Não é novidade para ninguém que as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto têm o melhor acesso à ferrovia e rodovia.
Mas como será nas restantes regiões do País? O que mudou entre 1986, aquando da entrada de Portugal na comunidade europeia, e a actualidade?
Um estudo intitulado Sistemas de transportes em Portugal: Análise de eficiência e impacto regional, dos investigadores Álvaro Costa, Joaquim Miranda, Sarmento Vítor Faria e Sousa e João Fragoso Januário, coordenado por Carlos Oliveira Cruz e promovido pela Fundação Francisco Manuel dos Santos tenta dar uma resposta a esta pergunta.
O documento mostra que a população da região Oeste é a 8.º a nível nacional que maior facilidade tem no acesso à rodovia, à frente da região de Leiria, que está em 9.º posto, numa lista onde figuram as 23 NUTS III.
[LER_MAIS]Já no acesso ao caminho de ferro, Leiria está no 7.º lugar, provavelmente devido à Linha do Norte e apesar da depauperada Linha do Oeste.
A região encontra-se atrás das áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa, da região do Ave, da região do Cávado, de Aveiro e Coimbra.
Já o Oeste encontra-se na 14.ª posição. Segundo o documento, a acessibilidade geográfica rodoviária era, na região de Leiria, de 64,5, em 1986, aquando da entrada de Portugal na CEE, e passou a ser de 88,3, ou seja, houve uma variação de 23,8.
Na região Oeste era de 71,4 e passou a ser 95,5.
A variação neste caso, foi de 24,1.
Verificou-se um ligeiro aumento na acessibilidade ferroviária, que era de 25,2, há 35 anos, e de 27,5, há três anos, na região de Leiria. A variação foi de 2,3.
E este é o mesmo valor registado, no mesmo período, no Oeste, cuja taxa de acessibilidade ferroviária era de 13,5, em 1986, e de 15,8, em 2019.
“Do ponto de vista da acessibilidade geográfica rodoviária, todas as regiões conheceram melhorias absolutas entre 1986 e 2019, em reflexo do investimento na rede rodoviária.”
O mesmo não se verifica na ferrovia. Aqui, assistiu-se a uma melhoria da acessibilidade muito acentuada na Área Metropolitana de Lisboa e uma redução da acessibilidade em 13 das 23 NUTS, que resulta do desinvestimento significativo no caminho de ferro.
Como se chegou a este resultado?
Segundo a nota técnica do estudo, o resultado para cada NUT III, foi obtido calculando o tempo de percurso entre cada uma das NUT III. Depois, dividiu-se a população em cada NUT III pelo tempo de percurso para essa mesma NUT.
De seguida, somou-se todos os índices, ajustando por um factor de escala para garantir uma média ponderada de 100. Deste modo, as regiões “mais acessíveis” possuem índices mais altos, do que as “menos acessíveis”.
O estudo refere nas conclusões que o sector dos transportes pode beneficiar com o aumento da transparência, informação disponível e avaliação de políticas públicas. Nada disto é feito, sempre que se toma uma decisão estratégica.
Ainda assim, os níveis de eficiência do sistema de transportes têm vindo a melhorar.
Curiosamente, uma das alavancas para a melhoria foi a crise financeira de 2008, que teve impactos positivos de curto e médio prazo sobre a eficiência e racionalidade económica.