Leiria é uma cidade com vários centros comerciais, que foram abrindo portas ao sabor das modas e tendências de consumo. No entanto, à medida que novos shoppings foram aparecendo, os outros, mais antigos, foram definhando. E quando a cidade se prepara para acolher um novo centro comercial nas antigas instalações da Auto Leiria, o Lis Shopping, que contará com supermercado, ginásio, centro de reparação automóvel, lojas de electrodomésticos, óptica, restaurante, entre outros serviços, o JORNAL DE LEIRIA foi ao encontro de outros shoppings onde falta movimento e abundam lojas encerradas.
Das mais de 400 lojas existentes nos centros comerciais Maringá, Lis, D. Dinis, S. Francisco, nas Galerias Alcrima, no Shopping 2000, no Cinema City e no Leiria Plaza, o JORNAL DE Leiria apurou que cerca de 40% estão encerradas.
Com 32 anos de existência, o Maringá é de todos aquele que mais vitalidade demonstra. Susana Korrodi, membro da administração, salienta que, de 90 lojas existentes, apenas oito estão desocupadas. Localizado numa zona central da cidade, próximo de bancos, mercado e do comércio de rua, o Maringá é um centro comercial muito movimentado, que tem recebido vários negócios que noutros shoppings da cidade não estavam a resultar, expõe a comerciante.
Doly Perez e Nathaly Perez são mãe e filha e parceiras de negócio numa das mais recentes lojas de estética do Maringá. Chegaram a trabalhar no centro Comercial S. Francisco, mas entenderam que as condições eram melhores no Maringá. Salientam que a renda e o condomínio têm valores elevados, mas, mesmo assim, continuam a ser mais em conta do que as rendas a pagar em lojas de rua.
Das cerca 80 lojas existentes no D. Dinis, o JORNAL DE LEIRIA contabilizou 25 espaços encerrados, sendo que alguns, apesar dos artigos expostos, aparentam ter actividade pouco regular. Apesar do triste cenário,“Marito”, sapateiro, explica que este ano nem tudo é mau no quarto piso. Em épocas anteriores, o sapateiro chegou a ser o único comerciante daquele andar, que só dividia com o café.
O comércio nas Galerias Alcrima morreu por completo. Duarte Basílio, que promove os Corvos Do Lis, o clube cultural e desportivo a quem foram cedidas dois espaços naquele centro comercial, refere que das cerca de 30 lojas existentes nas Galerias Alcrima, apenas duas estão ocupadas pelo Leirena Teatro, outras duas ocupadas com as actividades dos Corvos do Lis, e uma outra, onde se vai mantendo o sapateiro, o senhor Celestino Loureiro. É a ler o jornal, ao som da telefonia, que encontramos o sapateiro.[LER_MAIS] Celestino recorda-se das Alcrima serem “muito movimentadas”. Agora, só entra na sua loja quem o conhece. Ninguém circula a passear. Raquel Ferreira, saiu das Alcrima há 12 anos e mudou-se para o Centro Comercial Lis. Lembra-se de Natais em que o trabalho era tanto que nem tinha tempo para almoçar. As galerias viviam o seu apogeu. O merchandisign associado a bandas e às roupas alternativas continuam a atrair clientes, agora ao Centro Comercial Lis. Das suas 37 lojas, cerca de metade está fechada e não há muito movimento, nota a comerciante. “Faltam atractivos para trazer pessoas a esta zona da cidade”, considera Raquel Ferreira.
No S. Francisco, das 33 lojas, cerca de metade está fechada. A ourivesaria de Rogério Fernandes foi o primeiro negócio a instalar-se naquele centro comercial, há 25 anos. Se aloja não fosse sua, já teria encerrado portas. Reclama de uma falta de dinheiro generalizada. Se antes vendia ouro, hoje mantém-se com as reparações de relógios.
Quanto ao Shopping 2000, acabou por mudar o rumo da oferta. Durante anos as lojas de comércio foram encerrando e aposta da administração passou a centrar-se nos serviços. Segundo Dália Gil, gestora do condomínio, das 50 lojas do 2000, apenas cinco estão livres. A excepção de uma loja de artigos para criança, outra loja de produtos de cabeleireiro, dois snak bares e um restaurante, todas os espaços estão ocupados com serviços. “Perdeu-se a moda dos centros comerciais. O Leiriashopping funciona bem porque tem marcas âncora, defende Dália Gil.
Alice Samora, que presta serviços de costura numa loja do 2000, também reconhece que só os serviços se adaptam bem àquele shopping. “As pessoas que aqui se dirigem, vêm directamente ao que precisam”, expõe a costureira. Apesar de mais recentes, também o Cinema City Leiria e o Leiria Plaza têm lojas por ocupar.
Do complexo Cinema City, que recebeu os primeiros negócios em 2007, apenas as salas de cinema e o bar de apoio estão a funcionar. As suas 34 lojas mantêm-se encerradas. E no Leiria Plaza, que inaugurou a primeira loja em 2014, das 45 lojas existentes, estão actualmente disponíveis 13.
António Lopes, que ali abriu a sua barbearia, já assistiu ao desaparecimento de alguns espaços. Defende que a responsabilidade é de quem abre negócio sem fazer bem as contas às despesas. Depois, é preciso assumir um compromisso com os clientes e adoptar horários ajustados às necessidades do público.
Fora desta contabilidade estão ainda as cerca de 160 lojas do Sol Leiria, que fechou pouco tempo depois de inaugurar na década de 90. Com o centro comercial sem licença de utilização, os proprietários estão impedidos de vender, arrendar ou oferecer os seus espaços, ainda que tenham de pagar o respectivo Imposto Municipal de Imóveis todos os anos.