Para o ano de 2024, o que perspectiva Manuel Freire em termos de novos desafios?
Nada de muito diferente. Vamos ter eleições que não vão alterar muito o panorama que se vive em Portugal. Penso que o Partido Socialista vai voltar a ganhar as eleições, tem um candidato forte e o público não percebeu como é que António Costa saiu. E, portanto, na minha análise, o PS vai voltar a ganhar as eleições, não vamos ter grandes alterações, vamos continuar com as grandes questões da guerra na Ucrânia, em Israel e na faixa de Gaza. Não tenho nenhuma perspectiva sobre como é que isto acabará. Aquilo é tão complicado, tanto de um lado como do outro, não vejo nem as melhoras, nem as pioras, para 2024. Vai manter-se.
Nasceu no dia 25 de Abril de 1942 e, no próximo ano, fará 82 anos, enquanto o 25 de Abril de 1974, chegará ao meio século. Há 50 anos, foi uma bela prenda de anos…
No dia 25 de Abril, tinha reunido uma série de amigos em minha casa, na sala maior. Num quarto estavam uns a ouvir a BBC e outros noutro quarto a ouvir o Rádio Clube Português, que era a emissora mais potente. Depois, íamos reunindo as informações na sala onde estava a maioria. Perto da meia-noite, o telefone, que já tinha tocado muitas vezes, com amigos a tentar confrontar informações, porque o que nos chegava era ténue e eu vivia em Ovar, longe de Lisboa. Havia muito diz que disse e, então, perto da meia-noite tocou mais uma vez o telefone, e foi eu que atendi. Ouvi a voz do meu irmão do outro lado a perguntar: “então pá, gostaste da prenda?” Ele estava envolvido também, por parte da Força Aérea, na conjura.
Passados 50 anos, o que falta fazer das ideias que tinham na altura?
Falta fazer muita coisa, apesar de muita coisa ter sido feita. Quer dizer, não concordo com as pessoas que dizem, que, “antigamente é que era bom”. É uma perspectiva completamente errada. Só quem não viveu aqueles tempos é que pode entender. O país progrediu imenso. Hoje estamos ao nível da Europa. Não estamos nos primeiros lugares, mas também não estamos nos últimos. Temos uma democracia mais ou menos estabilizada, com eleições livres, e houve uma série de avanços na questão do ensino e da saúde, embora sejam dois temas que, que neste momento são muito discutidos e muito falados. Progredimos imenso, desde 1974, embora muito tenha ficado por fazer. Não temos ainda um ensino e uma saúde como gostaríamos de ter, apesar de termos tido grandes melhoramentos, mas as coisas vão-se fazendo a pouco e pouco. A minha esperança, é que, como diz o poema que musiquei, a Pedra Filosofal, a vida é feita de etapas que se vão cumprindo a pouco e pouco, porque o Homem sonha e tem a capacidade de transformar os sonhos em realidade, em coisas concretas. Quase todos sonhamos em ter uma vida melhor, em dar uma vida melhor a quem nos seguirá e, portanto, a pouco e pouco iremos avançando.
Falou numa canção e eu vou-lhe lançar outra. Sérgio Godinho, no tema Liberdade, diz que só haverá liberdade com a paz, o pão, a habitação, a saúde e a educação, que são, neste momento os temas que mais preocupam as pessoas.
São temas que, ao longo da história, sempre nos acompanharam e são as coisas mais importantes, que perturbam e que fazem parte da Humanidade: alimentação, um tecto educação, saúde. Depois, a economia tem uma força enorme um poder enorme, no fim de contas os governos dos países acabam por não ter um poder assim tão grande como a maior parte das pessoas julgam, pois, são dominados pelos grandes impérios pelas empresas petrolíferas pelo dinheiro que não tem a raça nem pátria… É um bicho que anda por aí por todo o lado e que põe e dispõe põe governos e tira governos.
O que falta neste país que está cada vez mais sénior?
Há poucas crianças… Para os seniores o que é que falta? A esperança média de vida tem subido muito, é verdade, mas estamos sempre a encontrar notícias sobre lares encerrados, onde tratam mal os seus utentes. Não se olha para a terceira idade com os olhos que se devia olhar. As pessoas chegam a uma idade onde não as olham como servindo para trabalhar quando, muitas delas, podiam ser úteis no seu trabalho, no seu emprego, em outras coisas… a assistência na saúde também não ajuda muito. Há problemas, como sabemos centenas de pessoas hospitalizadas porque não têm para onde ir e as famílias ou não existem ou não os vão buscar e não querem saber delas. Os hospitais têm de as ter lá porque não as podem pôr à porta. É uma coisa completamente errada, mas é um dos males que enfrentamos e que, para o qual, temos de encontrar uma solução. O problema dos sem-abrigo é outra coisa que, a mim, complica um bocado os nervos. Vejo tanta gente, que não tem trabalho, a dormir na rua, sem um espaço digno onde se possa abrigar, sem um tecto…
Sente que os idosos, quando deixam de trabalhar, passam a ser olhados como se não servissem para mais nada, apesar de, na vida activa, terem sido pessoas muito competentes e interventivas?
É verdade. Se não têm hobbies, se não têm outros interesses, ficam completamente perdidas. Tenho uma pessoa da minha família, que toda a sua vida foi funcionário público. Toda a sua vida profissional de 40 anos entrava num comboio de madrugada, passava o dia todo uma repartição de finanças, e à tarde regressava à casa. Ao sábado e domingo, o Record e a Bola, e, quando se reformou, passado uns meses morreu, porque não sabia fazer mais nada. Faltou-lhe o comboio, faltaram-lhe os amigos à hora do almoço, e ficou apenas com o Record e a Bola, mas não chegava. Morreu por não se adaptar a fazer outra coisa. Se as pessoas não têm a que se agarrar… Eu, felizmente, tenho. Gosto muito de ler.
Ler é a sua receita para manter a mente activa?
A minha receita é… Já tive várias. Já tive uma horta, já me entretive a criar Pimentos de Padrón e outras coisas de que gosto muito. Daqueles que picavam. Tive uma produção bestial. Mandaram-mos de Trancoso, picavam todos e era uma maravilha aquilo. Foi um fenómeno aquilo. Levei o resto da produção para Lisboa, quando ainda estava na Sociedade Portuguesa de Autores. Fui ao restaurante onde costumava ir e disse ao empregado de mesa para perguntar à cozinheira se ela sabia o que fazer com aquilo e para perguntar aos outros clientes se queriam… Foi uma desgraça aquilo! Aqueles pimentos eram todos de rebentar! Houve gente que passou a noite na casa-de-banho. O pai do empregado nunca tinha comido, mas o filho convenceu-o e o gajo passou uma noite desgraçada! Mas, agora, já não tenho horta sequer. Tenho árvores de fruto, que [LER_MAIS]trato. Que não “puberizo” como dizem aqui, na aldeia. Deixo a natureza fazer o seu trabalho. Se dão fruta dão, se não dão fruta não dão, se têm bicho têm bicho e pronto. Tenho cães grandes. Entretenho-me, mas é sobretudo a ler que passo o meu tempo. Tenho alguns amigos com quem me correspondo por e-mail. Ainda passo uma hora ou duas horas, por dia, a mandar e-mails. Escrevo, gosto de escrever postais e cartas, mas, sobretudo, leio bastante.
Que tempo destina à música?
A música quase que não faço. Quando me convidam, vou cantar. Nunca rejeito convites, mas há cada vez menos convites. De qualquer maneira, ainda há pouco, fiz uma coisa em Óbidos com a banda Filarmónica, na comemoração dos 50 anos de uma reunião de 150 militares que se reuniram aqui, em Óbidos, no dia 1 de Dezembro, Nessas comemorações do 50.º aniversário, lá fui cantar com a banda. Tenho um espectáculo programado para Santarém no dia 5 de Abril. Santarém tem sempre comemorações muito fortes do 25 de Abril. Vou a França, onde não vou há uma data de anos, vou lá cantar também para o 25 de Abril, canto no dia 28 de Abril. Há muitas pessoas que pensam até que já nem canto. Mas canto e gosto de cantar ainda.
E à Galiza?
Não sei. Morreu um amigo nosso galego, o Benedito Pilar, que acompanhou o Zeca Afonso, embora ainda haja um núcleo grande e forte, a Associação José Afonso, na Galiza, que faz muitas coisas. Eu vou fazer até umas coisas com o amigo Francisco Fanhais, que também resiste. Temos uma coisa programada para o Coliseu, para festejar os 50 anos do espectáculo da Casa da Imprensa no Coliseu dos Recreios, quando, em 29 de Março de 1974, pela primeira vez, o público cantou a Grândola, em coro. O Zeca Afonso foi e foram os que cá estavam. Não estava o Sérgio Godinho, não estava a Lucília, não estava o Zé Mário, e não estava o Fanhais. Estavam todos em França. Mas quase toda a malta das cantigas foi e foi um espectáculo bestial, com Coliseu à cunha. No fim, houve avisos para não haver manifestações, porque estava a polícia de choque na rua à nossa espera, comandada pelo célebre capitão Maltês. Que não se coibia nada em mandar dar pancada nas pessoas. O público saiu de mansinho, sem grandes coisas e, felizmente não houve problemas, só umas bastonadas no Rossio, mas foi coisa pouca. Queríamos ver se comemorávamos esse espectáculo, com o Sérgio Godinho, o Vitorino, o Fanhais, mas ainda não há certezas.

“Portugal é um país de poetas”
Ainda se lembra da maneira como tropeçou na Pedra Filosofal?
Como encontrei o poema, não tenho ideia alguma. Tinha um amigo, que diz que assistiu a parte da “manufactura”, se se pode dizer assim, da cantiga. Eu que tinha uma cópia do poema, copiado à mão, não havia máquinas fotocópias na época e é por isso é que há um verso – “bichinho alacre e sedento, de focinho pontiagudo, que foça através de tudo num perpétuo movimento” -, esqueci-me do “foça através de tudo”, que não canto, porque me esqueci de o copiar! Fiz a cantiga, depois gravei-a, cantei-a na televisão, no programa ZipZip, em 1969, apresentei-a em público com o autor do poema, o António Gedeão (Rómulo de Carvalho)…. E depois um dia, passado, para aí um mês, um amigo perguntou-me, por que tinha suprimido um verso. E eu fiquei quase zangado. “És parvo ou quê? Ia lá agora suprimir um verso no poema? Estão lá os versos todos”, respondi-lhe. Mas ele assegurava que faltava um. Cheguei a casa desesperado, fui ao livro e… faltava um verso. Fiquei muito envergonhado. Tinha estado com o Gedeão muitas vezes, e ele nunca tinha falado nisto. É de uma lata, um gajo roubar um verso a outro e que não diz nada. Sempre tive uma relação de aluno para professor, porque ele era o autor do Compêndio de Física e Química pelo qual estudei no liceu. Ele, para mim, foi sempre o “senhor doutor”. Era mais alto e não era dado a grandes gestos afectivos, não tocava no interlocutor, não se ria muito, dizia as maiores ironias com cara de pau e nunca se desfazia. De maneira que fiquei um bocado aflito e, da vez seguinte que estive com ele, comecei com rodeios. “Tenho uma coisa para lhe dizer, mas não sei como é que hei-de dizer.” E ele, “ó homem, diga lá.” Esqueci-me de um verso. E ele, “ah, pá! Podia-se ter esquecido de quatro ou cinco, que não fazia diferença alguma.” Estava a gozar. Pelo menos, não me chateou por me ter esquecido daquele verso. Ele era uma figura fantástica. Costumo dizer que era um extraterrestre. Porque fazer tão bem e tanto como fez… Fez um monte de coisas no ensino, na pedagogia, publicou uma série de livros para ensinar, por exemplo, como funcionam as máquinas fotográficas, os aeróstatos – os mais leves do que o ar -, tem publicações sobre a indústria extractiva do ferro na Rússia, nos séculos XVII ou XVIII. Dedicava-se à investigação e foi um metodólogo fantástico, um professor magnífico, embora tivesse o problema de não ter gestos de afecto para com os alunos. Costumava dizer “ensino o melhor que sei e os alunos aprendem se quiserem”. Escreveu teatro, tem uma peça infantil que é uma maravilha para ensinar aos miúdos como é que se relacionam a Terra, o Sol e a Lua e os astros. Escreveu romances, ficção, poesia… Merece quase o nome de “homem da Renascença” ou pelo menos de extraterrestre.
A poesia também ocupa um grande espaço na sua vida. Escolheu o poema Não há machado que corte a raiz ao pensamento, de Carlos Oliveira, para o seu primeiro disco…
Foi o primeiro disco que fiz. Desde miúdo que gosto de poesia. Os meus pais eram professores primários e não posso dizer que o meu pai lia muito. Não tenho ideia de ele ler muito. Já a minha mãe lia bastante. Havia muitos livros lá em minha casa, de Pearl S. Buck ou Érico Veríssimo. Eu li-os porque faziam parte do que havia em casa. Segundo consta, quando fui para a escola já sabia ler. Não sei por que razão, porque os meus pais nunca forçaram. Pegava nuns jornais e, por curiosidade, aprendi a ler, também comecei a ler poesia, de que gosto muito. Como qualquer português aos 18 anos, tentei ser poeta e também escrevia as minhas tretas. Nunca deram em nada. Também gosto muito de teatro. Tinha um amigo dramaturgo que dizia “és o único gajo que conheço que não está ligado à profissão e que lê teatro”. Construo as peças na minha cabeça. Estou a ler o que o autor lá pôs, faço os cenários e os personagens. Já fiz parte de uns júris poéticos. É uma seca porque temos de cento e tal livros. Dizem-me os mais enfronhados nisto que aquilo tem um truque. Lê-se as primeiras duas páginas e as duas últimas páginas e está feito o juízo. Mas eu não consigo. Tenho de ler, pelo menos, metade do livro para ter uma ideia mais concreta. Portugal é um país de poetas. Continua-se a publicar por aí, mas não há leitores. Normalmente é por edição de autor. As pessoas abrem os cordões à bolsa e ficam todas contentes por terem um livrinho editado. Há muitos que são apoiados pelas câmaras, que apoiam coisas boas e têm prémios bons de literatura. Anteontem, fui apresentar um livro a Lisboa, à Livraria Buchholz, o Dias de Vento Sul, um romance muito giro. O autor é um médico ortopedista reformado, de Coimbra, o Jorge Seabra.
Foi operador informático, numa metalúrgica de Ovar. Quando olha para o mundo actual e para a presença das tecnologias no quotidiano e da IA, o que lhe parece que o futuro nos reserva?
Nunca imaginei isto. Fui completamente ultrapassado. Tive uma carreira informática. Trabalhei 16 ou 17 anos nessa área, dos 20 e tal anos nessa empresa metalúrgica. Estive três ou quatro na área da exportação, onde era responsável. Quando começou a haver dinheiro da Europa, criaram um departamento de formação e eu fui chefiá-lo, até que saí da empresa. Como informático, fui operador e programador e, depois, analista, uma profissão que hoje ainda existe. São aqueles técnicos que pegam nos problemas e os expõem de maneira que um programador, depois possa fazer um programa que o resolva. Fui chefe de centro de informática durante muitos anos. Nunca imaginei que isso chegasse a um ponto como agora. E, a certa altura, desliguei-me mesmo. Hoje, um telemóvel já é um bicho de sete cabeças. É uma coisa complicada para trabalhar. Uso o computador e a minha mulher também trabalha pela net e dá aulas de inglês. A Inteligência Artificial sempre fez parte de uma coisa que era ficção científica. Vi o filme 2001, Odisseia no Espaço, onde o computador acaba por dominar a nave e controla tudo. Mas ainda lia isso no campo da ficção científica, que, para mim, tem um expoente fantástico num autor americano chamado Ray Bradbury, que escreveu o Fahrenheit 451, que consegue misturar a ficção científica com a realidade de uma maneira espantosa. Hoje, qualquer casa já tem um robô aspirador que anda para aí a limpar sozinho e já temos os telefones que nos permitem estar em Lisboa e ligar o aquecimento da casa em Gouveia ou acender as luzes para se pensar que gente em casa. Acho que é um bocado complicado isto, sobretudo, a nível do ensino. Permite muita trafulhice… e como é que se luta contra isso? Não faço ideia. É complicado. Tem de haver maneiras de detectar o que vem da IA e o que vem realmente de seres humanos. Todas as épocas tiveram os seus problemas. Antigamente tinha-se medo de que os mouros viessem aí, depois os espanhóis e a seguir os franceses. Sempre tivemos problemas. Toda a história da Humanidade conviveu com problemas, e sempre os foi resolvendo.
E o distanciamento e o ódio generalizado gerado pelas redes sociais?
Isso é uma coisa que me preocupa muito. Aí, já não é um problema de inteligência artificial, é de estupidez humana. Einstein dizia…. que havia duas coisas no mundo que ele considerava infinitas: o universo e a estupidez humana. E quanto ao universo não estava bem seguro. É impressionante o alheamento… as pessoas vivem fechadas. Vemos um grupo de pessoas todas com o telemóvel, todas virado para o seu mundo, a comunicar com outras, a filmar o que estão a comer, para mandar para um primo. Deixámos de contactar com os outros. É por isso que mantenho esta mania de escrever postais e cartar. Tenho uma grande amiga escritora que toda a gente conhece, a Alice Vieira, que escreve centenas de cartas e postais por ano. Trocamos correspondência. Hoje, escrever é uma coisa rara. Muito rara. Ainda ontem mandei para o correio 32 postais. Só com uma mensagem um bocado surrealista, que é uma mania que tenho. Não dizia Boas Festas nem Feliz Natal. Dizia… “Fobas vestas no lixo fatal”. Trocava as consoantes das duas palavras. Mete-me confusão ver a malta nova mergulhada nos seus telemóveis, no seu mundinho. Se calhar também é uma moda que acaba por passar. Sei lá. Isto também é meio de modas. Não é? As coisas aparecem e as pessoas aderem todas. Por acaso consegui sempre fugir ao predomínio do telemóvel. Para mim é um objecto útil, mas não me escraviza. Sou capaz de o esquecer um dia inteiro dentro de um carro e não me faz falta. Nem me lembro dele.
Cantor e baladeiro de intervenção
Manuel Augusto Coentro de Pinho Freire, ou só Manuel Freire, nasceu em Vagos, a 25 de Abril de 1942.
Frequentou o liceu em Ovar e Aveiro, estudando Engenharia, em Coimbra e no Porto.
Fez o serviço militar em 1964, com recruta em Mafra, passando em seguida pelas bases aéreas da Ota e de Monsanto, obtendo o curso técnico de Armamento e Equipamento de Aviões.
Regressou a Ovar, onde ingressou na empresa F. Ramada e foi um dos fundadores do grupo de carnaval “Os Hippies”, um dos mais antigos grupos do carnaval locais.
Em 1967, fez parte do Teatro Experimental do Porto, onde fez sua primeira actuação “a sério” na canção.
Na mesma altura lançou o EP que continha os temas “Dedicatória”, “Eles”, “Livre” e “Pedro Soldado”, editado em 1968 pela Tecla.
A Censura proibiu-lhe um EP, antes de conseguir o mediatismo com a canção “Pedra Filosofal”, a partir de um poema de António Gedeão, que lhe valeu o Prémio da Imprensa desse ano, em conjunto com Fernando Tordo.
Foi distinguido também com o Prémio Pozal Domingues.
A carreira no mundo musical foi feita de luta contra a ditadura de Salazar e, mais tarde, de Marcello Caetano, mas também de reconhecimento, após o 25 de Abril.
A 9 de Junho de 1995 foi feito Oficial da Ordem da Liberdade.
Em 1996 recebeu a Medalha de Prata do concelho de Ovar.
Em 1999, cantou a poesia de José Saramago, no disco As Canções Possíveis, antes de, em 2003, se tornar presidente da Sociedade Portuguesa de Autores, acumulando com as funções de administrador-delegado até 2007.