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Home Opinião

Literatura | Gramática da Fantasia | MAR

Patrícia Martins, mediadora cultural e artística, escritora e investigadora por Patrícia Martins, mediadora cultural e artística, escritora e investigadora
Julho 4, 2020
em Opinião
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Nesta centena de dias diferentes que não nos deixaram fazer o luto do inverno e desfrutar da primavera e dar as boas vindas ao verão, pisando a areia fresca e sorvendo a maresia com vontade de descanso do bulício de um ano “normal” de trabalho, teremos já alternado entre estados emocionais antagónicos, ora procurando estar informados, ora preferindo não saber mais do que o estritamente necessário e deixando-nos ir ao sabor dos ventos e marés…

Teremos já dito muitas vezes que nos re-inventaremos, que temos de nos reinventar, que a vida continua…

Provavelmente alguns dirão que tem sido bom o hiato, que já lemos mais do que o habitual, que nunca comprámos tantos livros, outros que adotaram o animal de estimação que há tanto tempo diziam não ter vida para ter…outros dirão que alindaram a casa e o jardim… alguns de nós comprámos piscinas e enfeitámos varandas com grinaldas de luzes e jardins urbanos, outros aproveitámos os feriados e os dias de desconfinamento para ir de férias cá dentro…há também os que confraternizam nas bombas de gasolina, ou nas esplanadas ou nas caves das casas, ou nos jardins, com gargalhadas e algazarra e música em volume máximo, e depois há os que tele-trabalham porque conseguem, e reúnem via via zoom, e que em poucos dias tocaram os saltos altos, as gravatas e as roupas alinhadas, por calções e calças de pijama e meias ou pantufas, trocando a blusa bonita ou a camisa e gravata pela t-shirt XL que receberam na corrida solidária do verão passado, mal a reunião termine, ainda que convenha andar sempre  minimamente apresentável pela casa não chegue o carteiro com as compras feitas confortavelmente na internet, dizendo que é muito mais tranquila esta nova fase… São em boa verdade uns privilegiados, porque depois há os que não têm trabalho que se possa realizar sem a presença física do outro e que bem que gostariam de ser visitados pelo carteiro, mas que ainda não sabem se conseguem manter o endereço, até à data da entrega da encomenda, os que ainda não sabem porque compraram um carro novo em fevereiro, inauguraram a loja catita do bairro ou o cabeleireiro do shopping…ou porque investiram em novos espetáculos, companhias, equipas de produção… e veem os seus projetos pessoais e profissionais afundarem-se temendo  pela estabilidade do futuro desafogado ou promissor que ainda há poucos meses sonharam e já davam como certo…

Diz-se por aí que estamos todos no mesmo barco, mas eu prefiro quando ouço ou leio que estarmos todos no mesmo mar…porque é  bem mais justo assumir que na verdade há os donos de porta-aviões, navios de cruzeiro ou embarcações de luxo e de recreio, que têm conseguido navegar confortavelmente com direito às “facilities” da sua condição, mas depois há os das pequenas embarcações, os dos barcos a remos, dos pequenos botes insufláveis, os das jangadas, os das bóias e ainda os que não sabem nadar, ou que estavam agora a começar a aprender…

Aqui no mar também batemos palmas a uns e a outros, mas muitas vezes esquecemos outros tantos…e são tantos…

Aqui no mar temos gostado de apontar o dedo e tentar apurar responsabilidades pelas ondas gigantes e tempestade…aferir culpados, pois também todos nós sabemos que só com essa descoberta o mar volta a serenar e as águas se tornam navegáveis para todos…

Também sabemos que com calma e perseverança, o mar que parece que nos atraiçoa nos presenteará com a sua beleza e com um bom peixe para o jantar… mas até lá cientes que alguns não terão como manter-se à superfície, importa que mestres e aprendizes, estendam bóias e insuflem os botes necessários para acolher o maior número possível de marinheiros …

“Mar, metade da minha alma é feita de maresia

Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,

Que há no vasto clamor da maré cheia,

Que nunca nenhum bem me satisfez.

E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia

Mais fortes se levantam outra vez,

Que após cada queda caminho para a vida,

Por uma nova ilusão entontecida.

“E se vou dizendo aos astros o meu mal

É porque também tu revoltado e teatral

Fazes soar a tua dor pelas alturas.

E se antes de tudo odeio e fujo

O que é impuro, profano e sujo,

É só porque as tuas ondas são puras.”

Mar – Sophia de Mello Breyner Andresen

Etiquetas: críticaliteraturaPatrícia Martins
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