos de retenção temporária de água são algumas das medidas preconizadas pelo PMAC, que vai agora ser submetido a discussão pública.
O documento prevê ainda a criação de condições para a “amenização sazonal da Praça Rodrigues Lobo e imediações”, através de estruturas de sombreamento (telas, chapéus de sol, entre outros), de vegetação temporária ou de sistemas que aumentem o grau de humidade do ar (pulverizadores, repuxos, corpos de água temporários).
É também defendida a execução de descarregadores de cheia no rio Lis e afluentes, do alteamento da Ponte das Mestras e da passagem ferroviária sobre o rio Lis, bem como a criação de um programa de incentivos para a melhoria do desempenho térmico do parque habitacional e de um plano de replantação das faixas adjacentes a vias de comunicação.
Para a praia do Pedrógão, o PMAC volta a propor a construção de um mergulhante no promontório, bem como a requalificação da frente marítima, que já estavam reflectidas no plano de adaptação de 2017. O documento agora apresentado preconiza ainda a alimentação artificial de areias na frente marítima, quer a norte quer a sul do promontório, e o reforço do cordão dunar.
Em declarações ao JORNAL DE LEIRIA, o vereador do Ambiente, Luís Lopes, frisa que o documento aponta metas “alinhadas com os objectivos de desenvolvimento sustentável e de neutralidade carbónica”, com um plano de acção “bem definido” e com cronograma dos trabalhos a executar.
“É um documento orientador para o futuro de todos”, afirma. Aquando da discussão do assunto em reunião de câmara, Daniel Marques, vereador independente eleito pelo PSD, defendeu que o documento devia ser “mais audaz” e propor a criação de mais comunidades de energia renovável (CER), além das duas apontadas para a zona industrial da Cova das Faias. “Devia haver mais medidas neste domínio.”