O Lis vai deixar de dar de beber aos cerca de 19.600 residentes das freguesias de Pousos, Caranguejeira e Santa Eufémia que ainda são servidos pela água captada directamente no rio, através da Estação de Tratamento de Água (ETA) de São Romão. O processo de desactivação desta captação, que durante anos foi a principal fonte de abastecimento à cidade, já foi iniciado e ficará concluído até ao Verão.
No local, ficará a funcionar uma estação elevatória, que vai bombar a água vinda da Mata do Urso e de Amor para os reservatórios que servem aquelas freguesias. O custo do tratamento, “a dependência do rio Lis” e as características da água aí captada são os principais motivos que justificam a desactivação desta ETA.[pub-by-id pubid=’195′ f=’1′]
Administrador-delegado dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) de Leiria, Leandro Sousa, frisa que, apesar de funcionar desde 1950, a ETA continua a apresentar “resultados muito bons, em termos de qualidade e eficiência” e que, não obstante ser a infra-estrutura mais antiga dos SMAS, mantém-se na “vanguarda da tecnologia”. “Utiliza tecnologia francesa ainda hoje usada pela EPAL no tratamento de água na ETA da Asseiceira [que serve a cidade de Lisboa, a partir da Barragem de Castelo de Bode]”, reforça o dirigente, adiantando que a estação de São Romão “encontrava-se já totalmente monitorizada em tempo real” pelo sistema de controlo e telegestão dos SMAS.
Com capacidade para tratar até cerca de 750 mil litros de água por hora, a ETA de São Romão é a única captação superficial do concelho, indo ‘beber’ directamente ao rio. Se, por um lado, esta característica lhe permite ser a captação com “maior capacidade em termos de caudal”, por outro, torna-a bastante sensível às alterações da qualidade da água.
Na memória de muitos leirienses está ainda o Verão de 2002, quando um problema de poluição no Lis obrigou à inactivação da ETA, deixando a cidade sem abastecimento durante cinco dias. Um incidente que, diz Leandro Sousa, pôs a descoberto a fragilidade desta fonte de abastecimento e a necessidade de criar sistemas alternativos, mais seguros, mas também menos onerosos.[pub-by-id pubid=’201′ f=’1′]
“A água da ETA de São Romão é a mais cara que temos no sistema”, diz o administrador-delegado dos SMAS, explicando que, “por captar superficialmente necessita de um tratamento avançado que se adapte à variação brusca da qualidade da água do rio Lis, tratamento esse mais oneroso” do que aquele que é feito à água captada num furo a 200 ou 300 metros de profundidade, “sem grande oscilação na qualidade”.
Por outro lado, a água da ETA de São Romão, “apesar de cumprir com todos os critérios de qualidade”, é “dura (calcária) devido ao seu conteúdo elevado de cálcio e magnésio”. Uma característica que “não é nociva para a saúde”, mas que motiva queixas “frequentes” dos consumidores “devido ao aparecimento de depósitos de calcário nos chuveiros, torneiras e electrodomésticos”, referem os SMAS.