Os pais dos estabelecimentos de ensino com contrato de associação de Pombal estão contra a redução do financiamento das turmas por parte do Ministério da Educação.
Um grupo de alunos e encarregados de educação manifestou-se à porta da Câmara de Pombal e, numa exposição durante a reunião de Assembleia Municipal (AM), na quinta-feira, pediu a intervenção junto da tutela para reverter a situação.
Em Pombal, a maior contestação surgiu do Externato Liceal Albergaria dos Doze. Susana Jesus, mãe de um dos alunos, explica ao JORNAL DE LEIRIA que a escola tinha duas turmas de 7.º ano, mas foram informados que só uma teria financiamento, apesar de existirem alunos suficientes “na área de influência do colégio”, para completar as duas.Dos 54 alunos que transitaram para o 7.º ano, só 28 terão possibilidade de permanecer no colégio.
“Dificilmente uma escola pública terá vagas suficientes para receber este grupo”, lamenta aquela mãe. Na sua intervenção na AM de Pombal, em representação dos pais, Susana Jesus afirmou que o externato “serve a comunidade em que está inserida há 50 anos” e que “surgiu pela falta de resposta da escola pública para as crianças desta área, visto que o estabelecimento mais próximo estava, e continua a estar, a cerca de 17 quilómetros”. “Se não houver oferta educativa em Albergaria dos Doze será que os pais continuarão a residir na mesma localidade?”, questiona.
[LER_MAIS] A rede de transportes “não é adequada”, alerta ainda aquela mãe, frisando também que “a mudança de escola traduz-se na generalidade dos casos no acréscimo substancial de custos financeiros, logísticos e afectivos para os alunos e agregados familiares”.
Os pais entendem que este impacto irá “afectar a união de freguesias e aldeias envolventes, forçando o seu despovoamento”.
“Se tudo continuar assim é possível que o próximo ano lectivo seja o último do Externato, precisamente no ano em que comemora 50 anos de existência”, sublinha António Costa, director pedagógico, ao considerar que o Ministério da Educação tem tido uma atitude “insensível” à realidade da escola.
“Mais de metade dos alunos do 7.º ano são beneficiários da acção social escolar. Não inventamos alunos nem moradas. Os alunos são reais e não foram seleccionados.”
Patrícia Santos, representante dos pais dos alunos que transitaram para o 7.º ano do Instituto D. João V, no Louriçal, afirmou, na mesma AM, que haverá 20 alunos sem vagas e “os que ficarem excederão o valor máximo permitido por turma, o que torna insustentável a aprendizagem”.
Os deputados aprovaram um documento que será enviado à tutela para que seja revista a redução de turmas nestas duas escolas, mas também nos Colégios Cidade Roda e João de Barros.
Pedida revisão de turmas em Fátima
Também em Ourém a redução de turmas dos colégios de Fátima está a motivar contestação. A Assembleia de Freguesia (AF) de Fátima e a Assembleia Municipal de Ourém aprovaram uma moção a pedir a revisão de turmas nos colégios da cidade, alertando que uma centena de alunos pode não ter lugar nas escolas com contrato de associação.
Na semana passada, “estas escolas viram-se confrontadas com mais uma redução de turmas, levando ao facto irracional e grave, quando neste momento crianças de Fátima, com famílias originárias de Fátima, não têm assegurada entrada em turmas nas escolas de Fátima”, adianta a moção da AF.
Esses argumentos são reforçados num documento idêntico aprovado pela AM de Ourém, que alerta ainda para o “despedimento de mais de duas dezenas de docentes e não docentes” e frisa que Fátima não tem oferta educativa da rede pública do 2.º ciclo ao secundário, porque “o Estado se alheou das suas responsabilidades, talvez porque a resposta que era dada” pelos colégios entretanto criados “era a mais eficaz”.
Autarquias preocupadas
Redução no Colégio de Monte Redondo
As Juntas de Freguesia de Monte Redondo e Carreira, Coimbrão e da Bajouca e a Câmara de Leiria estão preocupadas com a redução do número de novas turmas que o Ministério da Educação autorizou no Colégio Dr. Luís Pereira da Costa, no próximo ano lectivo.
A presidente da Junta de Monte Redondo e Carreira, Céline Gaspar, aproveitou a última reunião da Assembleia Municipal (AM), na sexta-feira passada, para alertar para o risco de um eventual encerramento do único estabelecimento escolar, com ensino secundário, no norte do concelho de Leiria.
Segundo o presidente da AM, António Sequeira, também o grupo político do PS da Assembleia de Freguesia da Bajouca endereçou ao órgão por si dirigido uma declaração condenando a redução da autorização de abertura de novas turmas.
A Câmara de Leiria também enviou, no dia 22 de Junho, uma carta à secretária de Estado adjunta da Educação acerca deste assunto.
“Não podemos estar a querer comprar terrenos para fixar indústrias e vir uma decisão destas tirar serviços essenciais à população”, enfatizou o vice-presidente da Câmara, Gonçalo Lopes, afirmando, assim, o apoio da autarquia nesta questão.
JSD