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Home Sociedade

Manuel Miguéns: “A educação em Portugal não pode passar ao lado da revolução digital”

Elisabete Cruz por Elisabete Cruz
Setembro 5, 2019
em Sociedade
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Manuel Miguéns: “A educação em Portugal não pode passar ao lado da revolução digital”
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A escola que somos hoje é o tema do Fórum Educação de Leiria, onde irá intervir. E que escola somos hoje? 
Portugal conseguiu, nas últimas décadas, melhorar muito o quadro na educação, com avanços muito significativos. Basta ver a evolução dos desempenhos nos programas internacionais. Quando olhamos para as estatísticas, seja do abandono ou da retenção, onde habitualmente temos níveis elevados, temos melhorado. Costumo dizer que em Portugal há uma situação de 'sim, mas' e traduz-se da seguinte forma: mais cidadãos a concluir o ensino secundário, mais pessoas com o ensino superior, menos pessoas a abandonar e maior inclusão. Mas… quando nos vamos comparar com os países com os quais nos gostamos de comparar surge um mas. Os outros países não estão parados e também evoluíram. Portanto, ainda temos de fazer esforços significativos para ter os jovens mais tempo a estudar, com mais qualificação para a população e melhores desempenhos.

Deve haver ou não retenção?
O CNE tem dado atenção à retenção há muitos anos. A retenção é a solução mais cara e a menos eficaz. Então por que é que ainda a usamos bastante? Isto é polémico porque muitas vezes se fazem interpretações erradas, como dizer que vão passar todos, mesmo sem saberem. O ponto não é esse. É encontrar soluções para que eles possam melhorar e ultrapassar as suas dificuldades para poderem passar. Os famosos chumbos como forma de fazer com que as crianças aprendam, acabam por se acumular no tempo até que o aluno abandona a escola, mas tem havido uma evolução nas escolas no sentido de encontrar formas de ajudar as crianças com maiores dificuldades a aprenderem, como forma de evitar a sua retenção. Quando falamos das dificuldades de aprendizagem era importante que a formação dos professores, quer a inicial quer a contínua, desse uma atenção particular ao trabalho com esses alunos e ao trabalho sobre a avaliação formativa e a capacidade de utilizar a avaliação para ensinar. Não podemos centrar-nos apenas nos miúdos com dificuldades de aprendizagem. Até parece que não queremos saber dos que são muito bons. Acredito que os jovens que são muito bons é que poderão ser líderes e estarão em lugares chave no País. Portanto, não podemos desperdiçar talento. A escola também tem de encontrar formas de ajudar a progredir e a evoluir os que são muito bons e dar-lhes oportunidades de desenvolverem o seu potencial o mais possível.

Que soluções se devem aplicar?
É neste aspecto que melhor se aplica a ideia de que é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança. Esta tentativa de evitar a retenção e de melhorar o desempenho das crianças com dificuldades de aprendizagem exige um trabalho integrado, que envolve várias entidades. Em primeiro lugar surgem os professores que estão na sala de aula, que lidam com o aluno, que orientam e organizam o trabalho, que lhes fazem perguntas, que obtêm e lhes dão feedback. Em segundo lugar, há medidas que são de cariz organizacional. Como é que a escola se organiza? Os professores trabalham mais ou menos em equipa? A escola tem o sistema organizado para atender aos alunos com dificuldades de aprendizagem? Depois é preciso não esquecer que certas dificuldades que algumas crianças têm estão a montante da escola.

E de que forma se deve intervir a montante?
Aí há uma intervenção indispensável do assistente social da escola ou de outros profissionais ou do município, e muitos têm, cada vez mais, uma intervenção social articulada com as escolas junto das famílias. Não é fácil a uma criança que vive num lar totalmente desestruturado, de pernas para o ar, depois ir para uma escola onde tudo é estrutura. Não estou a dizer que as crianças com dificuldades de aprendizagem são apenas as que têm lares desestruturados, algumas delas até são grandes heróis e conseguem fazer percursos fantásticos. É preciso ver até que ponto a escola faz as parcerias certas para ajudar essas crianças a aprender e isto tem de ser feito o mais cedo possível, ainda antes da entrada no 1.º ciclo e com as famílias. É preciso tentar evitar que essa criança inicie cedo de mais um ciclo de insucesso. Depois há uma multiplicidade de caminhos possíveis ao longo da escolaridade, como o ensino profissional. Ou seja, nem toda a gente quer fazer caminhos muito tradicionais no prosseguimento de estudos. Há muitos jovens que preferem estudar numa área mais técnica e mais prática. Hoje, o ensino profissional já tem mais de 40% de jovens no secundário. As pessoas nem se apercebem que quase metade dos jovens do ensino secundário em Portugal estão no ensino profissional.

Mas ainda existe algum estigma em relação aos cursos profissionais.
Isso é um caminho difícil, mas quando se olha para as idades verificamos que já há um conjunto de jovens que vão para o profissional porque querem e não porque têm um percurso de insucesso. Não é algo que se mude por decreto. É a mesma situação dos Politécnicos. Como é que o Politécnico de Leiria – talvez o Politécnico que tem maior afirmação em Portugal – se tem afirmado? Com os patamares  [LER_MAIS] atingidos pelos seus diplomados. Vamos ver o que vai acontecer quando os jovens diplomados dos CTeSP [Cursos Técnicos Superiores Profissionais] começarem a sair dos Politécnicos e perceber o sucesso profissional que vão ter, que suspeito que vá acontecer. Há mais de 20 anos costumava dizer que a Irlanda tinha uma taxa de conclusão do secundário que talvez duplicava a portuguesa, mas na Irlanda havia muitos secundários e em Portugal só existia o secundário para seguir a universidade. E em bom rigor quem não prosseguia estudos não estava preparado para o mercado de trabalho. Hoje já estamos um pouco como os irlandeses e aumentámos brutalmente a taxa de conclusão do secundário, o que nos permite reduzir a taxa de abandono precoce. Claro que ainda temos de melhorar. Quando olhamos para as metas temos aproximações muito interessantes, mas a meta dos 40% da população dos 30 aos 34 anos com o ensino superior tem sido mais difícil de alcançar.

Porquê?
Temos uma grande capacidade instalada no ensino superior. É possível acolher os alunos todos sem problema e muitos estrangeiros e dos PALOP, mas como cerca de 40% dos que estão no secundário estão no ensino profissional e não têm tido acesso directo ao superior, isso reduz o número de candidatos e de ingressos. O CNE emitiu um parecer sobre isso, mas a solução não foi adoptada para este ano lectivo. Por outro lado, quando olhamos para as taxas de retenção no secundário estas ainda são muito elevadas, portanto o secundário não consegue produzir um fluxo suficiente para diplomarmos esses jovens no ensino superior e daí a nossa dificuldade em atingir essa meta.

Muitos jovens também esbarram nos exames e não acedem ao ensino superior.
Num sistema como o nosso é indispensável ao Ministério da Educação ter uma visão sobre o que se passa verdadeiramente através de uma medida de aferição, qualquer que ela seja. A diferença entre a classificação interna e a classificação externa é expectável e natural. Mas essa diferença deve ser conhecida, aferida e verificada. O CNE também tem emitido pareceres onde refere com alguma ênfase a questão dos exames do secundário serem o elemento que influencia a entrada na universidade e de como isso afecta a aprendizagem e o ensino no secundário.

Cada vez mais, os empregadores procuram pessoas com outras qualificações, as chamadas soft skills. A escola está a dar essas ferramentas?
Não é apenas a escola a chave da educação. É toda uma envolvente. Começa por ser a família, que é o ponto focal da educação: a família, a escola, o clube desportivo, os amigos, o município onde vive, a participação em associações e em voluntariado… Em Portugal, só as grandes empresas numa entrevista de emprego é que se preocupam com esse tipo de coisas.

Qual o papel do desenvolvimento da questão relacional?
O fundador da escola da Ponte, José Pacheco, disse recentemente numa entrevista que tinha mudado de opinião sobre a criança estar no centro. Ele põe agora no centro o aspecto comunicacional, mas podemos chamar- lhe relacional, de diálogo, entre a criança e o professor. É a comunicação, é o diálogo, é a capacidade do professor que ajuda a abrir os caminhos para o futuro. Achei esse aspecto muito interessante. Claro que há pessoas que acham que os conhecimentos é que têm de estar no centro, mas estamos numa relação entre pessoas, de seres humanos. Neste âmbito, lembro uma citação que usávamos na formação de professores sobre computadores na educação: “os professores que têm medo de ser substituídos por computadores merecem sê-lo”. Porque isso é não entender que o acto de ensinar é um acto relacional, de diálogo, de discussão, de debate, de partilha, de emoções e de argumentação. A educação será sempre algo de humano. Os computadores vão ajudar, a inteligência artificial também, vai haver mudanças de paradigma, mas o acto de educar é profundamente humano.

Muita da informação está à distância de um clique, o papel da escola não será também orientar os jovens para a pesquisa, confirmar informação e seleccionar fontes?
Isso é um dado adquirido. A educação em Portugal não pode passar ao lado da revolução digital que estamos a viver. Creio que esse é um ponto para o qual temos de olhar nos próximos anos com atenção. Mas é importante que se faça a distinção entre informação e conhecimento. A internet também está full of rubbish [cheia de lixo]. É bom que um mediador possa ajudar o jovem a ser crítico em relação aquilo que vai lá encontrar. Aliás, a actual presidente do CNE tem manifestado uma grande preocupação com a literacia mediática. E isso passa também pela internet. É muito importante que os nossos alunos ganhem capacidade crítica para confirmar, ver qual é a fonte e encontrar as razões daquela resposta. A escola não pode nunca deixar de ter no centro curricular as grandes conquistas científicas da humanidade.

Mas os professores queixam-se da extensão dos currículos.
Admito isso, mas também foram dadas oportunidades de flexibilidade, que permitem às escolas ajustarem-se um pouco melhor. Há um conjunto de material ao nível do conhecimento que é absolutamente marcante na história da humanidade e essas bases têm de se manter. Agora a maneira como trabalhamos a partir daí, o uso que fazemos da tecnologia é algo a que a escola tem de estar atenta. Os professores têm de criar os contextos de aprendizagem, muitas vezes com a imersão prática e tecnológica para que as coisas possam avançar.

As tecnologias invadiram a sociedade e a escola não fica de fora. Como motivar os alunos para a leitura de livros, actividades mais culturais?
A base disso é a família. A questão da aprendizagem também tem a ver com a família. Até que ponto é que a família valoriza a escola. Uma das razões para os nossos alunos estarem melhor é o nosso desempenho ser melhor, ou seja, é ter pais com melhores qualificações. Se os pais forem mais qualificados a tendência é que os filhos sejam mais qualificados. Isto porque o pai mais qualificado percebe o valor da escola e o valor da escola em Portugal é brutal. Quem tem um curso superior tem um retorno de remuneração mais elevado do que os não licenciados e do que os diplomados de outros países. Um licenciado arranja emprego muito mais depressa do que um não licenciado. Há um conjunto de factores que mostra às famílias que a escola se constitui no verdadeiro elevador social. Essas famílias, as mais qualificadas, valorizam a escola todos os dias, perguntando ao filho como correu, o que aprendeu… Isso é muito importante para valorizar. Mas confesso que é difícil a concorrência com os media digitais, por exemplo. Muitas vezes, os nossos filhos, dramaticamente, não lêem, mas vêem uns 500 filmes por dia, que infelizmente não servem para nada. Também não sei como resolver isso. O mostrar que a escola é a grande oportunidade, é o verdadeiro caminho.

Apesar da matemática ser uma das disciplinas a que se dá maior importância, os resultados estão muito longe dos desejáveis. Não será altura de rever as práticas pedagógicas nesta disciplina e os currículos?
Há muitos anos fizemos um seminário no CNE no qual participaram professores de matemática, de educação matemática e matemáticos. No fundo é aqui que estão as divergências entre as pessoas que estudam o ensino da matemática, as pessoas que estudam a matemática e as pessoas que praticam o ensino da matemática. Seria importante que houvesse um consenso, que desse estabilidade aos programas. O segundo painel do seminário foi inteiramente dedicado à formação dos professores de matemática. Este facto mostra quanto este aspecto é considerado crucial para a melhoria do ensino da matemática em Portugal. Também aqui se colocaram aos intervenientes diversas questões relativas à formação inicial, à formação contínua, aos estágios e práticas pedagógicas, aos apoios no início da actividade profissional dos professores, às habilitações para a docência, ao peso relativo das componentes pedagógica, didáctica e da disciplina específica dos currículos de formação de professores.

 

Perfil
Um jornalista na Educação
Manuel Miguéns é secretário-geral do Conselho Nacional de Educação desde 2000. Licenciado em Biologia (ramo educacional) pela Universidade de Lisboa, é mestre em Educação pela Universidade de Bristol e desenvolveu trabalhos de investigação no King’s College, na Universidade de Londres. Professor coordenador na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Portalegre, cidade de onde é natural, foi jornalista, chefe de redacção e cronista em jornais e rádios locais e regionais. É presidente da EUNEC – Rede Europeia de Conselhos de Educação e consultor do Banco Mundial (Análise do Sector de Educação em Timor-Leste, 2017- 2018). É membro da equipa de peritos da Comissão Europeia que procedeu à apreciação de candidaturas aos Programas Socrates e Comenius.
Etiquetas: alunosconselho nacional educaçãoensinoentrevistamanuel miguensregresso aulassociedade
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