É vulgarmente conhecida por Libélula-esmerada (Oxygastra curtisii). Habita em linhas de água de pequena e média dimensão, “ricas em vegetação”, e a sua distribuição está restringida ao sudoeste europeu (Portugal, Espanha, sul de França e Itália) e a Marrocos. Até agora, não existiam registos da sua presença em ambientes urbanas. Não havia, mas já há. E, precisamente, em Leiria.
Exemplares da espécie foram avistados nas margens do rio Lis, nas traseiras das instalações do Isla, em São Romão. Albano Soares, naturalista e entomólogo ligado ao Tágis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal, conta que a identificação decorreu no âmbito dos trabalhos de levantamento de dados para a criação de uma estação da biodiversidade no Lis.
“Num dos pontos, junto ao Isla, foram avistadas ninfas [uma das metamorfoses dos insectos] e adultos, o que significa que a espécie se reproduz ali”, explica o especialista, frisando que esta “é a primeira vez” que a Oxygastra curtisii “é identificada em ambiente urbano”.
[LER_MAIS] “A espécie gosta de água corrente, bem oxigenada e sem grande contaminação. Habita em linhas de água com ricas galerias ripícolas, com vegetação ribeirinha abundante”, acrescenta o naturalista.
Actualmente, a espécie está “confinada a quatro países europeus, [Portugal, Espanha, Itália e França] e a Marrocos, sendo a única espécie de libélulas extinta do Reino Unido”. Encontra-se, por isso, abrangida pela Directiva Habitats, que tem como principal objectivo “contribuir para assegurar a conservação dos habitats naturais e de espécies da flora e da fauna selvagens , com excepção das aves (protegidas pela Directiva Aves) – considerados ameaçados no território da União Europeia”.
De acordo com informação disponibilizada pela Estação da Biodiversidade da Ribeira do Alportel, curso de água localizado em São Brás de Alportel (Algarve), a Libélula-esmeralda “voa do final de Março até ao final de Agosto, embora seja muito mais comum nos meses de Maio e Junho”.
As fêmeas “colocam os seus ovos em zonas de remansos sombrios ao longo da linha de água, enquanto os machos patrulham o mesmo sector, protegendo a fêmea e evitando que outros machos da mesma espécie o invadam”, pode ler-se no site da Câmara de São Brás de Alportel.