Foi a segunda melhor escola pública do País e a melhor do distrito de Leiria. A Escola Básica e Secundária Henrique Sommer, na Maceira, Leiria, orgulha-se de um honroso 37.º lugar no ranking nacional no ensino secundário, mas a principal preocupação é o sucesso dos alunos enquanto pessoas.
E é precisamente isso que preconiza o projecto educativo do agrupamento Saber ser e saber com saber. “Não nos interessa só alunos academicamente preparados, mas que sejam, sobretudo, boas pessoas e cidadãos activos”, reforça Helena Santos, coordenadora deste projecto e também do Departamento de Línguas.
Jorge Bajouco, director do Agrupamento de Escolas da Maceira, admite que prefere estar no cimo da tabela do ranking, mas garante que tem os pés “bem assentes no chão”, pois “há factores que podem interferir nestes resultados” e mudar a posição de um ano para o outro. “Isto não acontece por acaso no secundário.
Nos últimos cinco anos, no 9.º ano, a Maceira tem ficado nos primeiros lugares do concelho, pelo que há aqui uma consonância de resultados”, acrescenta Ana Cristina Cunha, coordenadora do Secundário. Este ano, no básico, ficaram no quarto lugar a nível distrital entre as escolas públicas e foram a primeira do concelho de Leiria.
Situada na vila da Maceira, dentro das grades do estabelecimento de ensino dos anos 80 todos se conhecem. O facto de serem 520 alunos na escola sede (mil no agrupamento) cria uma proximidade entre todos. “Nascemos como uma escola de ensino básico. O secundário apareceu a pedido do Ministério da Educação, porque Leiria estava sobrelotada. Na altura ficámos com uma turma de Humanidades e outra de Sócio-económicas”, conta Jorge Bajouco.
Agora, há uma turma em cada ano de escolaridade do curso de Ciências e Tecnologias. Manter os alunos na Maceira é uma luta travada ao longo dos anos, pois a concorrência com as “três boas escolas da cidade” e as dos concelhos vizinhos da Marinha Grande e Batalha é feroz.
“Tivemos que capitalizar alguns argumentos para os alunos ficarem connosco. Ficávamos tristes que os melhores saíssem para engrossar os rankings das outras escolas no secundário.” Ter poucos estudantes acaba por ser uma “mais-valia” para todos.
[LER_MAIS] “Apostamos muito nos apoios directos aos alunos, que nos grandes centros se traduz em explicações. Todas as escolas disponibilizam-nos, mas a nossa realidade é diferente”, afirma o director Ana Cristina Cunha explica que na Maceira, os apoios são dados imediatamente a seguir à aula. “Funciona como se fosse uma explicação, mas para todos os alunos e não apenas para quem pode pagar. Por isso, temos taxas de assiduidade de 100%.
A escola da Maceira obteve uma das médias mais altas a Matemática, com 13,64 valores. Ana Paula Graça, coordenadora do departamento desta disciplina, explica que este é um “trabalho que começa logo no 1.º ciclo”.
“Tínhamos um grupo de alunos disposto a sacrificar-se. Quem costuma dar apoio é o próprio professor da disciplina e isso também ajuda muito”, afirma a docente. Identidade e projectos Identidade é algo que o director faz questão de referir várias vezes, pois assume que é a “identidade Maceira” que a escola possui, que transmite uma “energia muito própria” e leva a que todos os alunos “vistam a camisola”.
A própria comunidade tem uma ligação forte à escola. “Todas as acções que se fazem aqui são muito vivenciadas por todos o que nos rodeiam”, acrescenta Helena Santos. Esta escola não tem uma arquitectura de encher o olho nem aspecto de ser nova ou renovada.
A direcção procura suprir esta menos-valia com a aposta no lado humano, mas o director lamenta que parte do investimento tenha de ser canalizado para a infra-estrutura. “Tivemos de adaptar e criar espaços e temos muita dificuldade na manutenção do edifício, que já tem mais de 30 anos”, constata Jorge Bajouco, elogiando a partilha que existe entre as escolas do concelho e o projecto educativo municipal, que “também se tornou muito importante no trabalho desta escola”.
Para se diferenciar de outros, muitos são os projectos em acção. A internacionalização é uma das linhas estratégicas da Maceira, pelo que o agrupamento desenvolve actividades no âmbito do Erasmus para professores e alunos e organiza intercâmbios.
A biblioteca escolar é uma das bandeiras do agrupamento. Neste momento, está a ser desenvolvido o projecto Leitura.Tic.Net com alunos da educação especial. Helena Silva, coordenadora da biblioteca, revela que, com a colaboração da escritora Ana Luz, estão a elaborar um livro ilustrado com recortes e colagens. “Esta é uma biblioteca inclusiva e tem tido um papel muito importante junto destes alunos.
17 anos, 12.º ano

Lucas Pegas,
16 anos, 11.º ano
Estes resultados são um factor de pressão para a turma que vai este ano fazer exames, porque se sente obrigada a repetir o feito. Um dos aspectos positivos desta escola é o comportamento das pessoas, desde o pessoal docente ao não docente. O aspecto físico da escola acaba por ser acessório. Não é essencial para a aprendizagem, até porque temos aqui tudo o que precisamos. Admito que fiquei admirado com estes resultados. Os rankings podem ajudar a diferenciar as escolas, mas por outro lado não revelam uma parte importante do trabalho que é desenvolvido com os alunos com maiores dificuldades.