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Luís Castro Mendes: “A Rede Cultura pode continuar a ser uma realidade muito inovadora no panorama cultural”

Cláudio Garcia por Cláudio Garcia
Abril 18, 2022
em Entrevista
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Luís Castro Mendes: “A Rede Cultura pode continuar a ser uma realidade muito inovadora no panorama cultural”
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Está a exercer funções de curadoria e coordenação no festival Ronda, em Leiria, onde vai moderar uma conversa sobre o direito à poesia. Em que circunstâncias a poesia é um direito?
Nós partimos da ideia poesia é liberdade, depois pensámos no tema das novas liberdades. Não pretendemos uma poesia programática nem uma poesia de caderno de encargos. Pretendemos ver como a palavra da poesia, sendo uma palavra de liberdade, tem que ver com novas liberdades, com novas lutas: direitos da mulher, direitos das novas orientações sexuais, das minorias, inclusão. O direito à poesia é uma outra luta, é a luta para que a poesia chegue às pessoas, para que a poesia atinja públicos cada vez maiores. E isso parece-me que, além de ser um grande objectivo desta Ronda, na medida em que há toda esta dimensão comunitária e toda esta dimensão de a poesia estar na rua e se aliar a outras formas artísticas e espaços não habituais, é, de facto, um grande trabalho. O direito à poesia vai ser uma mesa redonda justamente sobre a necessidade de levar a poesia aos públicos, ao público jovem, às escolas, ao público em geral, e portanto, falar um pouco sobre o que está a obstaculizar o encontro das pessoas com a poesia.

O que é que os poetas têm para dizer à geração do Tik Tok e do Instagram?
As formas da poesia, que permitem uma grande síntese, e até formas extremamente breves, podem transmitir muito sinteticamente muita coisa, muitas ideias, muitos pensamentos, muitas emoções e muita ambiguidade, porque a poesia sobretudo levanta ambiguidades, põe em questão a linguagem, põe em questão as nossas certezas. A poesia, como forma sintética de linguagem, pode ter também uma transmissão através desses meios de comunicação, embora nada substitua uma coisa muito importante, que é a leitura. Primeiro, a leitura em voz alta. Ouvir os poemas, ouvir os poemas ditos, ouvir a música da poesia. Essa dimensão oral, essa dimensão dita, declamada, da poesia, é muito importante.

É o melhor meio para conquistar novos públicos e, nomeadamente, os jovens?
Os jovens, a infância, que é mais sensível a esta dimensão musical da poesia do que se lhe apresentarmos a poesia maçudamente e de uma forma menos comunicativa.

Há algo a descobrir na poesia que não se revela em vídeos de 15 segundos nas redes sociais?
Há uma necessidade de ir mais longe, de ir à leitura. O contacto online é muito importante, trouxe-nos muita coisa, mas tem o risco de reduzir a atenção. E a atenção é fundamental para a compreensão de um texto, para lermos um texto e abarcarmos todos os seus sentidos e tudo aquilo que nele está expresso e tudo aquilo que nele está oculto. A leitura requer um certo apaziguar e a suspensão de muitos estímulos para nos podermos concentrar naquilo que as palavras nos trazem, naquilo que as palavras nos dizem. Mas essa dimensão online pode ser útil para estimular o desejo de poesia.

Na poesia que vem publicando desde a adolescência, o impulso que o leva a escrever ainda tem a mesma causa principal, a mesma motivação?
O impulso que leva uma pessoa a escrever poesia é o impulso de pôr em palavras qualquer coisa que não entende bem e que se calhar no fim do poema também não chega a entender. Mesmo quando se escreve um poema com um programa, com uma ideia, esse poema só funciona se houver um certo mistério, uma certa opacidade. A poesia é feita não tanto para transmitir ideias, mas sobretudo, para questionar ideias, para pôr ideias em confronto com elas próprias e connosco. Quando é uma poesia de qualidade, põe em questão a linguagem, põe em questão a possibilidade de transmitir e de comunicar. A grande luta da poesia é para se conseguir com palavras levar o leitor a sentir, a elaborar, e a partir do poema comover-se no sentido de mover-se, isto é, o seu pensamento é estimulado e abre-se a outras realidades. Essa é a riqueza maior que a poesia pode ter.

Leiria está fora da corrida a Capital Europeia da Cultura. E agora?
Acho que vai continuar o projecto que se desenhou, o projecto da Rede Cultura. Todo esse projecto de interacção entre várias municipalidades, entre várias comunidades, e todas as acções que foram desencadeadas, bom seria que se mantivessem, porque a ideia original era essa. Manter esta dinâmica, manter esta rede de associações, e aprofundar esta dimensão, que era muito importante na candidatura de Leiria, que era a dimensão da pertença, pelas próprias comunidades locais da criação cultural.

Terá havido falhas ou fraquezas que impediram o apuramento para lista de finalistas?
Não sei. É muito difícil dizer. Há candidaturas muito diferentes, com dimensões e com ambições e com propósitos muito diferentes que não foram também contempladas. Penso que a grande força da candidatura de Leiria era a sua ligação à produção local, ao pensamento local. O que levou o júri a privilegiar as outras, não sei, mas quando se entra num concurso a possibilidade de não ser incluído faz parte do jogo. O que posso dizer é que o projecto das pessoas que lançaram esta candidatura era que se criasse um movimento cultural, uma rede entre cidades e uma rede entre iniciativas culturais, que se mantivesse e que crescesse por si.

Começou, precisamente, por colaborar em iniciativas que tinham a ver com o desenvolvimento da candidatura, nessa Rede que envolve 26 municípios, com Leiria. Parece-lhe que há condições para impedir que a Rede entre em fade out, no fundo, que desapareça mais tarde ou mais cedo?
Depende dos diferentes participantes dessa Rede. Mas veja, esta Ronda poética de Leiria é uma iniciativa extremamente interessante, importante, que vai no mesmo sentido de apropriação pelas comunidades, de apropriação local. Tudo isto mostra um espírito que se mantém.

Estas práticas culturais são suficientes para aproximar as vivências num território que vai desde as portas de Lisboa até ao norte do distrito de Leiria?
O grande interesse e também a grande originalidade deste projecto de Leiria foi, não associar cidades, porque outras candidaturas também associam várias cidades numa candidatura, mas estabelecer em pé de igualdade os 26 municípios participantes e tocar várias regiões – Lisboa, o Vale do Tejo, o Centro – e integrá-las no mesmo projecto. Uma coisa centrípeta, digamos, que atrai a um centro que não se quer ser dominante, na medida em que estimula a iniciativa de todos os outros. E, portanto, espero que continue. Esta manifestação em Leiria [a Ronda] dá-me esperança que, mantendo-se este espírito e mantendo-se esta vontade de continuar a fazer coisas, o mesmo aconteça com os outros parceiros, com os outros participantes. E se acontecer e as pessoas continuarem disponíveis, a Rede pode continuar a ser uma realidade e uma realidade muito interessante e muito inovadora no panorama cultural.

E a cultura é decisiva para melhorar a qualidade de vida em cidades com a dimensão que Leiria tem?
Absolutamente. A vida cultural é uma maneira de fixar as pessoas. A tendência vai ser cada vez mais para estes espaços urbanos médios ganharem mais protagonismo porque as cidades acumulam-se, estão já congestionadas e portanto haverá a tendência para as pessoas virem viver nestas cidades médias. E Leiria, estando no centro, entre Coimbra e Lisboa, numa situação geográfica muito interessante, está em condições de atrair população e é evidente que a oferta cultural é muito importante para a fixação de pessoas.

Representou Portugal na carreira diplomática em Luanda, Madrid, Paris, Rio de Janeiro, Budapeste, Nova Deli e Estrasburgo. Que momento escolheria para abrir um livro de memórias?
Podia seguir uma ideia cronológica e escolher o momento em que parti para Luanda num avião e cheguei àquela terra vermelha e àquela situação terrível que se atravessava em 1977. Ou talvez começasse antes com o tempo em que eu criança percorria com os dedos os atlas, lia avidamente os nomes daquelas cidades e sonhava conhecer essas cidades, viajar por essas cidades. O que me levou à carreira diplomática foi sobretudo este desejo de conhecer outras realidades, de conhecer outros mundos. Permitiu- me conhecer muitas civilizações, muitos países, muitas culturas, muitas maneiras de estar no mundo e na vida e isso ajuda-nos muito a descentrarmo-nos, a percebermos que os outros são diferentes de nós mas há uma humanidade comum que é fundamental e que a gente encontra sempre. Ajuda-nos a perceber que a nossa visão do mundo não é forçosamente única e temos de nos abrir a outras realidades. E que sem abdicar dos nossos princípios, temos de perceber a maneira diferente como os outros se inserem no mundo e encaram as mesmas realidades. É um trabalho que nos enriquece muito pessoalmente. O que sentimos também, neste trabalho, é que somos cada vez mais europeus, estamos cada vez mais em casa na Europa, tornou-se natural para nós circular pela Europa. A Europa de Leste, onde eu vivi, na Hungria, é diferente, de facto. É um mundo europeu, basicamente cristão, de influência europeia, mas a Europa oriental, realmente, separou-se.

Baseado na sua experiência, parece-lhe que a guerra na Ucrânia resulta de um choque entre culturas, entre o leste e o ocidente?
Penso que não, penso que é um choque entre poderes. A oposição neste momento é entre a NATO, o chamado ocidente, a Europa, os Estados Unidos, por um lado, e a Rússia, por outro. E há um conjunto de parceiros importantes, a Índia, a China, a África, muitos países da América latina, que estão um pouco observando. Podem ter uma posição de maior adesão à Ucrânia, até porque, obviamente, a atitude da Rússia não é legítima. Portanto, temos um mundo que é multipolar, não podemos pensar que vivemos num mundo dividido entre bons e maus. Há bons e maus em todo o lado. O mundo não está dividido em democracias e autocracias, o mundo está dividido em blocos de poder e o que eu gostaria era que o bloco de poder Europa se afirmasse mais autonomamente, que superássemos as tendências autoritárias que se vêem na Polónia ou na Hungria e que nos próprios Estados Unidos as recentes sondagens que dão o Trump a crescer assustam muito. Nunca podemos ter garantida a liberdade, é qualquer coisa que está sempre em causa. Temos de defender as democracias, mas não podemos ter a ilusão de que vamos conquistar todo o mundo para a democracia.

Há muitas citações famosas sobre a diplomacia, tem alguma favorita?
A diplomacia fundamentalmente é a arte de substituir ao conflito a negociação. Neste momento, a partir, por exemplo, da iniciativa do Putin, não há dúvida que se entrou num mundo em que parece que, como o Clausewitz dizia, a guerra é a continuação da política por outros meios. Foi sempre. Temos é de lutar para que a paz prevaleça. A diplomacia é justamente a arte da negociação e a arte da ponderação.

De todos os encontros que a carreira diplomática lhe proporcionou, que pessoa mais agradece ter conhecido?
O Ernesto Melo Antunes, com quem trabalhei, o embaixador João de Sá Coutinho, não é uma figura conhecida, mas foi um homem muito importante na minha formação de jovem diplomata, e depois, enfim, todas as grandes figuras que encontrei e que conheci.

Poeta, diplomata e quase leiriense
 
O pai foi juiz em Leiria e Luís Filipe Castro Mendes viveu um ano na cidade, aonde chegou em 1967, para o antigo sétimo ano de escolaridade. “São lugares que ficam na nossa memória. Era uma cidade muito diferente do que é hoje, claro, mas fiquei com um relação afectiva”, conta ao JORNAL DE LEIRIA. “Ainda venho às reuniões dos antigos alunos do liceu de Leiria e fiquei com uma relação pessoal com a cidade”.
 
Colaborou com a candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura e é o curador da próxima edição do festival de poesia Ronda.
 
Natural de Idanha-a-Nova, Luís Filipe Castro Mendes nasceu em 1950 e é licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa. Tem o nome ligado às lutas académicas (chegou a ser expulso da universidade) e uma carreira diplomática iniciada em 1975, com colocação, logo em 1977, em Luanda.
 
Foi ministro da Cultura e é autor de uma importante obra poética e literária.
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