Uma experiência “muito positiva”, que deve ser alargada, acabando, de vez, com a circulação automóvel na rua Direita (rua Barão de Viamonte). É desta forma que moradores e lojistas avaliam o fecho ao trânsito da principal artéria do centro histórico de Leiria durante o fim-de-semana.
A medida entrou em vigor em meados de Setembro, inicialmente só até às 2 horas de domingo, mas entretanto foi alargada até às 20 horas desse dia. Contudo, residentes e comerciantes pedem mais, defendendo que a rua deve, definitivamente, ser fechada ao trânsito, uma solução que a Câmara está a ponderar (ver caixa)”.
Fernanda Sobreira, que vive numa via paralela à rua Direita, assume que mudou de opinião. No passado opôs-se ao corte de trânsito na zona, mas hoje defende que manter a circulação automóvel no local “não faz qualquer sentido nem traz mais-valias para lojistas ou residentes”. Alega que a rua é “apenas usada como escapatória por quem quer fugir ao trânsito da rotunda do sinaleiro”, por vezes, circulando a velocidades “desajustadas”, pondo “em perigo” os peões, que “têm de parar para que os carros possam passar”.
Moradora na rua Combatentes da Grande Guerra, Vânia Carvalho sabe bem do que fala Fernanda Sobreira, assumindo que já perdeu a conta aos “sustos” que apanhou ou às vezes em que teve de se “refugiar” numa artéria transversal. “Uso a rua Direita todos os dias, para ir à creche do meu filho, e não tenho forma de lá chegar sem nos colocar em risco. [LER_MAIS]É mais seguro circular no centro histórico de carro do que a pé”, afirma, manifestando-se “totalmente” a favor do fecho da rua Direita ao trânsito “todos os dias”. Frisa, contudo, que é necessário garantir o acesso a moradores e comerciantes para cargas e descargas.
“Cheira a bafio que haja carros a passar numa rua tão estreita”, reforça João Rino, também morador na zona histórica, sublinhando que “entregar a rua aos carros” significa “roubar espaço e conforto” aos peões. Pelo que, “o que faz sentido é fechar, em definitivo, a rua ao trânsito”, medida que, acredita, beneficiará não só os residentes mas também o comércio local.
Os lojistas ouvidos pelo JORNAL DE LEIRIA são apologistas do encerramento total da rua à circulação automóvel. Luís Ferreira é um desses casos, manifestando-se convicto que o comércio poderá sair beneficiado.
O empresário dá, aliás, o exemplo do Espaço Eça que, desde que rua está sem trânsito ao fim-de-semana, tem registado “um aumento de clientes”. “Há mais pessoas a circular, pessoas que normalmente não andavam por aqui”, refere o comerciante, considerando “uma ilusão pensar que alguém vem fazer compras à rua direita de carro”.
Também Ana Moreira, da Chapelaria Lis, defende a retirada, em definitivo, do trânsito da rua Direita, admitindo que a medida será positiva não só para o comércio, mas também para os moradores – “menos trânsito significa menos poluição e melhor qualidade de vida” – e para os peões, que “sentem mais conforto no uso da rua”.
Os dois lojistas advertem, no entanto, que é necessário “definir regras e horários” para as cargas e descargas, à semelhança “do que acontece noutras cidades”.