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Home Desporto

Luciano Gonçalves: “É preciso haver algo realmente grave para o futebol português mudar”

Miguel Sampaio por Miguel Sampaio
Novembro 2, 2017
em Desporto
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Luciano Gonçalves: “É preciso haver algo realmente grave para o futebol português mudar”
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Passou ano e meio desde que assumiu a liderança da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF).

Foi uma volta de 180 graus da minha vida. Tive de deixar o trabalho e vou todos os dias para Lisboa, salvo aqueles em que tenho de ir ao Porto ou a Braga. Há dias em que vou para Lisboa e depois tenho de ir a Aveiro, ao Porto ou onde tiver de ser. O carro que tenho desde Março já chegou aos 61 mil quilómetros. Isso diz um bocadinho do que é a minha vida.

Apesar de ser pesado, calculo que seja desafiante.

Aprendem-se muitas coisas pela positiva e muitas outras pela negativa. Acordo muitos dias a pensar que gostava de voltar ao meu trabalho antigo, nas obras públicas, mas há outros em que tenho um grande orgulho no que estou a fazer com a minha equipa. Que é duro, é.

Como a família reage a esta maior ausência?

Saio de casa e os miúdos vão para a escola, chego a casa e os miúdos já estão a dormir. E depois, ao fim-de-semana, que era suposto estar com eles, também acaba por ser difícil. São três, dois deles jogam à bola e sei que gostam que eu assista às partidas. Tento acompanhá-los ao máximo. E passo as viagens ao telefone, à conversa com eles.

Porta-se bem enquanto espectador dos jogos dos seus filhos?

Interiormente, claro que me pergunto como é que o árbitro não viu isto ou aquilo, mas não faço parte daquela percentagem da crítica avulso, que só para ficar bem no grupo, com a boca mais engraçada.

Essa análise ao trabalho do árbitro é normal, o problema é como as pessoas se exprimem.

É isso mesmo que me choca. Não é criticarmos a arbitragem, porque isso é mesmo assim. Dizer que era penalty e o árbitro não viu, isso faz parte. O que não faz parte, e é isso que está a destruir o futebol, é entrar na suspeição. Quando temos informação que determinado árbitro é corrupto, devemos mandar o que sabemos para o Ministério Público. Há instituições próprias para isso, que já descobriram casos de corrupção noutras áreas e até na arbitragem. Este tem de ser o caminho, não o da chacota pública.

Mete a mão no fogo por todos os árbitros?

Não meto a mão no fogo por ninguém, nem mesmo por mim. Uma coisa é certa: para mim, até prova em contrário, todos tudo o que eles dizem é verdade. Não tenho dúvidas que podemos ter árbitros com comportamentos incorrectos. Faz parte da sociedade, temos disso na política, nas empresas, em todo o lado. Ma se conheço alguém com comportamentos desviantes vou arranjar forma de o tirar da arbitragem.

Pode dar um exemplo?

Havia um jovem árbitro de base, muito promissor, tinha tudo para ser excelente. Boas notas, fisicamente muito bom, mas comecei a ter indicações de colegas de que desapareciam coisas. Umas vezes era o dinheiro, outras o telemóvel, mas não quis acreditar. Fala um, falam dois, falam três e comecei a ficar na dúvida. Tive de engendrar um esquema para perceber se era verdade e, de facto, era. Apanhei-o a furtar dez euros das calças de um colega e não descansei enquanto não o tirei da arbitragem.

Não seria interessante para a arbitragem tornar esse caso público, para provar que andam atentos?

Bom para a arbitragem seria, mas não podemos amputar a vida social e desportiva de um jovem, que para a arbitragem não serve, que tem aquela fragilidade, mas pode muito bem mudar e enquadrar-se numa outra qualquer actividade. É muito difícil moldar os vícios que vêm de trás. Estamos a trabalhar no sentido de eles compreenderem que a partir do momento em que vão para árbitros têm de deixar de publicar sinais de clubismo no Facebook.

É dada atenção suficiente aos jovens árbitros?

Temos andado com a pirâmide invertida. Olhamos muito para o topo e só quando existe um bocadinho de tempo é que olhamos para baixo. Precisamos de cinco mil bons árbitros em baixo para ter 12 sensacionais lá em cima. Cá em baixo, temos quatro mil. Tem havido uma evolução enorme do número de praticantes e precisamos de muito mais jovens a arbitrar. Mas não podemos aceitar que arbitrem sete jogos num fim-de-semana. Não consigo chegar ao pé de um jovem de 17 anos e dizer-lhe que a arbitragem é espectacular, uma saída profissional, dá para ganhar umas coroas, mas depois damos-lhe jogos na sexta, no sábado e no domingo. E ele pergunta-me: quando vou gastar o dinheiro?

Os árbitros dos distritais, apesar de menos mediáticos, também sofrem.

Se o Sporting, o Benfica ou o FC Porto jogarem a um sábado e existir algum problema com a arbitragem, a probabilidade de haver agressões no domingo, é enorme. O impacto é abismal. As máquinas de comunicação desses clubes são muito poderosas e põem cá fora o que mais lhes convém.

Culpa os comentadores?

Claro que culpo. O problema é que não existe quem regulamente estes programas, alguns deles absolutamente vergonhosos, a roçar a pornografia e a estupidez. Fala-se 35 horas por semana de arbitragem na televisão portuguesa, temos três jornais desportivos diários e os outros também falam de futebol. Tem de existir alguém que meta mão nisto e que ponha esses programas, que deviam ter bola vermelha porque incentivam o ódio e a violência, depois da meia-noite. Atenção, também temos excelentes comentadores desportivos, que dá gozo ouvi-los e não deixam de criticar a arbitragem.

Disse que os árbitros do primeiro escalão não vão arbitrar os jogos da próxima jornada da Taça da Liga.

Fizemos um pré-aviso de greve, porque os presidentes dos clubes têm de perceber que alguma coisa tem de ser feita. Acredito que temos grandes dirigentes, pessoas com quem dá gosto trabalhar, com um pensamento fantástico sobre o futebol, mas depois encarnam outra personalidade quando falam para o público. Se não sentirmos que os clubes querem alterar o estado das coisas, naturalmente não haverá árbitros a partir da data que definimos.  [LER_MAIS] 

E porquê agora?

Decidimos avançar porque passámos uma semana em que o video-árbitro (VAR) não correu como se esperava, mas isso não pode ser motivo para voltar a falar-se de padres e missas. Não é compreensível que durante a dois guarda-redes talentosos tenham cometido erros, mas está tudo bem, são jovens promissores, e no sábado seguinte, um jovem árbitro, que é o primeiro ano que está na Liga, já é conotado como sendo um futuro corrupto e que já faz parte da corja. Se aos jogadores damos o benefício da dúvida, do árbitro, que tem 22 anos, já se duvida? Sabem o que fizemos àquele rapaz? Sem apitar um único jogo, nos próximos dez anos vai estar conotado como aquele que não teve coragem para dizer que era penalty!

Acredita que o pré-aviso de greve pode mudar o futebol português?

O próprio presidente do Sporting de Braga disse que os três grandes têm de chegar a um entendimento, porque não pode continuar a valer tudo. Se calhar é preciso acontecer algo realmente grave para o futebol português mudar. Tenho receio que não seja possível prevenir, que tenha de se remediar.

A própria postura arrogante dos árbitros irrita as pessoas.

É um ponto em que se tem vindo a trabalhar. Há dez anos, havia jogadores que tinham uma prepotência enorme. Na altura, a defesa dos árbitros era responder na mesma moeda, porque se fosse expulsar quem usava linguagem ofensiva chegava-se ao fim do jogo com três jogadores. Foi-se criando essa defesa, que passou a ser também a defesa dos miúdos. Hoje está diferente, mas ainda existem árbitros com essa postura. Não estamos de acordo, naturalmente, e os árbitros, quando analisam as suas prestações, também não concordam. De facto, a prepotência dos árbitros é motivo de grandes problemas.

Que balanço faz destes primeiros meses do VAR. Os treinadores dos três clubes grandes disseram na semana passada que era indispensável.

E se recuarmos seis meses, um deles (Rui Vitória), dizia que o VAR nada traria de novo ao futebol. Hoje tem uma opinião diferente e qualquer pessoa que não esteja focada na clubite tem de dizer que é uma mais-valia. Agora, o VAR foi implementado muito à pressa. Abriu-se a possibilidade de a Federação suportar este projecto – que é caríssimo – e não houve tempo para preparar a entrada em funções. Primeiro devia ter trabalhado em off, o que não aconteceu.

A verdade desportiva está mais próxima?

Existem erros, claramente, mas não tenho dúvidas que daqui a dois ou três anos o VAR vai estar muito afinado. Não pode acontecer é como na Taça das Confederações, uma prova importantíssima, em que estamos a tentar vender o produto, e não se pode ter um VAR que é a primeira vez que se senta atrás do monitor e não fala a língua do árbitro. No jogo de Portugal com o Chile perdemos em penalties, mas ao minuto 90 existiu uma grande penalidade contra nós e não houve coragem para dizer que era penalty. No jogo da final, com Artur Soares Dias a fazer de VAR, há uma agressão, o VAR chama o árbitro, que vai ao ecrã, vê, chama o jogador e dá-lhe o cartão amarelo. E isto não pode acontecer.

O presidente da Federação Portuguesa de Futebol divulgou mensagens de ameaças aos árbitros. Enquanto presidente da APAF também já foi perturbado?

Depois do pré-aviso de greve já sofri ameaças por telefone e tive o Facebook inundado com mensagens, mas é uma situação que tem de terminar. Não pode acontecer como no ano passado, em que me fizeram uma espera à porta da APAF, onde fui ameaçado, provocado e cuspido. Em que país vivemos?

Dá-lhe mais força ou fá-lo hesitar?

Dá-me força, claro. Não digo que não tenho medo de nada, mas acredito muito no que penso. Nem sequer me faz alterar a estratégia. Naturalmente, havia coisas que fazia na minha inocência e que tive de deixar de fazer.

Está a falar do caso em que pediu ao Benfica 50 bilhetes para os idosos de Alcanadas e que foi divulgado pelo director de comunicação do FC Porto?

Sim.

Se mandasse no futebol português, o que mudava?

Tem de haver sanções mais pesadas para todos, inclusivamente com penas de prisão. No ano passado foram agredidos 56 árbitros. Alguém sabe o que aconteceu? Essas penas têm de ser públicas. Relativamente aos agressores, tinha de acontecer como em Inglaterra. Lá, só no ano passado, houve 2.800 pessoas impedidas de assistirem a jogos. Em Portugal temos 26…

E será controlado?

Essa é outra questão. Na Taça das Confederações – e no Mundial vai acontecer o mesmo – o bilhete é uma espécie de credencial com a fotografia da pessoa. Em Inglaterra já é assim e Portugal vai ter de seguir o mesmo caminho. Não sei se se lembra do Diabo, um adepto do Benfica que apertou o pescoço a um auxiliar e foi castigado e impedido de entrar no Estádio da Luz durante não sei quanto tempo. O que é que ele fez? Passado 15 dias da sanção fez questão de tirar uma fotografia no Estádio da Luz, só para dizer que estava lá.

Que balanço faz deste ano e meio à frente da APAF?

O meu projecto assentava em quatro pilares. Pensei que com os meus lindos olhos seria fácil credibilizar a arbitragem, mas é o meu maior flop. Conseguimos a nova sede, estabilidade financeira, acredito que a questão da fiscalidade ficará resolvida até ao fim do mandato, mas o estatuto do árbitro e a credibilidade são assuntos por acabar. Ser jogador, ser treinador e ser dirigente já é profissão, mas ser árbitro não. Tem de ser criado esse estatuto para podermos dizer aos jovens que têm ali saída profissional que pode dar tanto ou mais do que aquilo para que estão a estudar. E depois, claro, importante era ter mais árbitros.

Que opinião tem do programa Saber Estar no Futebol, lançado pela Associação de Futebol, que visa livrar o futebol jovem de comportamentos inadmissíveis?

No futebol de formação existe bullying por parte dos pais, que pressionam tanto os miúdos para serem como Ronaldo e Messi que eles não aguentam. Este é um projecto fantástico, liderado pelo Carlos Martins, que pode dar muito ao nosso futebol. Faz falta e se for bem implementado será replicado em outros distritos.

Etiquetas: APAFárbitroslucianogoncalves
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