As análises que a associação ambientalista Oikos faz anualmente à bacia hidrográfica do Lis revelam que a ribeira dos Milagres registou os melhores resultados dos últimos anos, com um nível de contaminação bastante inferior aos dois pontos de monitorização no troço citadino do rio (Arrabalde e Ponte das Mestras).
No pior, está o rio Lena no posto de controlo junto ao matadouro, com os níveis de contaminação deste ano a serem os mais elevados da última década, superando em muito os de 2017. Nesse ano, tinha sido detectado um valor de contaminação por e-coli (referente a bactérias intestinais) de 48 mil e este ano foi de 81 mil.
“São valores anormalmente elevados. Urge perceber as razões, até porque estamos em presença de um histórico que tem sido quase sempre muito mau”, alerta Mário Oliveira, presidente da Oikos.
Questionado sobre as causas do problema, o ambientalista admite que “o matadouro é uma possibilidade”. Outra hipótese é a existência de problemas de saneamento a montante.
Luís Lopes, vereador do Ambiente, na Câmara de Leiria, revela que os dados da Oikos estão em linha com a monitorização feita pelos serviços municipais. “Não há certeza que o problema esteja no matadouro, porque, mesmo quando a estrutura não está a operar, também há maus resultados”, revela, adiantando que irão começar a ser feitos “testes de fumo” para tentar identificar a origem das descargas.
“No âmbito do trabalho de requalificação das margens do Lis foram detectadas ligações ilegais ao rio. Queremos chegar aos locais onde são feitas”, explica o vereador.
Comparando as análises deste ano com as de 2022, há um agravamento da contaminação em sete dos quinze pontos monitorizados (ver infografia), incluindo os dois últimos, já perto da praia da Vieira, enquanto em oito regista-se uma melhoria, com destaque para a ribeira dos Milagres.
Mário Oliveira adverte, no entanto, que, se os níveis de poluição na ribeira são agora menores, tal dever-se-á “a mais espalhamentos em campos agrícolas, nomeadamente no Vale do Lis, o que a médio prazo terá reflexos no aquífero superficial” e, consequentemente, no rio.