Meia dúzia de jogadoras ‘esfolaram-se’ para manter a equipa, conciliar treinos e lutar jogo a jogo, mesmo perante as adversárias mais fortes. A época difícil acabou por se traduzir numa luta inglória e, a cinco jornadas do fim do campeonato, ditou matematicamente a despromoção da equipa de futsal feminina do Centro Recreativo da Golpilheira.
Uma despedida agridoce da 1.ª divisão nacional, nove anos depois das ‘meninas’ do concelho da Batalha terem sido as primeiras a conquistar o título de campeãs nacionais.
“Foi uma época de muito esforço e superação de todas”, garante Bruna Folgado, de 21 anos, ala da equipa, manifestando “um sentimento agridoce”, com alguma “tristeza”, mas com o conforto de sentir “um balneário muito unido”.
Prova disso foi o convívio que marcou o regresso a casa no último sábado, mesmo depois da vigésima derrota em 22 jogos do campeonato.
“Claro que não gostamos e é muito difícil, mas tivemos sempre esperança e foi sempre lutar até ao fim”, sublinha Ema Toscano, de 31 anos, confidenciando que a despromoção tem o sabor de “uma despedida da primeira divisão, principalmente para a malta mais velha que pode não voltar lá”.[LER_MAIS]
“Mesmo assim continuámos juntas e eu estou muito orgulhosa do que estamos a fazer porque não é uma equipa nacional com sete jogadoras que consegue fazer isto”, acrescenta quem costuma puxar pelos ânimos no balneário.
“As nossas poucas jogadoras foram incansáveis, umas verdadeiras lutadoras”, confirma o treinador sobre o grupo que “levou até ao fim o compromisso, honrando e dignificando as cores da Golpilheira”.
Pela primeira vez à frente da equipa, Filipe Apolinário explica a descida de divisão com “a saída de jogadoras influentes e importantes em épocas transactas, a incapacidade de fortalecer a equipa com reforços de qualidade, a pouca aposta do clube em proporcionar melhores condições na equipa sénior feminina e, em contrapartida, a grande aposta dos clubes adversários nos seus plantéis femininos”.
Numa divisão onde os “clubes adversários têm plantéis muito homogéneos, com muitas atletas disponíveis e todas elas com muita qualidade técnico/táctica” e onde há “muito investimento dos clubes e dos patrocinadores”, o líder da equipa técnica que “estará de saída do projecto” no fim do campeonato acredita que os “objectivos do clube deviam passar por se estruturar correctamente para, num futuro muito próximo, voltar a competir no mais elevado patamar”.
Um investimento necessário para manter o percurso histórico daquela que é a única equipa de futsal feminino da região a disputar as divisões nacionais.