Depois de um interregno de um ano, devido ao confinamento imposto pela pandemia, a associação ambientalista Oikos voltou ao terreno, para fazer a monitorização da qualidade da água da bacia hidrográfica do rio Lis.
Os resultados das análises revelam que houve um agravamento da contaminação dentro da cidade e na confluência do Lis e do Lena, junto à ponte das Mestras, antes e depois da junção dos dois. Esses três pontos registam, aliás, números muito superiores aos da ribeira dos Milagres, já eles acima dos limites legais.
Por exemplo, debaixo da ponte do Arrabalde, o ponto de monitorização dentro da cidade, foi detectado um valor de contaminação por e-coli (referente a bactérias intestinais) 13 vezes superior ao daquela ribeira.
Olhando para os resultados deste ano, o presidente da Oikos, Mário Oliveira, destaca a “manutenção de um problema complicado” no troço citadino do Lis [LER_MAIS]e na confluência deste com o Lena, que “merece a atenção das entidades competentes”. O dirigente sublinha, aliás, que os valores registados agora nestes pontos foram “os mais elevados desde 2013”.
A Câmara de Leiria tem admitido a existência de problemas de saneamento na cidade, relacionados sobretudo com a antiguidade da rede, mas também com a existência de colectores unitários, onde as águas residuais se misturam com as da chuva, e com algumas ligações ilegais de esgoto à rede pluvial.
Questionado sucessivas vezes pelos vereadores da oposição sobre o assunto, o executivo alega que a resolução está a ser feita de “forma gradual”, à medida que avança a requalificação de ruas na cidade, com intervenções como aquela que decorre na avenida Nossa Senhora de Fátima e envolvente.
Comparando as análises deste ano com as anteriores, efectuadas em 2019, há um agravamento da contaminação em oito dos quinze pontos monitorizados. (ver infografia). Na ribeira dos Milagres há um ligeiro aumento da contaminação, mas, mesmo assim, muito abaixo do que se verifica na zona citadina.
Mário Oliveira adverte, no entanto, que, se os níveis de poluição na ribeira são agora menores, tal dever-se-á “a mais espalhamentos em campos agrícolas, nomeadamente no Vale do Lis, o que a médio prazo terá reflexos no aquífero superficial” e, consequentemente, no rio.