Como ser bom? É uma interrogação sobre a qual tenho andado a pensar esta semana… Como ser bom? O que é ser-se bom? Ser bom… ser bonzinho, ser muito bom? Ser muito bom ou excelente ou “apenas” adequado, ou suficientemente bom… Como nas avaliações da malta que trabalha na função pública e que é avaliada consoante as cotas… podes ser “muita bom” ou até excelente, mas não há cota para todos…
Lembrei-me de um livro do Nick Hornby que li há uns quinze anos e cujo título era: Como ser Bom?… fui procurá-lo para o reler e não o encontrei, devo ter emprestado a alguém que sendo bom, não mo devolveu… mas trouxe comigo o Mrs Dalloway… “Mrs.Dalolway disse que ela própria compraria as flores”…
Como ser bom? Como ser melhor? O melhor de nós? O melhor de mim?… Como ser melhor professor? Melhor mãe, melhor filho? Melhor vendedor, condutor, melhor mediador? Melhor na relação com o outro, melhor profissional, melhor atleta, melhor performer, melhor coach, melhor jornalista, fotógrafo, diretor… investigador… Como ser bom?… “Eu cá prefiro os homens à couve flor”…
Compensará ser bom? Paga as contas no final do mês ou vale uma marca na história de alguém quando se chega à meta? E se formos só? Só e pronto… Há os que defendem que para ser bom o conhecimento é a melhor ferramenta, outros que é a disciplina, outros, a capacidade de liderança e outros a organização… Há também os que entendem que será a assertividade, a velocidade, ou a resiliência… Há os que defendem o acordar às 5 da manhã como caminho para ser bom, outros a meditação, outros a religião… Os românticos votam no poder do amor… e os altruístas que “ninguém vive para si próprio”…
Gosto de pensar que para ser bom é importante querer ser sempre melhor, como se acabasse de nascer e com disponibilidade para aprender em permanência, mas bom pode significar também ser boa pessoa, cuidar de si e do outro, ser educado, empático e criar pontes… ser bom, pode ser ler os outros como quem lê livros silenciosamente e fazê-los sorrir ou sentir-se melhores. Ser bom pode ser dar voz a outro ou contribuir para a sua felicidade seja de que maneira for. Há uma passagem do livro O Vício dos Livros do Afonso Cruz, que conta a história de amor de um casal que se apaixonou por intermédio de um livro que um recomendou a outro: O Pintor Debaixo do Lava Loiças. Juntaram-se falaram sobre ele… e vão agora casar… ser bom, foi o autor passar por perto da casa dos “apaixonados” e autografar o livro, como prenda de casamento…
Ser bom pode ser acreditar que há sempre forma de nos ligarmos a alguém e que um livro pode ser um bom pretexto. Não tenho respostas prontas como querem os estudantes, para a questão de Como Ser Bom?… só interrogações e dúvidas e tentativas erro… Volto a Mrs Dalloway… “eu, eu… gaguejou… tente pensar em si o menos possível…( …) “Deixe estar que eu trato de tudo” e despediu-os. Nunca em toda a sua vida sentira Rezia aquele tormento. Tinha pedido ajuda e fora abandonada! Ele tinha-a desiludido! Não era boa pessoa, Sir William”…
* citações entre aspas do livro Mrs. Dalloway de Virginia Wolf, Relógio D’Água, 2004 (original 1925)