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Home Opinião

Leiria Refém

António Ginja, arqueólogo e historiador da arte por António Ginja, arqueólogo e historiador da arte
Abril 11, 2021
em Opinião
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Leiria acordou um dia no alto do seu castelo, bela e deslumbrante como qualquer mulher madura e concretizada. Recordou os episódios que enchiam os anais da sua história e viu que eram bons e verdadeiros. Contemplou o seu povo e percebeu que era digno. Perscrutou a sua alma e sentiu que era genuína.

Encontrou por ali um eminente pintor, que, fascinado pela sua graça, lhe quis tirar o retrato. O pintor traçou na tela umas quantas linhas e pinceladas, fiéis à estética banal e antiquada da sua escola, pouco mais pintando do que algumas feições genéricas e triviais, num conjunto bem aquém da dignidade que caracterizava a retratada.

Ricardo Graça

Não obstante, Leiria ficou encantada. Era, afinal, o seu primeiro retrato. E logo por um eminente pintor. Ali estavam sem dúvida os seus atributos e predicados, num
generoso e nostálgico elogio, prudente, conservador e a preto-e-branco.

Mas eram tamanhos os encantos de Leiria! Plena e majestosa, fecunda, próspera e florescente. Logo surgiram outros pintores que, à luz de outras escolas, perspectivaram novos e inovadores retratos. Pintaram-lhe a longevidade, desenharam as memórias mais recônditas, coloriram a nobreza do seu carácter, delinearam enfim todas as singularidades que a colocavam muito acima de qualquer pintor e dela faziam dona e senhora do seu passado e do seu destino.

O eminente pintor não gostou. Do alto da sua prepotência, declarou incompetentes os demais pintores. O seu retrato era inultrapassável, disse, só ele captava a verdadeira essência de Leiria.

Tentaram mostrar-lhe que Leiria era demasiado complexa, que um único retrato não alcançaria todos os seus cambiantes. Leiria nunca poderia retratar-se por completo. A cada nova geração, novas formas e cores seriam descobertas, para, num movimento perpétuo e imparável, a revelar em toda a magnitude da sua beleza.

Sentindo que o ultrapassavam, o eminente pintor declarou Leiria descoberta sua.

O povo lembrou a eminência do pintor. Alguns declaravam falsos os novos retratos.

Leiria hesitava. Como conviver com tantos e tão variados retratos, se tal desgostava ao mais eminente dos pintores? Viu que trazia a sua soberania agrilhoada ao tronco pelo prestígio de um só pintor, mas receando contrariar a eminência, tendia para a subserviência. Resvalava para a pequenez do orgulho. Caía do pedestal do seu castelo.

Estava refém, e não sabia.

Etiquetas: António GinjaViver
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