Linha de Alta Velocidade em Leiria – Secretismo ou especulação?

A gestão cronológica dos silêncios: dia 26/4/23, em reunião de Assembleia Municipal, o presidente da Câmara Municipal (CML) reconhece, publicamente, que se reuniu com a empresa Infraestruturas de Portugal (IP) no dia 17/3/23, onde lhes foram apresentadas as duas soluções do traçado da Linha de Alta Velocidade (LAV) em Leiria com passagem pela Barosa.

Nesta mesma reunião, o presidente da CML explica o parecer desfavorável à prospecção de inertes na Barosa, invocando as informações obtidas na reunião com a IP. No dia 14/4/23, a União das Freguesias (UF) do Souto da Carpalhosa e Ortigosa informou a CML, via e-mail, sobre as condições e elementos do traçado da LAV no terreno.

Tratou-se de uma resposta dada pelo executivo da UF sem ter havido uma convocatória de assembleia de freguesia.

Na acta de 13/6/23, a CML, reportando-se a uma decisão de 26/5/23 também retira o parecer favorável à exploração de areias na Bidoeira de Cima invocando, uma vez mais, o traçado da LAV. No dia 28/6/23, a junta de freguesia de Amor, em assembleia de freguesia, delibera sobre as soluções A e B dos possíveis impactos da LAV no território.

Diante desta cronologia, há algumas conclusões que são inequívocas: 1) há cerca de seis meses que a CML tem informações sobre a LAV em Leiria e não as torna públicas; 2) as freguesias estão a tomar decisões não coordenadas entre si, a partir de informações assimétricas e de forma distinta: com e sem convocatória de assembleias de freguesia e, consequentemente, sem a amplitude informativa que é desejável para as populações.

Uma das freguesias que terá o maior impacto territorial é a da Barosa. E só muito recentemente é que a UF Marrazes e Barosa (UFMB) convocou para o próximo dia 15/9/23 uma assembleia de freguesia para informar sobre o traçado da LAV no território.

No entanto, vale salientar que esta convocatória para o próximo dia 15/9/23 vem na sequência de um ofício do «Movimento Cívico Barosa Viva» de 24/8/23, ao presidente da UFMB, solicitando informações sobre a LAV na Barosa.

Ou seja, seis meses após a informação estar na posse da CML, tudo sugere que a UFMB só toma a decisão de informar a população após as insistências de um movimento cívico independente.

Há ainda uma outra situação ainda mais preocupante. Está público no Facebook «Barosa Viva» o comentário de Arlindo Francisco (presidente da assembleia de freguesia Marrazes e Barosa) referindo que a LAV “afectará também a zona da Estação”.

A LAV em Leiria é secretismo ou especulação?