A partir de quarta-feira, os jovens reclusos do Estabelecimento Prisional de Leiria Jovens, conhecido por prisão-escola, vão ter treinos de rugby com os ‘Lobos’, clube desportivo da Associação ***Asteriscos, que respondeu de imediato ao desafio do Comité Regional de Rugby do Centro para replicar o projecto do Rugby com Partilha, uma associação que levou a modalidade a vários estabelecimentos prisionais do país.
Raul Testa confessou que uma das funções dos clubes desportivos é “ter impacto na sociedade além da actividade desportiva”. Apesar de os ‘Lobos’ já terem uma vertente social, apoiando jovens com carências sócio-económicas na prática do desporto, o presidente da ***Asteriscos considerou que a sociedade civil e as associações tem de ir mais além.
“Tendo em conta que a filosofia subjacente à criação do Direito Penal em Portugal aplica as penas como objectivo de regeneração e de reintegração das pessoas que são presas, todas as actividades que pudermos desenvolver em conjunto com a prisão, que ajudem a dar novas ferramentas e nova integração a quem está privado da sua liberdade, são para nós fulcrais.”
Joana Patuleia entende que este projecto “vai ter um impacto muito positivo nos jovens, porque envolve a actividade física, mas também cria muito valor ao nível daquilo que transmite em termos de convivência, responsabilidade e espírito de equipa”.
A directora da prisão-escola de Leiria destacou que esta é uma modalidade “muito completa e que faz uma analogia ao que se passa na vida: há embate, há luta, há esforço e há também superação”. “Existem todas estas coisas, mas é preciso superar e avançar e o rugby tem este valor, que ajuda em termos de desenvolvimento pessoal e social, o que cria condições para os ajudar na integração em sociedade”, reforçou, durante a assinatura do protocolo.
Manuel Cortes, fundador do Rugby com Partilha, revelou que o projecto, que nasceu em 2016, é “transformador para os reclusos que vão”, pois a participação é voluntária. “É extraordinário ver como é que os que são extraordinários atletas e os que não são acabam por se integrar e aceitar. É muito educativo”, disse, referindo que na prática da modalide existe “personalidade, relacionamento, agressividade que é trabalhada, e aceitação do erro do outro e do próprio”.
O presidente do Comité Regional de Rugby do Centro adiantou existe uma preocupação com a vertente social naquele organismo. “Como antigos praticantes, temos uma missão de continuar este legado de promover o desporto e provar que somos diferentes, através de valores de resiliência, de espírito de equipa e de dedicação, que são os valores que o rugby compartilha”, referiu Paulo Picão Eusébio.
Por isso, ficou “fascinado” com o projeto de Manuel Cortes e aquilo que o rugby “proporciona a pessoas que estão privadas da sua liberdade, e que precisam de uma ajuda para uma melhor reintegração, também depois na sua vida”.