Eu tenho dito, de forma reiterada, que a matriz genética de Leiria não é a cultura, mas sim a economia. E, finalmente, o orçamento da Câmara Municipal de Leiria (CML) para 2018 assim o reconhece.
No documento, a CML define como um dos objectivos estratégicos a captação de investimento, assumindo como prioridade a criação da “via verde para o investimento” e tornar Leiria a capital nacional da Indústria 4.0 como forma de criação de riqueza regional e criação de emprego mais qualificado.
Na última edição da Revista 250 Maiores Empresas (Jornal de Leiria), 30% das maiores empresas exportadoras do distrito estão em Leiria, e 56% encontram-se no eixo Leiria/Marinha Grande.
De forma cada vez mais intensiva, os territórios competem entre si para a captação de Investimento Directo Estrangeiro (IDE) e recursos sofisticados que possam alavancar a competitividade regional. Nas últimas três décadas, o que temos observado, à escala global, é que os territórios tem desempenhado uma função crucial de alavancagem da vantagem competitiva das empresas.
Alguns sectores da actividade económica são mais competitivos nuns países do que em outros. E Porquê? Os quatro atributos regionais definidos pela figura abaixo reforçam-se mutuamente, fazendo com que determinados sectores industriais sejam mais competitivos ao nível internacional.
Na passada segunda-feira, foi apresentada aqui em Leiria, através da Mobinov, a estratégia para o cluster automóvel no País. Actualmente, Portugal tem cinco construtoras automóveis que produziram no ano passado cerca de 150 mil veículos.
Espera-se que, em 2020, a produção seja de 300 mil, e a quase totalidade será para a exportação. [LER_MAIS] No domínio da indústria transformadora, o sector automóvel tem uma importância estratégica fundamental e Leiria, através do sector dos moldes, deve desempenhar um papel de território potenciador das vantagens competitivas das empresas. Como?
1.Condições de factores de produção: mão-de-obra qualificada, inovação, conhecimento e I&D.
2. Condições de procura: sofisticação do cliente, aumento da procura automóvel, mudança de paradigma do veículo automóvel.
3. Indústrias relacionadas e de suporte: acentuada cooperação empresarial ao nível do sector e a ligação com a investigação e o ensino superior.
4. Estrutura, estratégia e rivalidade: orientação para o mercado exportador, tecnologia avançada e forte competitividade ao nível internacional. Neste exacto momento, o eixo municipal Leiria/Marinha Grande já se configura num território competitivo e de atracção do IDE (e fundos de investimento).
Basta que haja uma visão mais ambiciosa e estratégica em termos de políticas públicas para que o território possa desempenhar um papel crucial no avanço do cluster automóvel.
Docente do IPLeiria