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Home Entrevista

Luís Lopes: “Quem faz isto não quer prejudicar as pessoas, mas quer provocar danos na floresta”

Elisabete Cruz por Elisabete Cruz
Agosto 31, 2023
em Entrevista
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Luís Lopes: “Quem faz isto não quer prejudicar as pessoas, mas quer provocar danos na floresta”
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Disse que os incêndios poderão vir a ser em menor número, mas com uma maior severidade. Porquê?
Temos uma floresta cada vez mais heterogénea, cada vez menos cuidada e com maior disponibilidade de combustível. As alterações climáticas têm influência na meteorologia, principalmente naquilo que está a originar a falta de água e a respectiva seca. Temos de estar perfeitamente conscientes que estes episódios de incêndios, inundações, cheias, ondas de calor ou vagas de frio vão agravar-se e vai ser cada vez mais difícil gerir o seu impacto.

Qual o papel das unidades locais de protecção civil?
Têm ajudado imenso na educação, porque são as pessoas da comunidade, devidamente organizadas e capacitadas, que são os mensageiros de todas as acções que pretendemos ver aplicadas no território e com resultados muito positivos. Isto leva-nos a apostar ainda mais neste projecto. Por outro lado, temos de aumentar a capacidade de fiscalização e não na lógica repressora. Vamos ter menos [incêndios] em termos de frequência, mas a gravidade vai ser cada vez maior e com impacto nas pessoas, que estão muito vulneráveis. Aquelas que apostam a sua vida no meio rural, acabam por estar muito condicionadas, porque o retorno é muito pequeno, o que significa que quando temos estas abordagens de prevenção, também tenhamos de acautelar a componente social. Quando temos um episódio que lhes leva a colheita, que lhes danifica o armazém onde tinham a palha para os animais, temos de responder rapidamente. Podem não precisar de nada, mas ter a acção social de imediato no terreno faz toda a diferença e acaba por passar a mensagem: eles não vêm cá só para me fiscalizar e passar multas.

Como tem evoluído a floresta no concelho?
Temos tido menos pedidos de arborização e rearborização. Pode explicar-se pela questão burocrática. Mas não só. Todas estas condicionantes: tenho uma área florestal, qual é a espécie que permite ter retorno mais rápido? O eucalipto. Mas ouvi que já não posso pôr eucalipto, se calhar vou pôr na mesma e pode ser que ninguém dê conta. Isto é estranho, mas acontece muito. Voltamos à questão da fiscalização. Se conseguirmos apoiar este proprietário para que ele entenda que pode optar por outra espécie, não tem um rendimento tão rápido, mas quando tiver, terá um rendimento superior àquilo que o eucalipto lhe dá. Isto requer apoio e a presença constante junto destes proprietários. Temos o Reflorestar Leiria, ou seja, estamos a procurar soluções de domínio público, aquele que é o investimento feito pelo Governo e pelos municípios nestas acções. Sabendo que a área florestal que o município tem é zero hectares, mas ainda assim sabemos que existe um território vastíssimo dentro do concelho que é floresta. Interessa-nos mobilizar capital privado para este território, para que qualquer proprietário possa ter rendimento através do sequestro de carbono. Há empresas que já estão a trabalhar nisto, que são poluidoras e podem investir quer na reflorestação quer na gestão florestal. A barreira é a desconfiança. Todas as dúvidas têm de ser esclarecidas. Perceber quem são as empresas e temos algumas aqui da região que já estão a trabalhar nesta lógica do sequestro de carbono. Contamos, no final de Setembro, promover uma primeira sessão pública de apresentação destas soluções aos proprietários. Outro desafio é conhecer os proprietários. A nossa floresta é cada vez mais heterogénea e isso obriga- nos a ter uma lógica de gestão: olhar para a floresta toda e não só para a árvore. E se alguns proprietários não plantarem nada, porque essa faixa tem de ser criada para proteger o que está a ser feito, eles vão receber na mesma por isso.

O apoio contempla áreas ardidas superiores a 500 hectares. Beneficia-se o infractor?
Se for através do Fundo Ambiental tem de ter uma área mínima de 500 hectares para receber apoio. Entramos nesta perversidade: se arder mais, há mais apoios, o que é completamente errado e temos de contrariar. Isto acaba por ser perverso, porque os municípios ou os proprietários que investiram para que a floresta não ardesse, acabam por nunca ser compensados. E quem, às vezes, não investe nada e aquilo arde tudo acaba por ser apoiado e muitas vezes a fundo perdido. É esta tal perversidade: não valoriza quem tem uma acção preventiva e quem gere a floresta de forma conveniente. Devíamos começar a colocar os incentivos pela lógica positiva. No caso de Leiria, felizmente, estamos a ter mais casas, mais indústria, mais rede viária, estamos a aumentar infraestruturas, o que significa que as distâncias de segurança vão ter de ser maiores.

O modus operandi está mais do que determinado. Não é uma pessoa de certeza absoluta com um QI baixo. Tem conhecimento

A zona da Caranguejeira tem sido muito fustigada pelos incêndios. Quer o vereador quer o presidente têm admitido fogo posto.
Na análise feita, temos sítios com três ou quatro ignições, com causas acidentais ou negligentes. Depois, especificamente nesta parte mais a sul, que confina com Ourém e com Pombal, temos, ao longo dos anos, um número elevadíssimo de incêndios, completamente acima de muitos concelhos do País, que só aparecem quando o risco é mais elevado e tenham progressão. Estão a ser colocados em sítios com disponibilidade de combustível, com alinhamento com o vento e normalmente próximo de uma estrada. Praticamente todos iniciaram junto de estradas asfaltadas e não em caminhos florestais, e têm começado na hora de maior calor. Há aqui um padrão, ano após ano, naquele território, e esta incidência tem-se agravado. A frequência aumentou ao contrário da tendência de redução, que se assiste no País e inclusive no concelho. Temos tido menos incêndios em Leiria, mas nesta zona está a aumentar o número de incêndios e a área ardida. A partir do momento que não é determinada uma causa como acidental, negligente ou natural, porque não há trovoadas secas, se as próprias autoridades determinam que foi causa intencional, não temos outra forma de classificar isto. Temos reforçado as acções de vigilância, mas há mais factores que têm de fazer o seu trabalho – e não estou a dizer que não o fazem -, mas têm de ser muito mais consequentes. Não podemos continuar a ter um problema sazonal. Quem quer que seja, a pessoa ou as pessoas continuam naquele território e daqui a um ano vamos voltar a ter o mesmo comportamento, os mesmos incêndios. Este ano, entre Leiria e Ourém, a área ardida já ultrapassou os 1000 hectares e ainda vamos ter mais dias com risco elevado. Isto começa a gerar uma sensação de insegurança e de descrédito no sistema.

E qual será a motivação?
Estamos a falar de uma área de povoamento mista de eucalipto e pinheiro, que é a regeneração de incêndios anteriores. Nem sequer houve uma acção sobre aquela floresta. O modus operandi está mais do que determinado. Não é uma pessoa de certeza absoluta com um QI baixo. Tem conhecimento. Escolhe os dias e os locais mais apropriados, não só a questão do território. E isto não é o perfil que tínhamos de incendiário há uns anos, que era o iletrado, normalmente com problemas de dependências de substâncias, maltratado.

Como é que os incêndios têm deflagrado?
A percepção que temos é por chama directa. Se for escolhido o modelo de combustível apropriado e se estiver no nível de secura que precisa, não é muito difícil. E depois faz uma arrancada numa linha de água, com declive ascendente, com continuidade, perfeitamente alinhado com o vento. Uma pessoa que sabe isto não é alguém que bebe uns copos, que se chateou com a namorada ou que quer queimar o terreno do vizinho. Tem de haver uma motivação, que não é evidente. É uma área territorial bastante maior e que tem uma lógica de provocar dano. O interesse aqui é queimar floresta. Até porque os pontos de início normalmente nunca são junto a habitações. Quem faz isto não quer prejudicar as pessoas, não quer provocar feridos, mas quer provocar danos na floresta.

O que já foi feito do Plano Municipal de Combate às Alterações Climáticas?
Da última monitorização que fizemos, praticamente 57% das medidas já estão implementadas. Temos mais parques verdes e jardins em áreas urbanas. Temos conseguido criar mais ilhas nas áreas urbanas para fazer descer a temperatura e reduzir as perdas de água. Leiria foi dos primeiros concelhos a ter o seu plano e a implementar as suas medidas. Mas não estamos isolados, o que obriga a que haja uma concertação com o território adjacente e esta concertação tem de ser um compromisso a longo prazo, porque é completamente impossível gerir isto a cada quatro anos de ciclos políticos. Temos evidências que melhorámos nalgumas coisas: a qualidade do ar e a qualidade da água. Não está perfeito, mas não vamos conseguir reduzir de repente. Esta adaptação às alterações climáticas obriga-nos a trabalhar naquilo que é, por exemplo, a eficiência energética dos edifícios e a criar medidas mais dinâmicas em termos de educação e de novas apostas de urbanismo da cidade e do concelho. Tomamos decisões que não foram nada populares, como reduzir nos lugares de estacionamento, mas vão contribuir de certeza absoluta para ajudar a mitigar o efeito das alterações climáticas. O factor educação é um caminho extremamente importante para que esta geração perceba por que é que tem de mudar comportamentos. O plano tem de servir para nos dar uma base estratégica para tomar decisões. Quando se pensa no projecto Aquapolis, por exemplo, não é só uma piscina para dar uns mergulhos. É ter áreas para acomodar e reter água.

As inundações no centro histórico estão resolvidas?
Os caudais de chuva foram relativamente idênticos a episódicos anteriores e os danos provocados foram menores. O problema não está resolvido na íntegra. O sistema de drenagem foi dimensionado para uma quantidade e para um nível de impermeabilização e crescemos. Portanto, vamos ter de aumentar a dimensão de todo o sistema de drenagem para que se consiga dar vazão a toda a água que vai cair. Além disso, temos investido nos principais cursos de água. As intervenções que fizemos na Ribeira dos Milagres, no rio Lis e em parte do Lena também contribuem para reduzir as inundações. Mas é importante que os proprietários percebam que quem está em zonas mais vulneráveis tem de adoptar medidas, como colocar barreiras à entrada das portas para que a água não entre ou ter grupos de bombagem nas zonas mais baixas, como já acontece nalguns edifícios. E isto obriga a uma adaptação constante.

Quando avança a recolha de lixo orgânico nas zonas urbanas?
Continuamos com o porta a porta em Regueira de Pontes e o feedback tem sido bastante positivo. Agora temos de chegar ao doméstico, ao industrial, ao comércio e aos serviços. Relativamente ao Leiria Mais Verde, temos já contentorização e veículos e estamos a finalizar a contratação de recursos humanos. A expectativa é que até final do ano a entrega da contentorização e a sensibilização seja feita. Estamos a falar de mais de 10.000 fogos que vão entrar no projecto. Prevemos que em 2024 o projecto esteja a decorrer em pleno na área urbana, ou seja, Leiria, parte de Marrazes e dos Parceiros. Estamos a trabalhar no regulamento de gestão de resíduos, para ter tarifários diferenciados e incentivo à separação.

Segundo as análises da Oikos, a poluição estará a diminuir na Ribeira dos Milagres, ao contrário do rio Lis.
Em vez de estarmos a especular vamos ter evidências e analisar a água todos os meses em diferentes pontos. Os registos provam que a qualidade tem melhorado. Há sítios em que há poluição difusa e em alguns já conseguimos detectar colectores, que temos fechado. Dentro do concelho, temos centenas de quilómetros de linhas de água, pelo que começámos por aquelas que historicamente são mais problemáticas. Na Ribeira dos Milagres retirámos toneladas de resíduos. Descobrimos ligações ilegais e muitas foram tamponadas. Desde a nascente do Lis até à ETAR das Olhalvas, a qualidade da água não apresenta problemas. Dentro da cidade, principalmente a confluência do Lis e do Lena é o ponto mais crítico. Por outro lado, a estrutura separativa – pluviais e esgotos – dentro da área urbana, é também um problema. Temos vindo a fazer intervenções, mas a área é muito grande e, enquanto não estiver totalmente resolvido, é óbvio que quando temos uma maior quantidade de águas pluviais, vai originar descargas de esgotos para o rio.

 

 

Perfil
Quartel é a segunda casa
Está a cumprir o primeiro mandato na Câmara de Leiria, assumindo uma das pastas que melhor conhecer: a Protecção Civil. Natural de Celorico da Beira, cresceu praticamente dentro de um quartel, pelo que conhece bem as dificuldades dos soldados da paz. Licenciado em Protecção Civil, tem o mestrado em Dinâmicas Sociais, Riscos Naturais e Tecnológicos e é doutorando em Território, Risco e Políticas Públicas. Foi bombeiro durante anos e comandou os Voluntários de Leiria, de onde saiu para ser coordenador regional da região NUT II do Centro da AGIF.
Etiquetas: alterações climáticascâmara de Leiriaentrevistafogo postofogosincendiário LeiriaIncêndiosinundaçõesLuís Lopessociedadevagas de calorvereador da Protecção Civil em Leiria
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